Experiências com a educação infantil são apresentadas na Universidade de Stavanger

Professoras da Universidade de Brasília Cristina Coelho e Viviane Pinto, integrantes do Programa Leitura e Escrita na Educação Infantil da Região Centro-Oeste, com coordenação regional da UFMS, realizaram visita técnica ao Instituto de Educação Infantil (IBU) da Universidade de Stavanger, na Noruega. A viagem teve o objetivo de fortalecer o diálogo e promover a troca de experiências sobre a formação de professores da educação infantil. O programa foi criado em julho de 2023 pelo Ministério da Educação como ação do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, que busca garantir o direito à alfabetização das crianças e a formação de equipes educacionais em uma parceria com as universidades federais de cada região do país.

A professora do Câmpus da UFMS de Três Lagoas e coordenadora geral do programa, Regina de Souza, destaca a importância da internacionalização para as discussões sobre os avanços e desafios da educação infantil brasileira. “A educação infantil exige de nós uma constante renovação das práticas. Esse encontro com os colegas da Noruega foi essencial para refletirmos sobre como enriquecer nossa abordagem no Brasil. A troca de experiências foi transformadora e, ao retornar, estou mais comprometida em garantir que as crianças sejam, de fato, o centro da educação”. 

Durante a visita, as professoras apresentaram os resultados do Seminário sobre Educação Infantil no Brasil e discutiram as ações com professores e pesquisadores noruegueses, além de realizaram a apresentação Diversidade e Pertencimento, direcionada aos estudantes de graduação em Educação Infantil da Universidade de Stavanger. “As abordagens pedagógicas na Noruega trazem um olhar sensível e inovador, mas também temos nossas próprias riquezas e desafios no Brasil. A diversidade, por exemplo, é um tema que precisamos aprofundar, especialmente em um contexto de desigualdades sociais e culturais. Esse diálogo internacional nos mostrou a importância de respeitar a pluralidade de nossos contextos”, explica Regina.

“Essa visita nos proporcionou uma visão mais ampla sobre como melhorar a formação de professores, tanto no Brasil quanto em outros países. A educação infantil exige um olhar atento para as especificidades de cada contexto, mas também um compromisso com os direitos das crianças, suas necessidades e realidades”, complementa a professora. “A formação de professores não pode ser pensada de forma engessada. Ela precisa ser dinâmica, conectada com as práticas cotidianas das escolas e com as realidades culturais e sociais das comunidades. Precisamos garantir que a formação de professores da Educação Infantil seja um processo de constante reflexão e construção conjunta”.

As pesquisadoras ainda participaram de um seminário sobre a relevância das atividades ao ar livre para o desenvolvimento infantil e de um debate sobre o papel do brincar na educação infantil, com destaque para o valor do jogo e da interação lúdica no processo de aprendizagem. Durante a viagem, elas também visitaram escolas com práticas pedagógicas inovadoras. 

De acordo com Regina, os seminários abordaram a importância da formação continuada e da valorização dos saberes docentes. “Os professores precisam ser protagonistas da construção de suas próprias trajetórias de formação. Eles não são apenas aplicadores de metodologias, mas pesquisadores de suas práticas. A formação deve ser um espaço de diálogo, questionamento e evolução”, reforça.

Embora o contexto da Educação Infantil no Brasil e na Noruega seja distinto, os seminários evidenciaram desafios e objetivos comuns. Enquanto o Brasil ainda enfrenta dificuldades com o reconhecimento e financiamento da Educação Infantil, a Noruega, com um sistema mais consolidado, também enfrenta desafios na implementação efetiva das políticas pedagógicas. “Independentemente das diferenças, a essência do nosso trabalho é a mesma: garantir que as crianças sejam respeitadas em seus direitos e que a educação seja um espaço de acolhimento e desenvolvimento pleno”, afirma Regina. 

A coordenadora ainda destaca que a experiência vai beneficiar todas as instituições participantes do Programa Leitura e Escrita na Educação Infantil da Região Centro-Oeste. “A UFMS, assim como outras universidades, tem muito a ganhar ao se inspirar nas discussões do seminário. Isso pode fortalecer a formação de nossos professores e ampliar as oportunidades de pesquisa, especialmente nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, criando uma rede de colaboração tanto nacional quanto internacional”, enfatiza. 

“A formação de professores na educação infantil exige tempo, dedicação e um diálogo constante com a realidade de cada escola e comunidade. Saímos dessa visita mais inspirados e com uma visão ainda mais clara sobre como construir práticas pedagógicas que valorizem a infância como um tempo de descobertas e dignidade para todas as crianças. Essa troca de experiências e a construção de parcerias com o IBU foram fundamentais para fortalecer o compromisso com uma educação infantil de qualidade. Embora as diferenças culturais e contextuais sejam evidentes, o objetivo comum entre todos os envolvidos permanece: proporcionar às crianças uma educação que respeite e valorize sua infância”, finaliza.

Texto: Lúcia Santos 

Fotos: Arquivo das pesquisadoras