Planetário deve integrar complexo da ciência na Cidade Universitária

O projeto civil do Planetário da UFMS foi entregue nesta sexta-feira, 31, à reitora Camila Ítavo e ao vice-reitor Albert Schiaveto. A proposta está em fase de implantação e é coordenada pelo diretor do Instituto de Física (Infi), Além-Mar Gonçalves, com participação da coordenadora do Museu de Ciência e Tecnologia da UFMS, Luciana Montera; do professor da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (Faeng) Andrés Cheung; e da egressa do curso de Engenharia Civil Mislâine Hermann.

A reitora Camila Ítavo cumprimentou a equipe e elogiou o projeto, que pretende impulsionar ainda mais a ciência na UFMS. “É uma alegria receber esse projeto tão lindo, que vem para fortalecer a divulgação científica e posicionar a UFMS como protagonista e cada vez mais como referência no nosso estado. Queremos que toda a sociedade sul-mato-grossense tenha interesse em visitar a Universidade e vivenciar essas experiências tão significativas com o conhecimento científico, demonstrando a contribuição da UFMS para o desenvolvimento do estado e do país”, enfatizou.

O diretor do Infi destacou que a iniciativa do planetário é um sonho antigo da Universidade. “É um sonho compartilhado por professores do Infi, como por exemplo o professor Hamilton Corrêa, que desde 2008 trabalha com divulgação de astronomia, e é um dos fundadores do Clube de Astronomia Carl Sagan, que fica na Casa da Ciência e Cultura de Campo Grande. Além do Infi, a própria gestão sempre viu com entusiasmo a possibilidade de ter um planetário como um instrumento de divulgação científica para o Estado de Mato Grosso do Sul”, explicou Gonçalves. 

Para ele, a vocação da Universidade para a divulgação científica, seja por meio de atividades ou feiras de ciências, foi ampliada com a realização da 71ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) na Cidade Universitária. “A partir de 2019, antes, durante e após o maior evento de ciência da América Latina, a SBPC, este potencial só aumentou, com a construção do Parque da Ciência e, na sequência, o início da implantação do Museu de Ciência e Tecnologia UFMS. Um planetário neste contexto aparece como uma joia que precisava existir em todo esse complexo”, destacou Além-Mar.

Características do Planetário

O planetário consiste de um domo de sete metros de diâmetro onde são projetadas imagens em 360 graus, permitindo uma experiência imersiva. “Um planetário geralmente projeta filmes ou imagens ligadas a astronomia, mas este não seria um uso exclusivo, é possível apresentar vídeos imersivos de outras temáticas. Nosso planetário terá capacidade de receber 35 pessoas que poderão assistir ao conteúdo projetado em poltronas reclináveis garantindo uma experiência diferenciada”, explicou Além-Mar.

O professor salientou que esse projeto se tornou possível graças a um recurso do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. De acordo com Além-Mar, a implantação do espaço consiste em duas partes: a compra do domo de projeção e os equipamentos necessários, bem como poltronas, sistemas de som e climatização; e uma obra civil.

Isso porque, para a instalação do planetário, é necessária a construção de uma base fixa. “É uma obra que requer muito cuidado. Fizemos essa entrega para a professora Camila, para que então, junto com o professor Além-Mar, esse grande sonho se realize e a UFMS tenha um planetário para receber visitantes externos e atender a nossa comunidade universitária”, contou a coordenadora do Museu de Ciência e Tecnologia da UFMS, Luciana Montera. A professora da Faculdade de Computação também é responsável pelo Parque da Ciência, espaços que integram o complexo científico do qual o planetário fará parte.

“Tem sido muito bacana poder envolver estudantes dos nossos cursos de graduação em projetos tão importantes como o Parque da Ciência e, agora, o Planetário da UFMS. Nossos estudantes possuem uma capacidade incrível e a parceria com professores colaboradores/orientadores têm colaborado muito para uma UFMS cada vez melhor”, ressaltou a professora Luciana.

O professor da Faeng Andrés Cheung coordena o projeto de extensão intitulado Engenharia para todos e foi por meio de sua orientação que a egressa Mislaine Hermann se envolveu na elaboração do projeto civil do Planetário da UFMS. “O projeto foi idealizado para integrar nossos estudantes em ações de engenharia para diversas finalidades. Eles estão envolvidos em demandas da Universidade, bem como instituições públicas e privadas sem fins lucrativos. As ações contemplam ensino de engenharia nas escolas, projetos de engenharia do Parque da Ciência, palestras técnicas, desenvolvimento de aplicativos para engenharia, ensaios de laboratório. A maioria dos professores do curso de Engenharia [Civil] está atuando no projeto”, explica o professor.

Além do Parque da Ciência e do Museu de Ciência e Tecnologia da UFMS, o projeto desenvolveu ações em parceria com o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS/Ebserh), o Batalhão da Polícia Militar Ambiental e a Associação Nipo, envolvendo cerca de 400 estudantes e dez professores.

Por meio do Engenharia para todos, a egressa do curso de Engenharia Civil Mislaine Hermann desenvolveu a planta da base do planetário. “Os professores Luciana e Andrés, responsáveis por trazer iniciativas ao Parque da Ciência e por orientarem a extensão Engenharia para Todos, indicaram-me para desenvolver a base do domo e os projetos complementares. Como na época eu estava cursando a disciplina de Projetos de Edifícios e tinha tido mais contato com essa área, aceitei o desafio”, comentou Mislaine. Ela explicou que durante o desenvolvimento do projeto, foram consideradas as solicitações feitas pela equipe da geodésica em relação à base, que deveria ser projetada de forma a garantir que o domo se encaixasse perfeitamente, além de garantir a segurança da estrutura para os usuários.

Mislaine ressaltou que também se levou em conta que o planetário não deveria ser de grandes proporções, para evitar grandes interferências no local de implantação, que é o Bosque Central da UFMS. “Inicialmente, a ideia era inserir o planetário de maneira que ele se integrasse discretamente à topografia do ambiente, mantendo uma continuidade com a paisagem. No entanto, a escavação do solo geraria custos adicionais elevados e demandaria um tempo maior de execução. Por isso, optamos por um local com menor aclive dentro do bosque, adotando uma arquitetura simples e cores neutras. Além disso, a escolha do local pelos professores visou atrair mais visitantes ao local e ao Parque da Ciência, promovendo uma integração entre os dois ambientes”, detalhou.

“A base para a Geodésica foi relativamente simples de criar. Com o auxílio do professor Andrés, que orientou no arranjo estrutural, a elaboração da estrutura se tornou mais tranquila. O que mais se destaca no domo, no entanto, é o seu significado para a Universidade. Ele representa uma inovação que não é comum em todas as instituições de ensino, oferecendo à comunidade acadêmica e externa a oportunidade de visitar o local, obter novos conhecimentos e tornar a Universidade mais acessível a todos, promovendo a troca de saberes”, concluiu.

Texto: Vanessa Amin e Thalia Zortéa

Fotos: Alíria Aristides e arquivo dos pesquisadores