Em alusão ao Dia Mundial da Doença de Chagas, celebrado em 14 de abril, foi realizada a terceira edição do colóquio Café com Chagas, nos dias 10 e 11, na Cidade Universitária. O evento reuniu 140 inscritos, entre estudantes, professores, técnicos-administrativos, representantes do Laboratório Central de Saúde Pública e da Secretaria Estadual de Saúde, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, profissionais da saúde e a comunidade externa.
O evento foi organizado Grupo de Pesquisa em Ensaios Biológicos com Trypanosoma cruzi, vinculado ao Laboratório de Imunologia, Biologia Molecular e Bioensaios do Instituto de Biociências (Inbio) da UFMS. A iniciativa buscou ampliar a conscientização sobre a Doença de Chagas, suas formas de prevenção, diagnóstico e tratamento, além de incentivar o diálogo entre pesquisadores, estudantes e a comunidade.
A professora do Inbio e coordenadora do evento, Alda Ferreira, destacou que o colóquio nasceu com o intuito de evidenciar a importância da ciência e da pesquisa no enfrentamento de doenças negligenciadas em todo o mundo. “Desde que a Organização Mundial da Saúde instituiu o dia 14 de abril como a data para se lembrar da Doença de Chagas, eu e meu grupo de pesquisa ficamos motivados a somar a esse movimento, destacando a UFMS como uma das inúmeras instituições de ensino e pesquisa no Brasil que desenvolvem atividades voltadas a ressaltar a importância sanitária e social dessa enfermidade”, afirmou.
Ao longo dos três anos de relação, o Café com Chagas tem promovido atividades, palestras e debates focadas na geração de visibilidade e consciência coletiva sobre a gravidade da doença e os caminhos possíveis para prevenção, especialmente no contexto do Mato Grosso do Sul. “Temos envolvido estudantes da graduação, pós-graduação, professores, pesquisadores e técnicos da UFMS e de outras instituições do Estado. Este ano, incluímos uma atividade voltada para crianças: a oficina Cafezinho com Chagas, que superou todas as nossas expectativas”, compartilha Alda.
A novidade voltada para crianças entre 6 e 11 anos foi pensada como uma ferramenta de educação em saúde acessível e lúdica. “As crianças assistiram a vídeos educativos, coloriram, criaram personagens com massinha e participaram de rodas de conversa sobre o tema. Todas chegaram curiosas e ansiosas. Ao final, muitas compartilharam com os responsáveis o que haviam aprendido. Isso mostra como elas também podem ser difusoras do conhecimento”, explica a professora.
“A educação é fundamental para qualquer atividade social, ainda mais na prevenção de doenças. Ao informar e orientar, ela pode promover a mudança de hábitos, essenciais para uma vida saudável. Além disso, contribui para o desenvolvimento de políticas e práticas de saúde sustentáveis e equitativas, pois gera o movimento necessário para a mudança”, completa.
Doença de Chagas
Com o tema Prevenir, Controlar, Cuidar: o papel de todos na Doença de Chagas, a campanha de 2025 convida a sociedade a refletir sobre sua responsabilidade na eliminação dessa enfermidade. O objetivo é ampliar a conscientização pública, fortalecer o diagnóstico precoce e garantir suporte contínuo às pessoas acometidas ao longo de toda a vida.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, a doença é endêmica no continente americano, inclusive no Brasil. Segundo boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, publicado em abril de 2022, os estados brasileiros com maior prevalência são Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais. A transmissão pode ocorrer de várias formas: pela picada do barbeiro (forma vetorial), ingestão de alimentos contaminados (oral), transmissão de mãe para filho (congênita), transfusão de sangue e transplante de órgãos.
Com cerca de 7 milhões de pessoas infectadas no mundo e mais de 10 mil mortes por ano, a Doença de Chagas representa uma ameaça à saúde pública global, de acordo com informações do Ministério da Saúde. O diagnóstico é feito por exames laboratoriais e o tratamento é mais eficaz nas fases iniciais, com medicamentos como o benznidazol. Nas fases crônicas, o objetivo é controlar os sintomas e prevenir complicações, principalmente cardíacas e digestivas.
Diante desse cenário, a Organização Pan-Americana da Saúde incluiu a Doença de Chagas em sua iniciativa de eliminação de doenças, que visa erradicar mais de 30 enfermidades transmissíveis até 2030, com foco especial na interrupção da transmissão congênita.
Texto: Lúcia Santos
Fotos: Arquivo da pesquisadora