Grupo pesquisa mediação digital em arquitetura, artes e outras áreas

O algo+ritmo, grupo de pesquisa da Universidade, tem como objetivos: verificar como as mediações digitais influenciam ou podem ser utilizadas em processos criativos nas áreas da arquitetura e urbanismo, design, artes e comunicação, entre outras; e criar experiências, intervenções, mecanismos, objetos e/ou espacialidades que possam ser utilizadas no dia a dia das pessoas, contando também com a participação colaborativa das mesmas. De acordo com um dos coordenadores, o professor Gilfranco Alves, por mediação digital o grupo entende quaisquer trocas que possam haver entre seres humanos e máquinas. “Trabalhamos com a internet, os recursos de comunicação e interatividade, as mídias sociais, softwares específicos para projetos, videomapping, projeções nas cidades, fachadas, produção de protótipos por meio da impressão em 3D ou cortes a laser ou em máquinas CNC, enfim, trabalhamos conceitos e realizamos experimentos ligados a essas áreas”, explica.

professor-gilgranco-alves-mostra-modelo-impresso-em-3d-e-espacialidade-final-construida-para-eventoO nome do grupo surgiu a partir do próprio significado de algoritmo, um conjunto de regras e procedimentos lógicos perfeitamente definidos que levam à solução de um problema em um número finito de etapas. “Durante todo o século passado e até há bem pouco tempo, existia uma ideia na arquitetura modernista de que havia um componente muito forte de inspiração, de genialidade, de insight na criação. Já um algoritmo é uma sequência de instruções precisas e claras, que deixam o método transparente, podendo mesmo ser registrado para que outros também possam aprender em cima disso. Com os softwares e outros programas que temos trabalhado, por exemplo, no design paramétrico com o Grasshopper, precisamos inserir instruções muito claras senão eles não funcionam. Assim o nome algo+ritmo define bem o que temos trabalhado, desmistifica o mito da genialidade”, elucida o professor.

O grupo existe desde 2013 e conta com a professora Juliana Trujillo também como coordenadora. A média de participantes é de 20 acadêmicos, variando conforme a finalização das pesquisas, a formação dos alunos e a entrada de novos projetos. A maioria dos acadêmicos e estudos são ligados à Arquitetura e Urbanismo, mas existem projetos também em Artes e abertura para colaborações com a Computação e outras interdisciplinaridades. O grupo conta com três bolsas de iniciação científica, sendo uma da UFMS e duas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e mais três acadêmicos realizando iniciação científica na modalidade de voluntário.

Pesquisas

Alguns dos projetos desenvolvidos pelo grupo têm sido na área de videomapping, que consiste em uma técnica de projeções em prédios, fachadas e superfícies irregulares com animações e sequências de arte. “Fizemos uma intervenção no antigo Nômade FoodPark com o graffiti digital. As pessoas que estavam ou passavam por lá eram convidadas a desenharem em um programa no tablet que posteriormente projetava sua arte para todos. Todo mundo vai lá, manda seu recado, brinca, se diverte e aí o que antes era uma fachada era um material, uma arquitetura estanque, ganha outras camadas de informação, e as pessoas começam a se comunicar também a partir disso”, esclarece o professor Gilfranco.

dsc_2758Outras pesquisas estão relacionadas a novidades arquitetônicas como os parklets e à fabricação digital de modelos. Parklets são áreas contíguas às calçadas, onde são construídas estruturas a fim de criar espaços de lazer e convívio onde anteriormente havia vagas de estacionamento de carros. Os acadêmicos estão estudando as possibilidades de aplicação de parklets em Campo Grande e fabricaram modelos com a cortadora a laser. Segundo o professor tal implemento é uma vantagem enorme porque os alunos desenham e projetam nos programas e é exatamente o planejado que vai para o corte, para a produção. “É um pouco diferente do que se fazia anteriormente, porque antes a gente se baseava nos desenhos e desenho é uma abstração, o papel aceita tudo e sabe-se lá como vai ser executado. Com a tecnologia de fabricação digital, a execução é muito mais próxima de como será em escala real, é bacana ver a precisão”, comenta.

espacialidade-metaball-construida-para-evento-sul-americano-sera-finalizada-com-a-retirada-dos-fiosA fabricação digital de modelos também foi utilizada em um projeto muito especial. O algo+ritmo foi convidado pela Sociedade Ibero-americana de Gráfica Digital (Sigradi) para participar da sua comemoração de 20 anos. A proposta foi que cada um dos 20 grupos selecionados em toda a América Latina recebesse por sorteio uma das edições dos congressos já realizados e trabalhasse uma espacialidade para enviar ao evento que será realizado em Buenos Aires em novembro. “Nós ficamos com o ano de 2007 quando o congresso foi realizado no México e estamos desenvolvendo uma escultura que signifique aquela edição. Reinterpretamos a ideia do cartaz e do evento que era baseado em comunicação e criamos um ‘Metaball’, um modelo feito de esferas interconectadas que formam uma topologia característica. Cada raio de cada esfera significa a participação de cada país no evento, pois mapeamos a quantidade de papers publicados, aplicamos na programação e geramos a escultura. Fizemos um modelo impresso na impressora de 3D para teste, e depois o trabalho final foi produzido na CNC. Falta apenas finalizar, retirando os fios que ajudaram a estruturar as esferas para a montagem”, revela Gilfranco.

Equipamentos

 impressoras-em-3d-adquiridas-e-desenvolvidas-pelo-grupoAs duas impressoras em 3D do grupo foram adquiridas e desenvolvidas junto a entusiastas da área, dois “inventores” de Campo Grande, Márcio Barbosa e Abner Neto, que constituíram a empresa 3DMS. As máquinas funcionam com filamentos plásticos que são derretidos e depositados milimetricamente em camadas sobrepostas, criando objetos em 3D. Já as cortadoras CNC são de outro entusiasta, Adriano Lima, que foi professor substituto na UFMS e faz parte do algo+ritmo como consultor. Ele é parceiro nas pesquisas e compartilha os equipamentos para a execução dos projetos.

banco-50-foi-idealizado-pelo-grupo-e-esta-disposto-para-uso-de-alunos-e-professores-no-cursoUm banco fabricado digitalmente com a CNC, o Banco 50, está disposto no bloco de Arquitetura e Urbanismo, para uso dos acadêmicos e professores. Muitos outros modelos menores de espacialidades diversas foram impressos e montados a partir de pesquisas teóricas e de materiais cortados e foram disponibilizados em exposições interativas do algo+ritmo.

De acordo com Gilfranco a ideia é que o projeto continue com as pesquisas, com as produções científicas e publicações em congressos e com a captação de mais recursos para adquirir máquinas que poderão ser utilizadas também por outros cursos da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (FAENG), e mesmo de toda a UFMS e comunidade em geral. “Quem sabe até consigamos montar um FabLab, que seria um laboratório de fabricação digital onde os interessados possam utilizar esses recursos para produzir o que quiserem”, finaliza o professor. A página do algo+ritmo no facebook é: www.facebook.com/AlgoRitmo.ufms