Projetos de saúde digital da UFMS são selecionados em programa do Ministério da Saúde

Dois projetos da UFMS foram selecionados para o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) da Secretaria de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde. Mais de 80 iniciativas de instituições de todo o país foram classificadas e as propostas do Câmpus da UFMS de Três Lagoas (CPTL) e da Faculdade de Odontologia (Faodo) alcançaram as melhores colocações da lista entre os quatro projetos aprovados de Mato Grosso do Sul, obtendo o oitavo e 12º lugar. O edital com os resultados está disponível aqui.

O projeto Transformação digital para a equidade em saúde: iniciativas interinstitucionais no Sistema Único de Saúde (SUS) de Três Lagoas, coordenado pelo professor Alisson Oliveira, foi o melhor colocado de Mato Grosso do Sul no edital. “Um grupo de professores e técnicos de diferentes áreas e instituições, interessados e atuantes na área de saúde digital, mas com iniciativas fragmentadas, enxergaram no projeto uma oportunidade de unir forças e integrar as ações nesta área fundamental. Adicionado a isso, as experiências exitosas do CPTL no edital vigente do PET Saúde – PET Saúde Equidade –, cujo projeto tem conseguido promover a integração ensino-serviço-comunidade no município, gerando importantes discussões e transformação na atenção a populações vulnerabilizadas, também contribuiu”, explica o docente do CPTL.

Segundo o professor, o objetivo principal é auxiliar na promoção da transformação digital no SUS de Três Lagoas, alinhando-se com as metas municipais para o Programa SUS Digital e desenvolvendo ações de ensino, pesquisa, extensão e inovação voltadas à população da cidade de forma integrada com os serviços de saúde. “O projeto contará com ações em nove frentes: cultura de saúde digital e educação permanente; proteção de dados e Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, saúde mental e aspectos psicossociais da era digital; telessaúde; atenção às doenças crônicas por plataformas digitais; apoio à decisão clínica e gestão colaborativa; integração de sistemas de informação em saúde; inteligência artificial e análise de dados para a gestão e participação social digital e protagonismo do cidadão”, elenca Oliveira.

“O cronograma previsto no edital é de 24 meses, o público-alvo envolve toda a população de Três Lagoas, desde usuários do SUS, trabalhadores de saúde e comunidade das universidades”, fala. Ele destaca que, além do grupo da UFMS, colaboraram e vão participar da execução: professores e técnicos do Câmpus de Três Lagoas do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, Associação de Ensino e Cultura de Mato Grosso do Sul e Faculdades Integradas de Três Lagoas, além da equipe da Secretaria Municipal de Saúde de Três Lagoas. “O resultado positivo garante um recurso importante de bolsas para tutores, orientadores, preceptores e estudantes que, sendo aprovadas de forma integral, representam um total de 145 bolsas, com um valor final para o projeto de aproximadamente R$ 2,8 milhões”, comenta.

“Para além do valor financeiro, as bolsas são uma oportunidade de inserir uma quantidade maior de estudantes, pesquisadores, trabalhadores e técnicos-administrativos no desenvolvimento de ações de inovação em saúde, tornando o CPTL, o centro de uma estratégia verdadeiramente transformadora dos serviços, do ensino e da própria saúde da população de Três Lagoas, tudo isso permeado pelas tecnologias de informação e comunicação”, completa.

De acordo com Oliveira, para os cursos de saúde, tecnologia e ciências humanas do CPTL e instituições parceiras, espera-se que o projeto colabore com a ampliação do debate sobre a importância da saúde digital e possibilite futuras mudanças curriculares nesse sentido. “Esperamos uma adesão maciça da comunidade acadêmica ao projeto, com participação de pessoas interessadas em trabalhar com a lógica da inovação em saúde em suas várias vertentes e nos diferentes níveis de atenção”, destaca. “A principal meta é perceber a mudança na saúde da população a partir da superação de algumas de suas barreiras, como restrição de acesso aos serviços, cuidado fragmentado, formação insuficiente de recursos humanos, baixo letramento em saúde, proteção inadequada dos dados, entre outras. Nesse sentido, o uso das tecnologias de maneira criteriosa representa uma forma sustentável de vencer essas dificuldades”, reforça.

Faculdade de Odontologia

Do dado ao cuidado: saúde digital como ferramenta de transformação no SUS é o título do projeto aprovado da Cidade Universitária, coordenado pelo professor da Faodo Rafael Aiello. “O que me motivou a participar do edital do Ministério da Saúde para o PET-Saúde Digital foi a oportunidade de contribuir para o fortalecimento da integração entre ensino, serviço e comunidade na área da saúde digital. Essa iniciativa permite articular pesquisa, inovação tecnológica e formação de profissionais, promovendo melhorias concretas na gestão da informação em saúde e no cuidado digitalizado. Além disso, o edital se alinha com minha trajetória acadêmica e profissional voltada para a implementação de tecnologias digitais em saúde pública, sempre com foco em equidade e inovação”, explica.

De acordo com Aiello, o objetivo é desenvolver soluções práticas e contextualizadas para qualificar a atenção e a gestão no SUS, a partir da incorporação crítica e estratégica de tecnologias digitais. “Os objetivos específicos incluem formar profissionais capacitados em saúde digital, promover educação permanente, consolidar uma cultura territorializada de saúde digital, desenvolver novas competências técnicas e éticas, e fortalecer a integração entre ensino, serviço e comunidade, valorizando a inovação e a equidade”, completa.

“O projeto será estruturado na Cidade Universitária por meio de 11 grupos tutoriais interprofissionais e interdisciplinares, organizados por áreas e temáticas prioritárias como telessaúde, vigilância epidemiológica, odontologia, inteligência artificial para predição de riscos, farmacêutica digital, rastreio e monitoramento de condições crônicas, reabilitação remota, promoção da alimentação saudável, atividade física digital, telessaúde médica e análise de indicadores. Cada grupo contará com tutores, preceptores, orientadores de serviço e monitores, que são estudantes de graduação”, detalha.

O professor explica que os grupos terão aproximadamente 11 a 14 participantes cada, incluindo estudantes de graduação e pós-graduação nas áreas da saúde, computação, jornalismo, direito e estatística, professores e profissionais das secretarias de saúde municipal (Sesau) e estadual (SES). “Na UFMS, o projeto integra diversos cursos de graduação e pós-graduação promovendo a formação de competências digitais e o desenvolvimento de soluções inovadoras para o SUS. Ele estabelece parcerias sólidas com as Secretarias de Saúde, criando um ambiente de aprendizagem prática e aplicada, essencial para o fortalecimento da formação acadêmica e o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias voltadas para a saúde digital. Amplia o impacto da pesquisa e da extensão, criando o Núcleo de Pesquisa e Inovação em Saúde Digital, que potencializa a produção científica e tecnológica e a transferência de conhecimento para o sistema de saúde. Enriquece a formação pedagógica e científica dos docentes e discentes, com atividades práticas nos territórios e desenvolvimento de soluções digitais alinhadas à realidade local”, destaca.

Especialmente, para a Faodo, Aiello ressalta a importância por promover a incorporação da saúde digital na Odontologia, com destaque para o desenvolvimento de algoritmos de inteligência artificial para predição de cárie e agravos bucais, observatórios digitais de indicadores e estratégias de telessaúde para qualificação do cuidado odontológico. “O projeto também fortalece a formação interprofissional, aproximando os estudantes e docentes da Odontologia de profissionais da computação, estatística e comunicação, criando um ambiente colaborativo que os prepara para os desafios contemporâneos. Contribui para a consolidação da odontologia digital na Faodo, estimulando inovações em ensino, pesquisa e extensão e aproximando a faculdade das tendências tecnológicas globais”.

Aiello também reforça que a aprovação do projeto fortalece o papel da UFMS como protagonista na transformação digital da saúde e coloca a Instituição como referência no desenvolvimento e na incorporação de tecnologias digitais aplicadas à odontologia e à saúde pública. “Entre os benefícios, destacam-se o fortalecimento da integração ensino-serviço-comunidade, permitindo que estudantes e docentes atuem diretamente em problemas reais do SUS, promovendo uma formação mais crítica e aplicada. Também há apoio financeiro e institucional para a execução de atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e extensão, com bolsas para monitores e docentes, além de recursos para aquisição de materiais e viabilização das ações. A aprovação permite a criação de redes colaborativas entre a UFMS, Sesau e SES, consolidando parcerias estratégicas e facilitando a incorporação de soluções desenvolvidas ao sistema de saúde”, finaliza

Texto: Vanessa Amin