Elas Programando promove acolhida de 2025 e inspira meninas na área de computação

O cenário da tecnologia tem passado por transformações, com a crescente presença feminina no campo da computação e das tecnologias da informação e comunicação (TICs), mas ainda existem muitos desafios a serem enfrentados. De acordo com o Censo da Educação Superior de 2023, divulgado pelo MEC e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira em 2024, as mulheres representaram apenas 17,5% dos concluintes de cursos de graduação nessa área. Com o objetivo de transformar essa realidade, o projeto de ensino Elas Programando, da Faculdade de Computação (Facom), têm desenvolvido um espaço de acolhimento, aprendizado e troca de experiências para as estudantes dos cursos presenciais e a distância de Ciência da Computação, Engenharia da Computação, Engenharia de Software, Sistemas de Informação, Tecnologia da Informação e Tecnologia de Ciência dos Dados. 

Criado em 2018, o projeto Elas Programando tem se dedicado a aproximar as meninas da computação de maneira acessível, com o objetivo de garantir que as estudantes sintam-se acolhidas desde o início de sua trajetória acadêmica. Neste sábado, 5, a iniciativa realizou a abertura das atividades de 2025, com a participação de 75 calouras da Facom e da Agência de Educação Digital e a Distância.

A professora da Facom e coordenadora do projeto, Luciana Montera, contou que a ideia surgiu a partir de experiências anteriores com os projetos de extensão da unidade. “Como nós realizávamos muitos projetos com as estudantes, percebemos que poderíamos criar algo mais direcionado para as meninas. Queríamos oferecer um ambiente acolhedor e, ao mesmo tempo, inspirador, para que elas encontrassem um espaço para aprender, se desenvolver e construir laços com outras mulheres”, explicou.

Luciana ressalta ainda que o acolhimento e a criação de uma rede de apoio são pilares do projeto, o que reflete nos feedbacks positivos das estudantes ao longo dos anos. “Ficamos muito felizes com os resultados. As estudantes não só aprendem lógica de programação, mas também ganham confiança para seguir em frente em um campo predominantemente masculino, o que faz toda a diferença”, afirmou.

Ao longo do ano, as estudantes aprendem a lógica de programação utilizando uma plataforma on-line de desenvolvimento de aplicativos para celular. “A plataforma é simples de usar, o que permite que as meninas, mesmo sem experiência prévia, se sintam à vontade para aprender e criar. Queremos que elas se sintam empoderadas, não assustadas, quando tiverem que programar”, enfatizou a professora da Facom Graziela de Araújo. Em um segundo momento, elas se organizam em grupos para o desenvolvimento de projetos relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. “Elas se tornam parte de uma comunidade, e isso facilita a adaptação e o desempenho delas nas outras disciplinas do curso”, reforçou Luciana.

Outro benefício do projeto é a interação das participantes com egressas da UFMS, que compartilham suas trajetórias profissionais e têm sido fonte de inspiração para superação dos desafios de uma área majoritariamente masculina. “A troca de experiências é fundamental para motivar as meninas. Elas percebem que não estão sozinhas nessa jornada e que outras mulheres já passaram pelo que elas estão vivenciando”, explicou Graziela.

Após participarem do projeto, as estudantes mais engajadas têm a oportunidade de se tornar monitoras voluntárias, o que promove o desenvolvimento de habilidades como comunicação, liderança e autoconfiança, essenciais para a evolução acadêmica e profissional. “Ao se tornarem monitoras, elas desenvolvem ainda mais essas competências, o que fortalece a confiança delas para seguir na carreira e atuar como líderes”, destacou a professora Graziela.

Experiências

A estudante de Engenharia de Software Giovana Carla relembrou com entusiasmo como sua participação no Elas Programando, ainda no primeiro semestre, foi marcante. “Foi a primeira oportunidade que eu recebi de ter um encontro, de conhecer mais calouras e de interagir com outras meninas da área. Achei isso muito legal, porque a professora logo nos incentivou a nos juntarmos, realizarmos encontros semanais e começarmos a aprender mais sobre a área da computação”, contou.

Já no terceiro semestre do curso, Giovana atua como monitora do projeto, um papel que abraçou com empolgação. “As monitorias foram incríveis com a gente, me senti muito inspirada a também acolher as calouras, dar boas-vindas e tentar deixá-las mais confortáveis para continuar na área”, explicou. Para ela, o Elas Programando vai além da sala de aula e tem um impacto direto em sua jornada profissional. “As professoras sempre nos motivam, compartilham oportunidades e trazem convidados para rodas de conversa. Isso ajuda muito, tanto na minha formação quanto na motivação para seguir na área”, concluiu Giovana.

A estudante de Tecnologia da Informação Isabela Santos foi uma das participantes acolhidas pelo projeto em 2025. “O que me motivou a me inscrever no projeto foi a chance de ampliar meus conhecimentos na área e verificar se realmente é isso que quero seguir. Eu me planejei para fazer o curso de TI, porque acredito que, com o crescimento do setor, ele representa o futuro. Estou certa de que este projeto vai me ajudar muito, tanto no início dessa nova fase quanto no meu desenvolvimento profissional”, afirmou.

Ela ainda destacou a importância da iniciativa para sua formação. “O projeto vai me dar maior segurança na Universidade e no meu curso, além de me preparar melhor para o mercado de trabalho. As professoras nos disseram que essa é uma oportunidade única para entrar no mercado e adquirir novos conhecimentos. Eu realmente acredito que será uma experiência incrível e recomendo que todos aproveitem a chance de participar. É algo muito interessante e enriquecedor”, finalizou.

Texto: Bianka Macário, Lúcia Santos e Thalia Zortéa

Fotos: Bianka Macário