Foto: cedida pelo pesquisador

Pesquisa estuda relação de alunos brasileiros e bolivianos nas aulas de Educação Física

A complexidade nas relações de alunos brasileiros e bolivianos na escola está sendo pesquisada quanto aos seus reflexos no desenvolvimento das aulas de Educação Física pelo professor de Educação Física do Câmpus do Pantanal (CPAN) Carlo Henrique Golin. A pesquisa empírica, que embasa a tese de doutorado realizada na Universidade Católica de Brasília, é desenvolvida no Centro de Atendimento Integral à Criança (CAIC) – Padre Ernesto Sassida, em Corumbá. A proposta da pesquisa surgiu a partir de percepções e observações das situações vividas pelo professor Carlo em diversas oportunidades profissionais e pessoais na cidade.
A escolha do CAIC está atrelada ao fato de ser uma unidade escolar (urbana) de Corumbá com maior fluxo na região de alunos estrangeiros, bem como pela sua característica física de proximidade com a fronteira seca Brasil-Bolívia. “Estamos tentando discutir a Educação Física conectada com temas como escola, diversidade cultural, esporte e corpo, articulada com a complexidade das diferentes nuances da fronteira (Brasíl-Bolívia).  Passando por análises sobre as relações dos alunos brasileiros e bolivianos que frequentam juntos as escolas no território brasileiro, bem como entendendo a dinâmica pedagógica dos seus docentes”, explica o professor.
Os alunos pesquisados são brasileiros e bolivianos, residentes nos dois países, com maior atenção aos discentes que fazem diariamente este movimento pendular para estudar no Brasil. Além dos discursos dos alunos, estão sendo analisadas as considerações apontadas pelos seus professores de Educação Física. “Com os dados dos discentes será possível também comparar as perspectivas dos professores de Educação Física que atuam na região, obtendo uma análise do processo educativo (escolar) mais aprofundada sobre a dinâmica local, principalmente avaliando as possíveis aproximações e/ou distanciamento sentre os discursos dos docentes e discentes sobre a prática da Educação Física”, diz o pesquisador.
Apesar de estar na fase de coleta e análise dos dados, o professor aponta que, preliminarmente, a partir das análises documentais e de algumas entrevistas com os alunos e docentes, já se verifica que “a disciplina Educação Física precisa ficar atenta às questões educacionais em região fronteiriça, sobretudo quando temos um contexto multicultural como a fronteira Brasil-Bolívia”.
“Resumidamente, as informações iniciais sugerem uma complexidade nas relações dos alunos brasileiros e bolivianos na escola, demonstrando em alguns momentos das entrevistas certa naturalização nas situações escolares e, ao mesmo tempo, uma ‘tensão’ nos discursos entre estes grupos, que pode (ou não) refletir no desenvolvimento das aulas de Educação Física”. Essa tensão estaria caracterizada, em alguns casos, por situações e posturas preconceituosas ou constrangedoras. Ainda, de acordo com o pesquisador, “alguns dados embrionários também apontaram que hoje os professores (profissionais brasileiros) não estão preparados suficientemente para lidar e desenvolver propostas de integração dos discentes que estão inseridos nessa diversidade sociocultural, considerando, sobretudo, o contexto e fluxo na fronteira”.

Pesquisa CPAN
foto: divulgação