Futuro dos museus em comunidades em rápida transformação é o tema da 23ª Semana Nacional dos Museus. Realizado anualmente pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), o evento convida à reflexão sobre três subáreas temáticas: patrimônio imaterial, juventude e novas tecnologias. Com início das atividades na próxima segunda-feira, 12, a edição deste ano conta com a participação de museus, instituições de memória, espaços e centros culturais de todo o Brasil, inclusive da UFMS, em alusão ao Dia Internacional dos Museus. Até o dia 18, a Universidade realiza diversas ações em Campo Grande, Corumbá, Coxim e Nova Andradina.
Em Campo Grande, o Museu de Arqueologia (Muarq) da UFMS organizou uma exposição temporária intitulada Fragmentos que falam: barro, memória e arte indígena em novos tempos. A abertura será realizada no dia 13 de maio, às 10h, na sede do Muarq, localizada na Avenida Fernando Correa da Costa, 559, no 1º andar. A exposição pode ser visitada até dia 30 de maio, das 8h às 11h e das 14h às 16h, e integrará as ações do Museu Escola, com agendamento de visitas mediadas, voltadas para escolas e grupos.
Também no Muarq, no dia 13, às 10h30, será realizada a oficina interativa Territórios que falam: juventude indígena entre palavras e pigmentos da terra. Jovens indígenas da comunidade Aldeinha de Anastácio vão ensinar o preparo de tintas a partir de pigmentos naturais, explicar aos visitantes como os materiais foram coletados e seu valor simbólico e cultural e convidar o público para criar uma obra autoral, unindo aldravia (forma poética breve e contemporânea) com pintura feita com os pigmentos.
A responsável técnica pelo Museu, Laura Pael, acredita que o evento fortalece ainda mais os vínculos com a comunidade, envolvendo a Educação Básica e reafirmando o papel do Muarq como agente ativo de transformação cultural e social. “A participação do Muarq é uma oportunidade valiosa para reforçar o papel dos museus como espaços de diálogo, memória, transformação e escuta na construção coletiva de conhecimento. Este ano, pensamos em como as ações refletem nosso compromisso com a valorização do patrimônio material e imaterial e com o protagonismo dos povos indígenas, especialmente da juventude. A exposição Fragmentos que falam e a oficina Territórios que falam dizem mais do que preservar objetos. Nosso objetivo é dar visibilidade à história, memória e às expressões culturais que formam a identidade do nosso estado e do nosso país. Por isso, o Muarq sempre busca construir um museu que seja vivo, acessível e conectado com as transformações da sociedade”, pontua.
O Espaço Interdisciplinar de Estudos da Antiguidade (Atrivm), ligado à Faculdade de Ciências Humanas (Fach), promove o 3º Encontro Internacional e 5º Encontro Nacional do Atrivm UFMS. O tema é Diálogos ibero-americanos sobre patrimônio cultural, acervos museológicos e humanidades digitais. O evento começa em 19 de maio, fruto de parceria entre o curso de História da Universidade e a Licenciatura em História e o Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems). “Vamos trazer palestras, workshops, minicursos e visitas técnicas pela UFMS, Uems e Campo Grande. Teremos pesquisadores da Universidade do Minho de Portugal, Universidade Federal de Alfenas, Universidade de São Paulo e Universidade Estadual de Campinas. Até junho, também teremos o webinário com ações on-line”, explicou o professor da Fach e coordenador do Atrivm, Carlos Campos. Confira mais informações sobre o evento aqui.
Corumbá
Com objetivo de aproximar os alunos do universo da arqueologia, será realizada a ação O Museu vai à Escola, entre 12 e 16 de maio. As escolas estaduais Carlos de Castro Brasil e Nathércia Pompeo dos Santos e a Escola Municipal Angela Maria Perez foram convidadas para participar das atividades no Laboratório de Arqueologia do Pantanal (Lapan), no Câmpus da UFMS do Pantanal. “A proposta busca aproximar os estudantes da realidade arqueológica da região por meio de uma visita mediada à Sala de Exposição do Lapan, onde poderão conhecer objetos arqueológicos e refletir sobre a função social dos museus e os processos de musealização”, explica a professora responsável pelo laboratório, Luana Campos.
“Durante a visita, serão realizadas dinâmicas interativas que estimulam a identificação e interpretação de objetos presentes em acervos arqueológicos. A atividade também serve como introdução ao papel dos museus na preservação da memória e do patrimônio cultural. A ação é promovida pelo Lapan/UFMS, com a participação dos alunos do curso de História e do projeto Laboratório de Informática Aplicada e Desenvolvimento de Software do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, reforçando o caráter interdisciplinar e colaborativo da iniciativa”, acrescenta Luana.
Coxim
No Memorial Henrique de Melo Spengler, do Câmpus da UFMS de Coxim (CPCX), será realizado o sarau Mbayá Kadiwéu-Guaicuru. O evento está programado para 18 de maio, a partir das 19h, e prevê roda de conversa com os amigos do artista e leitura de poesias, poemas e canções.
“O sarau irá contemplar a vida e as obras do artista Henrique de Melo Spengler. A iniciativa tem como objetivo promover o diálogo entre a comunidade universitária e artistas locais. Destaca-se que esses artistas foram amigos pessoais do artista, portanto, poderão trazer elementos ricos do artista ao retratar a cultura regional. Ressalto ainda o papel fundamental da UFMS na preservação da cultura e da memória, especialmente neste caso, tratando-se de um valioso patrimônio sul-mato-grossense. Levar os estudantes para conhecer o acervo e contemplar poesias, canções, obras de arte e a contação de história promove conhecimentos e valorização do nosso patrimônio histórico”, destaca a diretora do CPCX, Silvana Zanchett.
Nova Andradina
Já no Câmpus da UFMS de Nova Andradina, as atividades da semana são fruto de parceria entre o curso de História da UFMS e a Fundação Nova Andradinense de Cultura (Funac), que administra o Museu Histórico e Cultural Antônio Joaquim de Moura Andrade. “A parceria será desenvolvida por meio do projeto de extensão Viva o Museu que coordeno e contempla atividades desenvolvidas entre os dias 19 e 24 de maio”, explica a professora Dulceli Estachesk.
“Teremos a conferência de abertura com o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Mato Grosso do Sul, João Henrique dos Santos; uma mesa-redonda com a pró-reitora de Extensão, Cultura e Esporte da UFMS, Lia Brambilla, e com o professor do curso de História do CPNA Claudinei Araújo dos Santos e outra discussão sobre O impacto na população de rua no fechamento das bibliotecas durante a pandemia, com a doutoranda em Psicologia Mary Celina. Também faremos o Fórum de Patrimônio Cultural de Nova Andradina para refletir sobre a necessidade de reconhecimento e preservação do patrimônio local”, detalha. “Teremos oficinas de educação patrimonial, elaboração de projetos culturais, iniciação musical, desenho grafite, capoeira, patrimônio ambiental, patrimônio alimentar afro, artesanato ofaié, mosaico, linguagem e história nos quadrinhos. Organizamos também a sessão estrela Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa, Café com histórias e a Feira de artesanato indígena, apresentações culturais de canto, dança e música. Ainda, serão desenvolvidas as visitas guiadas ao Museu Histórico e Cultural Antônio Joaquim de Moura Andrade durante o mês”, finaliza.
Texto: Vanessa Amin