Pesquisadores da Faodo realizam estudo comparativo sobre condições de saúde bucal em populações do Estado

Em uma iniciativa inédita, docentes e acadêmicos da Faculdade de Odontologia (Faodo) da UFMS estão mapeando, por meio de pesquisa, as condições de saúde bucal de Mato Grosso do Sul.

A ideia é desenvolver um estudo comparativo entre a população urbana de Campo Grande, atendida nas Policlínicas da Faodo; a população ribeirinha do Passo do Lontra/Pantanal; as crianças da Escola Nova Itamarati, do Assentamento Itamarati, próximo à Ponta Porã e as crianças pantaneiras da Fazenda Barranco Alto, em Aquidauana.

Pelo estudo será feito um levantamento epidemiológico para conhecimento das condições de saúde bucal por meio do índice CPO-D, que apresenta os números de dentes careados, perdidos e obturados. Com os dados será possível traçar a correlação das lesões de cárie e sua severidade com a qualidade de vida em saúde bucal.

Segundo o professor Rafael Aiello Bomfim, coordenador da pesquisa, o levantamento Nacional SBBrasil 2010 mostra que, dependendo da faixa etária, há muita necessidade de tratamento bucal.

“O SBBRASIL 2010 mostrou que cerca de 45,8% dos adultos possuem sangramento gengival. Entre os idosos, a necessidade de tratamento periodontal é muita alta, por exemplo”,  expõe o professor.

O estudo possibilitará discussões acerca da reorganização da atenção básica, para diminuição de possíveis iniquidades e desigualdades sociais no Estado. A pesquisa também irá avaliar fatores relacionados ao capital social, com questões sobre infelicidade, cooperação e insegurança. “Sabemos que quem se sente infeliz escova menos os dentes, tem menos cuidados com a própria saúde e, consequentemente, tem mais doenças”, diz.

O professor Rafael destaca que não adianta pensar apenas na cura imediata da doença. “Temos que ter uma visão transdisciplinar, empoderar essa pessoa, ajudá-la a se inserir na sociedade, criar links sociais que promovam felicidade. Só a odontologia não tem como resolver isso”.

Além de avaliar os fatores de capital social, a pesquisa abrange ainda questões como uso de serviços – públicos/particulares/planos de saúde/SUS, satisfação com os serviços  e qualidade de vida em saúde bucal (autopercepção).

Projetos de Extensão

A pesquisa está na fase de coleta de dados em Campo Grande, com registros realizados durante a triagem na Faodo, onde cerca de 400 pessoas deverão ter suas situações catalogadas.

Nos próximos meses, a coleta será iniciada na Base de Estudos do Pantanal, no Assentamento Itamarati – o maior da América Latina – e na Fazenda Barranco Alto, onde é desenvolvido o Projeto  Comitiva Esperança.

Nesses três locais são desenvolvidos projetos de extensão, que reúnem docentes, graduandos e pós-graduandos em ações diversas. Os  professores Luiz Massaharu e Jefferson Marion coordenam, respectivamente, os projetos Sorriso Pantaneiro e Comitiva Esperança.

Nos projetos Itamarati e Comitiva Esperança, por exemplo, a proposta é trabalhar com o Tratamento Restaurador Atraumático (ART) Associado à Promoção em Saúde.

Coordenador do projeto de extensão no Itamarati, o professor Rafael Aiello Bomfim explica que por ser de caráter transdisciplinar, o projeto permite ao acadêmico uma profunda reflexão das práticas e políticas de saúde pública.

“A Experiência com comunidades menos favorecidas do ponto de vista socioeconômico proporcionará ao acadêmico um amadurecimento como cidadão, além do aperfeiçoamento profissional, possibilitando assim a criação de novos cenários de prática”, diz.

No Itamarati, onde serão atendidas cerca de duas mil crianças, os acadêmicos deverão estar aptos a desenvolver diagnóstico, prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde e a correta aplicação da técnica ART, tratamento reconhecido pela Organização Mundial de Saúde que apresenta uma técnica simples, rápida, de custo reduzido por não necessitar de todo suporte odontológico.

“As vantagens para o paciente são diversas, por ser uma técnica rápida e simples, que diminuiu a ansiedade, sendo muito indicada na área da odontopediatria”, explica o professor Rafael.