Professora Daniela Kanashiro apresenta a plataforma de estudo

Grupo pesquisa “Formação de Professores e Ensino de Espanhol em Mato Grosso do Sul”

Os mais de 15 mil quilômetros de fronteiras terrestres com países da América do Sul não asseguraram ao Brasil a efetivação da oferta da língua espanhola nas instituições de educação básica. Mesmo em Mato Grosso do Sul, onde 12 municípios estão lado a lado a dois hermanos – Bolívia e Paraguai – ainda é grande a luta dos professores para que o ensino de espanhol se mantenha nas escolas onde já existe a oferta desse idioma e se amplie onde ainda não se faz presente.

Para melhor entender essa situação, o Grupo de Estudos em Formação de Professores na EAD (Geforped), da UFMS, iniciou a pesquisa “Formação de Professores e Ensino de Espanhol em Mato Grosso do Sul”.

Além de consolidar as investigações na área de formação inicial e continuada de professores de espanhol no estado, nas modalidades presencial, a distância e pedagogia da alternância, a proposta do projeto também é acompanhar a oferta desse idioma nas escolas públicas; analisar os materiais didáticos utilizados nos cursos de licenciatura em Língua Espanhola, na modalidade a distância, e seus impactos na formação docente; analisar a organização e a realização dos estágios obrigatórios; avaliar o desenvolvimento do subprojeto do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), entre outras ações.

Esforços em prol da língua espanhola

Recentemente revogada, a Lei 11.161/2005 tornava obrigatória a oferta do espanhol em escolas públicas e privadas. “Um dos motivos para não se garantir a inserção do idioma no currículo escolar foi a afirmação de que não há número suficiente de professores de espanhol, o que contestamos.

No caso de Mato Grosso do Sul, em artigo desenvolvido pelos docentes Ana Karla Pereira de Miranda, Álvaro José Gomes e por mim, constatamos que a UFMS e a UEMS já formaram juntas 1,2 mil professores em cursos presenciais e, aproximadamente, 200 professores em cursos da Educação a Distância (EAD), oferecida pela nossa instituição”, expõe a professora Daniela Sayuri K. Kanashiro, coordenadora da pesquisa.

Conforme os pontos indicados no mapa ao lado sobre a oferta de cursos de licenciatura em Português e Espanhol, pode-se notar o significativo papel da UFMS na formação de professores de espanhol, no estado.

Os resultados da pesquisa serão apresentados no XXV Seminario de Dificultades Específicas de La Enseñanza del Español a Lusohablantes, em São Paulo, em abril deste ano.

Membros do projeto de pesquisa que também fazem parte da Associação de Professores de Espanhol de Mato Grosso do Sul (Apeems), presidida pela professora Damaris Pereira Santana Lima, procuraram as Secretarias Municipal e Estadual de Educação para solicitar o fortalecimento da língua, mesmo que agora não mais obrigatória no currículo escolar.

“A localização do estado favorece o ensino do espanhol e acreditamos que a relação cultural e linguística com os países vizinhos deve ser ponderada, sendo uma das justificativas para a inclusão do espanhol nas escolas. Temos sim um número razoável de professores para que a oferta do idioma seja, de fato, concretizada”, diz.

Os professores, que fazem parte do projeto, Ana Karla Pereira de Miranda, Álvaro José dos Santos Gomes, Daniela Sayuri K. Kanashiro, Patrícia Graciela da Rocha e Thyago José da Cruz acreditam que é importante compartilhar os resultados da pesquisa com o poder público, buscando solidificar e ampliar o ensino do espanhol nas instituições localizadas no Estado.

“Precisamos intensificar esse vínculo com os dirigentes da educação. Por meio da aprendizagem do espanhol, podemos ampliar nossa percepção acerca da diversidade, das diferenças, evitando o enraizamento de ideias preconceituosas e estereotipadas como ‘língua fácil’, ‘língua que todo brasileiro sabe’, por exemplo”,  destaca a coordenadora.

EAD

As professoras Daniela Sayuri Kanashiro e Patrícia Graciela da Rocha publicam, neste semestre, na revista Caracol, da USP, o artigo “Percepções de professores em formação inicial na modalidade a distância sobre alguns materiais didáticos do curso de Letras: leitura no papel e leitura na tela”. O artigo é também um dos resultados do projeto de pesquisa mencionado “Formação de Professores e Ensino de Espanhol em Mato Grosso do Sul”.

A professora Daniela explica que o artigo tem como objetivo relatar e discutir como os alunos do curso de Letras Português e Espanhol, EAD/UFMS, acessam os conteúdos de língua espanhola nos materiais didáticos disponibilizados, tais como livros da disciplina, guias didáticos, videoaulas, entre outros.

“Na EAD temos de desenvolver os materiais específicos para essa modalidade de ensino, por isso precisamos saber como estão sendo formulados, como estão sendo recebidos, quais são os impactos, como utilizam, entre outras questões, para melhor qualificar o processo”, diz a coordenadora.

A investigação apontou que a maior parte dos acadêmicos prefere ler no papel e que raramente acessa os conteúdos pelo celular ou tablet. “O resultado dessa pesquisa é importante porque temos um ideal de aluno na EAD totalmente familiarizado com a tecnologia. Mas cada aluno, cada turma, cada polo de apoio presencial tem suas especificidades que devem ser consideradas no desenvolvimento de uma disciplina. Precisamos nos adaptar entre o ideal da educação a distância e a nossa realidade”, expõe.

Além da questão da flexibilização, o curso nessa modalidade permite aos alunos que estão no interior do Estado, em cidades sem instituições de ensino universitário, a oportunidade de fazer um curso superior gratuito.

“Conseguimos ver como esse processo de interiorização do ensino superior é importante e já temos egressos com mestrado concluído na UFMS, na UEMS, atuando em tutorias presenciais, tutorias a distância, como supervisores do Pibid, aprovados em concursos públicos para efetivação de professores, enfim, muitos estão desenvolvendo significativos trabalhos em escolas públicas no estado. Tudo isso é muito positivo”, completa Daniela.

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