O Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS/Ebserh) foi pioneiro no atendimento de classe hospitalar em Mato Grosso do Sul. No Estado, a proposta teve início em 1994, a partir do reconhecimento dos direitos das crianças hospitalizadas, motivada pelas proposições da Política Nacional de Educação Especial.
Até então, as crianças internadas em hospitais acabavam perdendo o ano letivo, dependendo do tempo que permaneciam nas instituições de saúde. Em diversos estados e municípios brasileiros, essa realidade mudou com as classes hospitalares, que são uma maneira encontrada para que os pequenos enfermos possam aprender, realizar tarefas e dar continuidade aos aprendizados escolares.
“O trabalho pedagógico desenvolvido no Humap-UFMS/Ebserh […] é o serviço de atendimento educacional em ambiente hospitalar. Este trabalho é voltado para atender às necessidades educacionais dos estudantes pacientes que estão em tratamento de saúde. Isso inclui planejamento, adaptação do currículo escolar, estratégias e avaliações, oferecendo atividades que respeitem o estado de saúde dos estudantes e que promovam seu aprendizado. Além disso, o foco é criar um ambiente acolhedor e motivador, onde os estudantes possam se sentir seguros e apoiados, mesmo em um momento difícil”, afirma a técnica responsável pela classe hospitalar, Samara Cerqueira.
Samara explica que as atividades desenvolvidas pelas classes hospitalares desempenham um papel fundamental no processo de recuperação e bem-estar dos estudantes pacientes, especialmente das crianças e adolescentes. “Essas atividades ajudam a minimizar o impacto emocional e psicológico da hospitalização, proporcionando um ambiente mais acolhedor e estimulante. Além disso, elas promovem a socialização, a aprendizagem e a continuidade do desenvolvimento educacional, mesmo em um contexto hospitalar”.
O público-alvo do projeto são estudantes matriculados na educação infantil, ensino fundamental 1 e 2, ensino médio, educação de jovens e adultos e avanço do jovem na aprendizagem, que se encontram hospitalizados, independente da rede de ensino, localidade de origem ou nacionalidade.
A especialista diz que há muitos casos emocionantes na classe hospitalar, mas se recorda de um em especial. “O caso de uma criança que ficou internada no Centro de Terapia Intensivo (CTI) pediátrico durante muito tempo. O caso era complicado e ela chegou a ter depressão, recusando-se até a falar, também tendo dificuldade para ficar em pé. O trabalho desenvolvido pelas professoras atuantes, na época, proporcionou uma melhora significativa no quadro da estudante paciente, pois ir até a sala de aula e desenvolver as atividades era o único momento que a fazia se movimentar sem relutância. Além disso, algumas vezes ela ia para a sala de aula junto com outra criança, também internada no CTI pediátrico, o que proporcionou melhoria na comunicação e interação social. A mãe da paciente sempre dialogava com a equipe e relatava toda a experiência, alegando que os atendimentos foram cruciais para a recuperação, e que, graças aos atendimentos, não precisou tomar medicação para depressão. Esse caso foi marcante e até hoje é motivo de orgulho e reconhecimento para toda equipe”.
História
O projeto Classe Hospitalar teve início em 1989, de maneira informal. Em 1994, um grupo de psicólogas e psicopedagogas vinculadas à Educação Especial da Secretaria Estadual de Educação (SED/MS) começaram a desenvolver um projeto de atendimento escolar, de forma direcionada, para atender alunos de 1ª a 4ª séries internados no Humap-UFMS/Ebserh, com ênfase em alfabetização e aprendizagem em jogos pedagógicos.
Em 1997, a equipe foi complementada com novos professores, ampliando os atendimentos para ensino fundamental 1 e 2 e, em 2005, o grupo de profissionais passou a contar com professores nas áreas de Química, Física e Biologia. Em 2008, em mais uma parceria com a SED/MS, o Hospital Universitário construiu uma brinquedoteca para as crianças internadas poderem realizar atividades lúdicas e de aprendizado.
Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Essas unidades, vinculados a universidades federais, têm características específicas: atendem pacientes do SUS e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Texto: Thalia Zortéa, com informações da Assessoria de Comunicação do Humap-UFMS/Ebserh
Foto: Assessoria de Comunicação do Humap-UFMS/Ebserh