Usina pioneira em hidrogênio verde é inaugurada na UFMS

Nesta sexta-feira, 25, foi inaugurado o projeto piloto industrial da usina de hidrogênio verde do Centro-Oeste, voltada para produção de energia limpa e renovável. A unidade está instalada na Cidade Universitária e agrega também o Laboratório de Multiusuário de Estudos sobre o Hidrogênio Verde da UFMS – H2V+. A iniciativa inovadora e pioneira em Mato Grosso do Sul foi desenvolvida por meio de parceria entre a Universidade e a Rede Brasileira de Certificação, Pesquisa e Inovação (RBCIP), com investimento da empresa Green World Energy Hydrogen (GWE).

A reitora Camila Ítavo agradeceu a confiança dos parceiros da UFMS, em especial a RBCIP, e enfatizou que a maior força da Universidade são os pesquisadores, estudantes e técnicos-administrativos. “É a primeira usina da região Centro-Oeste, dentro da Universidade Federal. Isso para nós é motivo de muito orgulho. Isso é desenvolvimento para o nosso estado, desenvolvimento para o país e, nesse processo de desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação, a gente tem o ator principal, que são as pessoas, e a formação de novos profissionais com mais alto nível de tecnificação, de qualificação, para que eles estejam aptos para liderarem projetos como esse em todo o estado, em todo o Brasil”, disse.

“A nossa grande linha-mestre é a formação de pessoas, mas é uma formação com qualidade, é uma formação conectada, é uma formação responsável, com o olhar da sustentabilidade e de inovação, para que a gente possa, enquanto profissionais formados, entender a Universidade como esse grande laboratório de desenvolvimento de produtos e serviços à disposição de todos os parceiros, dos governos, à disposição das indústrias, das empresas”, complementou a reitora.

O governador Eduardo Riedel reforçou que a inauguração é resultado de um caminho longo, fruto do investimento em ciência e tecnologia no Estado. “Para nós, é muito claro que, em uma agenda global que envolve segurança alimentar, transição energética e sustentabilidade, três grandes eixos que movem a geopolítica, as guerras, discussões tarifárias, Mato Grosso do Sul está posicionado de forma muito clara e com foco total. Somos um estado muito competitivo que em breve terá a primeira indústria de combustível sustentável de aviação, do setor privado, em escala industrial grande. Por isso, esse passo é importante para nos colocar na rota de desenvolvimento tecnológico e formação de pessoas. Isso não acontece da noite para o dia, não nasce num estalar de dedos, mas construído com o esforço de muita gente. Tudo vai confluindo para um caminho que nos torna mais fortes naquilo que somos competitivos e não dá para fazer isso sem o ambiente de pesquisa, de inovação, sem o ambiente universitário presente”, discursou.

O professor e coordenador do projeto na RBCIP, Marcelo Fiche, agradeceu à UFMS pela parceria e esclareceu que a usina irá reduzir a carência de mão de obra especializada no mercado nacional e internacional. “Demoramos um pouco para chegar a esse dia. Mas a nossa escolha foi feita desde o início, pois já temos outras parcerias com a Universidade e a Fapec. O hidrogênio não é moda, ele é mais uma alternativa. Vamos transitar com todas as tecnologias. Meu sonho é utilizar a água de esgoto e, em breve, vamos ter mais uma etapa da usina ao instalar a captação e purificação dessa água, por meio de um novo laboratório. Assim teremos uma alternativa duplamente verde. A parceria com a Universidade é importante para capacitar as pessoas, os profissionais. Um dos grandes papéis dessa usina é esse. Nosso país tem uma vantagem grande e pode ser líder na produção de combustíveis de aviação”, afirmou.

O diretor da Agência de Inovação da UFMS, Saulo Moreira, acrescentou que o projeto piloto industrial fortalece as parcerias da Instituição e contribui para a inovação tecnológica em todo o estado. “Atuamos na Universidade sempre pensando em novos modelos, novas formas de fazer a UFMS de forma colaborativa, cooperativa, junto aos parceiros que buscamos para entregar as soluções que a sociedade precisa. Esse evento é um símbolo de uma iniciativa que vai apontar novos caminhos para que todos possam ter segurança energética. Desde 2017, temos mais de 1,5 mil parcerias e, por meio delas, realizamos nossa missão de forma plena, destacou.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul, Sérgio Longen, também participou da inauguração. “É uma satisfação muito grande estar aqui na UFMS e ver a evolução de um sonho, de um grande projeto, construído a muitas mãos. Hoje iniciamos o processo e toda a equipe da UFMS tem um papel fundamental nesses primeiros passos que o MS dá na produção de hidrogênio. Sinto-me feliz e realizado e cumprimento todos da Universidade. Nosso estado passa hoje por um momento extraordinário e mostra que estamos no caminho certo, quer na pesquisa, quer na industrialização”, ressaltou.

A Usina

A usina já está operando para demonstração e produção industrial, integrando ensino, pesquisa, empreendedorismo e inovação. A instalação produz energia limpa a partir da separação da molécula da água (H₂O), utilizando energia elétrica de fonte solar e água. A iniciativa tem capacidade de produção de uma tonelada de hidrogênio por mês e posiciona a UFMS e Mato Grosso do Sul na vanguarda da transição energética e da pesquisa em hidrogênio verde no país, por meio do Laboratório Multiusuário de Estudos sobre o Hidrogênio Verde da UFMS – H2V+.

Ela vai funcionará com base em um sistema composto por: painéis solares para geração de energia elétrica renovável; eletrolisador, um equipamento que realiza a eletrólise da água e separa o hidrogênio e o oxigênio; e um sistema de controle e monitoramento, que permite o acompanhamento remoto e análise de dados.

Entre os principais benefícios da inauguração estão o fortalecimento da parceria em investimento público-privada na UFMS; a formação de estudantes e técnicos especializados em energias renováveis; a geração de conhecimento e inovação tecnológica com potencial de aplicação industrial; a redução da pegada de carbono e estímulo ao desenvolvimento sustentável regional; a integração com outras fontes de energia, como o biometano, para pesquisa de blends de combustíveis limpos; e a consolidação da UFMS como referência nacional em energia limpa e cidades inteligentes.

Além da possibilidade de se ter um posto de abastecimento experimental, a partir da usina podem surgir oportunidades de negócios como blends de hidrogênio com biometano ou gás natural, por meio de pesquisas e testes com misturas sustentáveis para uso em geradores, veículos ou caldeiras; o desenvolvimento de células a combustível (fuel cells), com projetos de inovação voltados à conversão de hidrogênio em energia elétrica para mobilidade ou geração estacionária; a utilização do hidrogênio como vetor para fertilizantes verdes e combustíveis sintéticos, com pesquisas sobre produção de amônia verde, metanol e e-combustíveis para o agronegócio e exportação; as aplicações educacionais e demonstrações tecnológicas, criando um “laboratório vivo” para visitas técnicas, projetos pedagógicos, eventos e exposições interativas; e ainda a inovação aberta com startups, por meio de lançamentos de desafios tecnológicos, editais e incubação de soluções energéticas no ecossistema de inovação da UFMS.

Enquanto parceira, a UFMS é responsável pela coordenação acadêmica e científica, estrutura física, capacitação de recursos humanos e integração com programas de ensino e pesquisa. Já a RBCIP é responsável pela articulação com empresas, municípios e programas de desenvolvimento urbano sustentável, enquanto a GWE é a empresa parceira responsável pelo investimento total na aquisição da usina, apoio na operação do sistema e transferência de conhecimento tecnológico.

Texto: Vanessa Amin

Fotos: Alíria Aristides, Heloísa Garcia e Mylena Rocha