Proteína encontrada em planta tem efeito bactericida

A acadêmica de Licenciatura em Ciências Biológicas, Nathália Marinheiro de Lima descobriu uma proteína capaz de controlar seletivamente o crescimento de bactérias relacionadas a infecções de pele, endocardite, osteomielite e pneumonia. A pesquisa foi realizada entre 2017 e 2018 em seu estágio de iniciação científica PIBIC/CNPq/UFMS, sob a orientação da professora Maria Lígia Rodrigues Macedo e do professor Caio Fernando Ramalho de Oliveira.

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Purificação de Proteínas e suas Funções Biológicas (LPPFB) da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição (Facfan), sob a coordenação da professora Maria Lígia. No local, alunos de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutores investigam o potencial de proteínas encontradas em plantas distribuídas no Cerrado e Pantanal à sua aplicação como novos antimicrobianos e inseticidas e, ainda, seu potencial anticâncer. Os resultados contribuem para o desenho de novos fármacos.

Nathália no 16º Curso de Verão em Biologia Celular e Molecular da USP Ribeirão Preto

A proteína estudada por Nathália, denominada EtTI, foi descoberta pelo grupo do LPPFB purificada de sementes de uma árvore nativa, popularmente conhecida por orelha-de-nego (Enterolobium timbouva). A proteína mostrou-se capaz de controlar seletivamente o crescimento de bactérias do gênero Staphylococcus, envolvidas com episódios das doenças citadas.

De acordo com a professora Maria Lígia Macedo, a procura por novas moléculas bactericidas é de extrema importância dado o surgimento da resistência bacteriana aos antibióticos utilizados atualmente. “O que chamou atenção no trabalho de Nathália foi a concentração da proteína capaz de provocar o efeito bactericida, abaixo de 2 µM. Essa concentração coloca a molécula a frente de outros antibióticos disponíveis no mercado, como tetraciclina, estreptomicina e ampicilina”, explica.

Entre os dias 21 de janeiro e 1° de fevereiro deste ano, a acadêmica apresentou sua descoberta no 16º Curso de Verão em Biologia Celular e Molecular, da Universidade de São Paulo (USP), câmpus de Ribeirão Preto. A pesquisa foi classificada como melhor banner e em seguida, selecionada para a modalidade de apresentação oral.

“Ter a chance de expor meu trabalho para professores da USP e alunos de todo o Brasil em minha primeira apresentação oral foi gratificante”, comenta Nathália, que se sentiu também privilegiada por ser a única representante do Mato Grosso do Sul no curso.

A acadêmica encoraja os graduandos da UFMS a buscarem contato com professores de outras instituições, seja para a realização de estágios e colaborações científicas e reafirma que participar de eventos como esse auxilia no conhecimento das pesquisas realizadas no País.

Os estudos realizados no Laboratório de Purificação de Proteínas e suas Funções Biológicas (LPPFB) contam o apoio de diferentes agências de fomento, fundações e empresas públicas brasileiras como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

 

 

 

 

Texto: Ariane Comineti

Fotos: cedida por Nathalia Marinheiro e Flora do Brasil  – Mesquita, A.L.; Morim, M.P.; Bonadeu, F. Enterolobium in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB83158>. Acesso em: 14 Fev. 2019