Técnica da área de criação durante verificação de nascimentos

Biotério Central mantém atividades durante isolamento social

Durante o período de substituição das aulas e atividades presenciais pelos estudos dirigidos com uso das Tecnologias de Informação e Comunicação e pelo teletrabalho, algumas unidades da UFMS, devido à natureza das atividades realizadas, mantiveram uma escala de servidores e acadêmicos em regime presencial. Uma delas é o Biotério Central vinculado ao Instituto de Biociências.

Técnica verifica os desmames

Responsável pela produção e fornecimento de modelos experimentais com qualidade genética e sanitária para atender os projetos de ensino, pesquisa e extensão, o Biotério Central atende a 19 programas de pós-graduação (PPG), correspondendo a totalidade da demanda da UFMS. “Apenas no PPG em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste, da Faculdade de Medicina, são atendidas nove das 12 linhas de pesquisa. Também atendemos duas especializações e os institutos Integrado de Saúde, de Biociências, e Química, além das faculdades de Medicina, Medicina Veterinária e Zootecnia, Educação, Ciências Humanas, Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição e de Odontologia. Fornecemos ainda modelos para os câmpus de Paranaíba e, eventualmente, os de Três Lagoas e Corumbá”, explica a coordenadora Telma Bazzano. “Somos o único Biotério da região Centro-Oeste a fazer parte da Rebiotério, uma rede nacional ligada ao CNPq”, destaca.

De acordo com Telma, atualmente, há oito linhagens estabelecidas, sendo uma de rato, quatro de camundongos, hamster gerbil e gambá. “Também estamos estabelecendo as duas principais linhagens de camundongos imunodeficientes – NSG e Balb nude – que estão entre as mais utilizadas em estudos do sistema imune, doenças infecciosas, diabetes, oncologia e células tronco”, fala.

Rotina de alimentação dos modelos

Por ser uma atividade essencial, o Biotério, Central, levando em conta todas as recomendações do Comitê Operativo de Emergências/UFMS e o posicionamento do Conselho Nacional de Controle da Experimentação Animal, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e Comunicações, ratificando o cuidado dos animais de laboratório como atividade essencial e prioritária neste momento de enfrentamento a Covid-19, elaborou um plano de contingência da unidade. “Nosso plano envolve a diminuição do contato entre os responsáveis pelas diferentes rotinas do Biotério para diminuir os riscos de contaminação entre esses. Foram estabelecidas escalas de trabalho presencial, excluindo pesquisadores e técnicos que se enquadravam nos grupos de risco”, ressalta Telma.

“É impossível realizar a distância atividades como alimentação, troca de cama, verificação dos nascimentos, desmames e acasalamentos, higienização de ambientes e materiais, rotina de reprodução assistida, imprescindível neste momento, e rotinas do setor de experimentação e monitoramento sanitário”, diz a coordenadora do Biotério. Segundo Telma, as escalas são revistas e readequadas semanalmente, de acordo com as demandas de produção e manutenção das colônias, dos projetos em vigência e dos resultados da rotina de criopreservação. “Temos áreas distintas para criação, experimentação e reprodução assistida, cada uma delas com um médico veterinário responsável. Desta forma, os profissionais atuam em dias específicos, de acordo com a necessidade de cada área. Por exemplo, na área de criação, concentramos as atividades que eram desenvolvidas ao longo da semana, nos dias de troca de cama dos animais realizadas às segundas e quintas-feiras. Em outros dias, de acordo com a necessidade da colônia, apenas o servidor responsável faz o manejo”, destaca Telma. De acordo com ela, na área de experimentação foram programadas as atividades de supervisão e monitoramento e a responsável acompanha de perto os projetos em execução iniciados antes da pandemia, em comum acordo com os pesquisadores. “Já na área de reprodução assistida, que foi implementada recentemente e que é muito importante neste momento de crise, estamos realizando a criopreservação de embriões de todas as linhagens produzidas no Biotério para assegurar o seu restabelecimento em caso de necessidade de maior redução das colônias geradas por um possível agravamento da pandemia”, pontua Telma. Além de todas as rotinas, há nos espaços dispenser com álcool gel 70% para a higienização frequente das mãos, intensificamos a desinfecção de ambientes comuns, reduzir o número de matrizes e renovação das colônias para os meses de abril e maio. “Todas as atividades administrativas e possíveis de serem realizadas por teletrabalho também foram remanejadas”, explica.

Importante ajuda

Além de toda a rotina de atividades desenvolvidas na unidade, a equipe do Biotério ainda se propôs a ajudar os profissionais do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap)  e outras unidades da UFMS por meio do fornecimento de equipamentos de produção individual (EPI’s) descartáveis. “Já utilizamos esses EPI’s de tecido no passado. Ao longo do tempo fomos substituindo os mesmos por descartáveis. Neste momento, devido à falta de EPIs dessa natureza, optamos em utilizar novamente os feitos em tecido que são confeccionados por uma das nossas servidoras que está em teletrabalho por compor o grupo de risco. Ela já fez cerca de 40 máscaras, propés e gorros, atendendo nossa demanda e propiciando a doação do que ficou excedente ao COE/UFMS”, destaca.

Reforço na higienização dos materiais

“Como o Biotério é classificado como convencional com barreiras sanitárias e possui procedimentos operacionais padrão bem estabelecidos e nível de biossegurança NB-1, a sua equipe de médicos veterinários que atua aqui autorizou a substituição dos EPI’s descartáveis pelos de tecido”, ressalta Telma.

Segundo a coordenadora do Biotério, no plano de contingência da unidade foi feito um redimensionamento do estoque de EPIs descartáveis de um ano para seis meses e isso possibilitou a doação desses materiais para o Humap e outras unidades da Universidade. Para a Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Esporte foram doados 200 pares de luvas e 200 máscaras descartáveis. Já para o Humap foram doados: 1,6 mil máscaras descartáveis, 1,9 mil gorros, 250 máscaras azuis PFF2, 500 pares de propés descartáveis e 1,1 mil pares de luvas de procedimento.

 

Texto: Vanessa Amin / Fotos: Acervo Biotério