Abril Indígena celebra tradições e o fortalecimento das identidades

Em alusão ao Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril, a Universidade promove a valorização das culturas e das resistências indígenas, com ações nos câmpus da UFMS. Nesta quinta-feira, 3, estudantes de diversas etnias se reuniram no Corredor Central, da Cidade Universitária, para uma apresentação cultural repleta de danças, cantos e interação entre a comunidade.

O professor da Faculdade de Ciências Humanas e coordenador da Rede de Saberes Indígenas, Antônio Hilário, destacou o papel de eventos como esse para o fortalecimento da identidade e da presença de estudantes indígenas na Universidade. “Abril, o mês em que celebramos o Abril Indígena, é um momento importante para que os estudantes mostrem suas danças, representando diversas etnias, aos colegas. Foi um momento emocionante de celebração e uma verdadeira apresentação da riqueza cultural dos povos indígenas”, ressaltou. “Hoje temos mais de 150 indígenas matriculados na UFMS. Há 20 ou 30 anos, isso era quase impensável. A mudança não é visível apenas nas salas de aula, mas também nos corredores da Universidade. Agora, os indígenas ocupam os espaços que sempre deveriam ter sido deles”, explicou.

A Rede de Saberes Indígenas é um projeto criado há mais de 20 anos e liderado pelos próprios estudantes indígenas, com intuito de oferecer suporte aos ingressantes. O espaço na Cidade Universitária possui recursos de internet, computadores e impressoras, além de ser um ponto de acolhimento e convivência no ambiente universitário. “O Abril Indígena reflete a capacidade dos estudantes indígenas de se organizarem e conquistarem autonomia”, reforçou o professor.

Estudante do curso de Nutrição e representante da Rede de Saberes Indígenas, Edileuza Costa, destacou que as ações reforçam a presença e a tradição indígena nos espaços da UFMS. “Para nós, o mês de abril é extremamente significativo. Ele nos permite mostrar nossa cultura de diversas formas. Dentro da Universidade, não é apenas o povo Terena que se faz presente, mas também o Guarani, o Kadiwéu e outras etnias que estão cada vez mais representadas no ambiente acadêmico”, afirmou. “[A apresentação] é uma maneira de preservar nossa cultura dentro da Universidade”, completou.

O estudante de Medicina Tauan Gonçalves, natural da Aldeia Limão Verde em Aquidauana, falou sobre o simbolismo da apresentação cultural, com a participação de três grupos: Terena, Kadiwéu; e  Guarani-Kaiowá. “É uma forma de mostrar nossa presença na Universidade, que é um ambiente completamente diferente da nossa aldeia. Queremos trazer nossa cultura para dentro da Universidade e, ao mesmo tempo, levar o conhecimento que adquirimos aqui de volta para nossas aldeias”, afirmou.

Ele também falou sobre o impacto desse tipo de evento no fortalecimento da identidade cultural dos jovens indígenas. “Somos uma geração que sai das aldeias para estudar e adquirir novos conhecimentos. Esse movimento reflete nossa vivência com os anciões e lideranças, e as danças que apresentamos são ancestrais, passadas de geração para geração”, destacou. Para Tauan, o Abril Indígena é uma oportunidade de manter viva a cultura ancestral e mostrar ao Brasil que os povos indígenas continuam resistindo e se afirmando na sociedade. “Estamos criando uma perspectiva de futuro coletivo, sempre mantendo viva nossa cultura e identidade”, concluiu.

Abril Indígena

Ainda como parte da programação do Abril Indígena, o Câmpus da UFMS do Pantanal, em parceria com a PUC-Goiás, Universidade Federal de Uberlândia, Universidade Federal de Goiás, Universidade Estadual de Goiás e a Universidade Federal de Catalão, promove mesas-redondas, apresentações de trabalhos, debates e atividades culturais, em formato híbrido, com participação de diversos povos indígenas e instituições de ensino superior, 22 a 25 de abril. Mais informações estão disponíveis neste link.

No dia 29, às 19h, o Time Enactus de Aquidauana promove mesa-redonda, apresentação cultural e exposição do projeto Ituketi, no auditório do bloco B, localizado na Unidade 2 do Câmpus da UFMS de Aquidauana. A atividade integra a programação da campanha Eu Respeito desse mês. Saiba mais aqui.

Texto e fotos: Lúcia Santos