Encontro gratuito sobre gênero realiza nova edição no Câmpus da UFMS de Três Lagoas

De 9 a 12 de setembro, o 2º Encontro Sul-Mato-Grossense sobre Gênero, Geografias e Linguagens: À luta por espaços em um mundo desenhado por homens traz ao Câmpus da UFMS de Três Lagoas (CPTL) uma reflexão sobre as diferenças de gênero que marcam as esferas da vida social da mulher. As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas por meio deste link. Já a submissão de resumos pode ser feita on-line até 31 de julho.

A programação, organizada de forma conjunta pelos cursos de Geografia e Letras do CPTL, contempla palestras, mesas-redondas, apresentação de trabalhos e roda de conversa sobre diferentes temáticas abertas para estudantes de graduação e pós-graduação, servidores, professores da rede pública de ensino da Educação Básica e para a comunidade externa.

A professora do CPTL Patrícia Milani destaca que o intuito do evento é oportunizar a cooperação entre diferentes áreas e promover o diálogo em torno das experiências vividas por mulheres, propiciando a consciência sobre lutas, desafios e o protagonismo no cenário feminino.

“Discutiremos os estigmas e os preconceitos que recaem sobre as identidades de gênero e como a linguagem é um instrumento poderoso na reprodução e no reforço dessas violências simbólicas. A hierarquia de gênero, que historicamente posiciona mulheres em lugares de subalternidade em relação aos homens, também será problematizada, assim como os desafios enfrentados por mulheres no mercado de trabalho, especialmente por aquelas que são mães, acumulando a jornada profissional com o trabalho doméstico e de cuidado, frequentemente invisibilizado, desvalorizado e não remunerado”, esclarece Patrícia, que coordena o encontro ao lado da professora Taísa Peres de Oliveira.

“Há muitos elementos que unem eu e Taísa. Na Geografia, por exemplo, nos perguntamos como mulheres e homens vivenciam a cidade e o espaço urbano de formas distintas. Já no campo das Letras é a linguagem que nos revela os traços cotidianos do machismo. A linguagem não apenas expressa o mundo, mas o constrói. E foi a partir dessas trocas de experiências e de várias conversas sobre pesquisas que envolvem questões de gênero e as muitas formas de violência que vivenciamos enquanto mulheres que a ponte foi criada”, comenta Patrícia.

Programação

O evento começa no dia 9 de setembro, às 19h, no anfiteatro Dercir Pedro de Oliveira, a partir da conferência com a professora Anna Christina Bentes, vinculada à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sobre Gênero, linguagem e desigualdades: as contribuições de um Observatório sobre Linguagem e Feminismos. A atividade apresenta uma análise crítica sobre como os usos da linguagem, seja nos meios de comunicação, nas instituições e no cotidiano, reforçam e naturalizam desigualdades de gênero. Antes da cerimônia de abertura, será realizada uma apresentação cultural.

A programação continua no dia 10, no mesmo horário e local, com a mesa-redonda Mulheres, direito à cidade e estigmas de gênero, com a professora Diana Helene Ramos, da Universidade Federal de Alagoas. A expectativa, conforme Patrícia, é compreender como a produção do espaço urbano se articula a processos de controle social, invisibilização e estigmatização de mulheres, especialmente daquelas que vivem em periferias, são mães solo, trabalham na informalidade e/ou pertencem a grupos racializados.

Já no dia 11 o destaque vai para as apresentações de trabalhos sob a ótica de Gênero, Geografias e Linguagens, às 19h, no bloco 6 do CPTL.

Encerrando a programação, às 19h, no anfiteatro Dercir Pedro de Oliveira, a roda de conversa Vozes entrelaçadas: diálogos com mulheres e suas múltiplas vivências pretende ser um espaço para que mulheres de diferentes trajetórias sociais possam compartilhar suas experiências de gênero, sexualidade, trabalho, maternidade, luta por direitos e resistência cotidiana.

“O debate de gênero está presente em todas as licenciaturas, nas Ciências Humanas, Biológicas e da Saúde e em tantas outras áreas e precisa ser feito dentro das universidades de forma aberta, interseccional, democrática e comprometida com a transformação social. Porque pensar gênero é pensar vidas, corpos, espaços e direitos, e esse pensamento precisa ser coletivo”, finaliza Patrícia.

Texto: Raul Delvizio

Foto: Arquivo das pesquisadoras