Alunos da Educação Básica de Mato Grosso do Sul conquistaram destaque nacional na 23ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizada na Universidade de São Paulo, de 24 a 28 de março. Com o apoio da UFMS, 13 projetos sul-mato-grossenses foram finalistas e garantiram a maior representação da região Centro-Oeste na maior mostra nacional de projetos desenvolvidos por alunos da Educação Básica no Brasil.
A participação foi possibilitada pela Feira de Tecnologias, Engenharias e Ciências de Mato Grosso do Sul (Fetec-MS), coordenada pelo professor do Instituto de Química e responsável pelo Grupo Arandú de Tecnologias e Ensino de Ciências, Ivo Leite Filho. O docente acredita que projetos científicos desenvolvidos por alunos da Educação Básica têm o poder de transformar o ensino de ciências e engenharia no Brasil. “Quando um estudante encara um problema do cotidiano e tenta propor uma solução, ele está, na prática, utilizando o método científico ou de engenharia mesmo sem a pressão acadêmica. É a curiosidade e a motivação que o movem, e isso é o que realmente inspira”, afirma.
Espaços como a Fetec-MS e a Febrace funcionam como vitrines do potencial científico de jovens de todo o país. “A Febrace é quase como uma Copa do Mundo da extensão. Reunimos experiências de todos os estados brasileiros. E o mais bonito é ver alunos que começaram em feiras regionais, como a Fetec, chegarem à etapa nacional já com maturidade científica e disposição para crescer ainda mais”, ressalta.
Para o professor, a UFMS é hoje uma referência nacional em formação científica de base, graças a ações de extensão, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência e o incentivo à iniciação científica júnior. “Já são 15 anos de Fetec. Temos dados que mostram que entre 60% e 70% dos alunos que participam ou são premiados seguem para o ensino superior, muitos deles entrando nos cursos da própria UFMS. A Universidade se torna real para esses jovens quando eles pisam aqui, visitam os laboratórios e veem que é possível sonhar e realizar. Já ouvi alunos de cidades como Iguatemi ou Ponta Porã dizerem, emocionados, que querem estudar aqui e isso é transformador”.
Outro diferencial é a participação ativa de estudantes de graduação na organização da Fetec-MS, o que fortalece o vínculo da UFMS com a comunidade. “Nossos estudantes não apenas ajudam, eles coordenam, estruturam e lideram o evento. Isso gera uma formação completa: quem participa aprende ciência, e quem organiza aprende gestão, comunicação e trabalho em equipe”, complementa o docente.
Para o estudante e integrante do Grupo Arandú Eduardo Silva, o resultado da participação sul-mato-grossense na Febrace é reflexo direto de uma rede que há anos vem sendo construída no Estado. “Esses números mostram que a ciência tem crescido com força em Mato Grosso do Sul, especialmente na Educação Básica. Isso só é possível porque há um compromisso real das instituições públicas com o fomento à pesquisa e à formação científica desde cedo”, pontua. “A UFMS concedeu apoio fundamental para a realização da Fetec-MS ao longo de todos esses anos, permitindo que nossos estudantes sejam anualmente credenciados para a Febrace. Essa parceria é essencial para que Mato Grosso do Sul continue revelando jovens pesquisadores de destaque”, afirma.
Um dos projetos premiados foi desenvolvido no município de Nova Andradina pelas alunas Rebeca Soares Nascimento, Julye Roberta de Abreu Aguiar e Heloisa Satira Rios dos Santos, orientadas pelo professor Rodrigo Silva Duran. O trabalho Testes psicometricamente validados de química utilizando inteligência artificial e learnersourcing conquistou o terceiro lugar na feira nacional.
Outro trabalho reconhecido, intitulado como Damas literárias ciclo 2: pelo resgate da escrita feminina apagada da história, foi desenvolvido pelas alunas Amanda Messias Silva, Camila Rodrigues Cunha e Angelina Quevedo Bakarg, orientadas pela professora Danyelle Almeida Saraiva, do câmpus de Campo Grande do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul. Elas receberam como premiação uma coleção de livros da Fundação Universitária para o Vestibular da USP.
Por trás do desempenho dos finalistas sul-mato-grossense está a ação UhéMS, que se dedica a capacitar, orientar e acompanhar os alunos na feira nacional em todas as etapas. A iniciativa oferece workshops, treinamentos, apoio logístico e acompanhamento emocional para que os participantes estejam confiantes e preparados. “O UhéMS vai além da preparação técnica. Nós cuidamos da formação completa dos estudantes, apoiamos emocionalmente, acompanhamos a estadia, orientamos os professores e informamos os pais. É uma rede de apoio que acredita profundamente nesses jovens”, explica Eduardo. “Ver nossos estudantes no pódio da Febrace é a confirmação de que estamos no caminho certo. Estamos formando jovens brilhantes, comprometidos e capazes de transformar o mundo com conhecimento”, finaliza o estudante.
Texto: Lúcia Santos
Fotos: Febrace