Neste mês, a UFMS recebeu a visita dos pesquisadores da Universidade de Washington Orlando Baiocchi e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Cleonilson Protásio. Eles vieram para Mato Grosso do Sul para discutir projetos de pesquisa relacionados à Internet das Coisas Naturais, com foco na predição de incêndios florestais e no monitoramento ambiental.
Os pesquisadores foram recebidos pela reitora Camila Ítavo, pró-reitores e pelo professor da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (Faeng) Edson Batista. Na ocasião, foram debatidas colaborações entre as três universidades e, também, a renovação do convênio entre a UFMS e a universidade americana. O grupo trabalha em conjunto em um projeto que utiliza sensores inovadores que retiram energia térmica do tronco das árvores, eliminando a necessidade de baterias. A tecnologia envolve inteligência artificial, microeletrônica e monitoramento ambiental, oferecendo aplicações para a predição de incêndios, créditos de carbono e conservação ecológica.
Além da UFMS, os pesquisadores foram até a Assembleia Legislativa para apresentar projeto ao deputado e presidente da Comissão de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul, Renato Câmara. O parlamentar encaminhou o grupo até a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, onde puderam aprofundar a discussão sobre inovação na prevenção de incêndios no Pantanal.
As aplicações da tecnologia para monitoramento das árvores e geração de energia por meio da movimentação geométrica do eucalipto e a demanda do setor florestal foram temas do encontro com o pesquisador florestal da Suzano Eduardo Campinhos e pelo diretor-executivo da Reflore/MS, Dito Mário. O professor da Faculdade de Computação Marcelo Turine também participou da visita e o professor Batista foi convidado a ministrar uma palestra sobre prevenção de incêndios em Três Lagoas.
“Essa tecnologia representa um avanço significativo na prevenção de incêndios florestais, além de tornar possível a geração de energia a partir da própria atividade biológica da árvore, garantindo um monitoramento contínuo e confiável. Agora, buscamos consolidar essa solução para atender às necessidades da nossa região e do setor florestal”, explicou o professor da Faeng.
Para o diretor da Reflore/MS, a reunião foi uma oportunidade de conhecer soluções que podem ser aplicadas na prevenção de incêndios em áreas de eucalipto. O objetivo da entidade é buscar parcerias com empresas do setor florestal, para viabilizar o desenvolvimento e a implementação da tecnologia na região. “Foi uma oportunidade muito importante para conhecermos uma tecnologia inovadora que pode contribuir significativamente para a prevenção de incêndios florestais no Mato Grosso do Sul. A possibilidade de monitoramento contínuo, utilizando sensores que geram energia a partir da própria atividade biológica das árvores, representa um avanço estratégico para a segurança das florestas plantadas”, disse Dito Mário.
“Na Reflore/MS, buscamos constantemente soluções que garantam a sustentabilidade do setor florestal e reforcem a proteção das áreas de eucalipto contra o fogo. O encontro com os pesquisadores nos permitiu entender melhor o funcionamento dessa tecnologia e avaliar seu potencial de aplicação no Estado. Agora, o próximo passo é avançar nas parcerias e nos testes para viabilizar essa solução na nossa realidade”, completou o diretor. “Agradecemos a colaboração dos pesquisadores da UFMS, UFPB e da Universidade de Washington, além dos parceiros do setor, por compartilharem seus avanços e contribuírem para o fortalecimento das estratégias de prevenção de incêndios. Seguimos comprometidos com a inovação e a segurança do setor florestal de Mato Grosso do Sul”.
Sobre o projeto
O projeto propõe uma solução inovadora para a prevenção de incêndios florestais, integrando as expertises da UFMS, UFPB e Universidade de Washington. As tratativas entre as instituições ocorrem há mais de um ano, resultando no uso de sensores autossuficientes em energia, patenteados pela Universidade de Washington e UFPB, que geram eletricidade a partir da diferença de temperatura do tronco das árvores, eliminando a necessidade de baterias. “O projeto agora conta com a parceria da UFMS para adaptação à realidade brasileira e está na fase de testes em campo, modelagem computacional e busca por novas aplicabilidades da tecnologia”, relatou Batista.
A tecnologia em questão utiliza sensores capazes de captar informações ambientais em tempo real, auxiliando na prevenção e no combate a incêndios. O diferencial do sistema está na capacidade de gerar energia para os sensores diretamente a partir da atividade biológica das árvores, eliminando a necessidade de baterias ou painéis solares. Segundo Batista, os sensores formam uma rede de malha entre árvores, compondo o conceito de árvores inteligentes, com transmissão de dados via satélite ou via LoRa. “Os sensores são instalados em diferentes árvores, formando uma rede de comunicação entre elas e transmitindo os dados para um centro de operações. A tecnologia permite identificar variações ambientais, como mudanças de temperatura e direção do vento, possibilitando a detecção precoce de focos de incêndio. Além disso, o sistema também pode auxiliar equipes de bombeiros, fornecendo previsões de mudança climática em campo, o que reduz os riscos de acidentes durante o combate ao fogo”, destacou o docente.
“Também estão sendo desenvolvidos algoritmos de inteligência artificial para alertas em tempo real e predição de incêndios. A proposta amplia o monitoramento ambiental, incluindo nascentes, créditos de carbono e saúde da vegetação. O projeto atende demandas específicas do bioma Cerrado e do setor de papel e celulose, sendo altamente relevante para Mato Grosso do Sul”, completou.
Para o professor da Faeng, a iniciativa fortalece a inovação tecnológica, a produção bibliográfica e, ainda, a internacionalização do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da UFMS, promovendo soluções sustentáveis com base na Internet das Coisas Naturais Tecnológica.
Texto: Vanessa Amin, com colaboração da assessoria de imprensa da Reflore/MS
Fotos: Reflore e acervo dos pesquisadores