Pesquisador quer ouvir professores sobre gênero e sexualidade

Professores de escolas particulares e públicas de todo o estado podem contribuir com uma pesquisa realizada por Fabrício Pupo Antunes, pesquisador do Programa Institucional de Iniciação Científica Júnior (PIBIC-JR/CNPq/USP), ligado à UFMS. O estudo tem como objetivo reunir relatos sobre as experiências com jovens dissidentes de gênero e sexualidade no ambiente escolar. A contribuição pode ser feita por meio do site www.transidentidades.com.br.

A pesquisa dá continuidade ao tema trabalhado por Fabrício no ano passado, quando colheu depoimentos de experiências positivas de alunos dissidentes de gênero e sexualidade nas escolas de MS. Segundo o pesquisador, os resultados revelaram o potencial acolhedor das escolas e o que as instituições têm feito em relação aos jovens que desafiam as normas impostas pela sociedade.

Fabrício (esq.) na FETEC MS 2018 – Foto: Letícia Bueno

No estudo atual com os professores, o intuito é conhecer os desafios e percepções em relação à produção das identidades no ambiente escolar. “Além do relato, os professores responderão questões como: seu nome social ou o que deseja utilizar, o gênero e a identidade com a qual se identifica, a cidade onde ocorreu o relato, entre outras informações. Eles não serão identificados na pesquisa, nem mesmo a escola em que ocorreram suas experiências”, explica Fabrício.

O pesquisador é aluno do Colégio Novaescola em Campo Grande e conta com a orientação do professor Tiago Duque da UFMS. A pesquisa está vinculada ao Impróprias – Grupo de Pesquisa em Gênero, Sexualidade e Diferenças, também da Universidade, do qual Fabrício é integrante.

Os resultados dos estudos serão apresentados por Fabrício ainda este ano na Universidade de Aarhus, na LGBT Danmark, e na Copenhague Pride, em setembro na Dinamarca. O convite foi feito pelo professor Georg Fisher da Universidade de Aarhus.

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Reconhecimento

O projeto ficou com o 1° lugar na FETEC MS 2018 – Foto: Letícia Bueno

De acordo com o professor Tiago Duque os estudos do adolescente na área de gênero e sexualidade ganharam destaque nacional. Em 2018 Fabrício conquistou a primeira colocação em Ciências Humanas na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE – USP); o prêmio de melhor projeto do estado de Mato Grosso do Sul e o credenciamento para o Veraño Nacional Científico Para Estudiantes Sobresalientes (VENCES), no México. Com essa premiação, foi contemplado com a bolsa do PIBIC-JR. Em julho do ano passado recebeu a Menção Honrosa na 70° SBPC, realizada na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) em Maceió (AL), em reconhecimento ao mérito do trabalho e ao conjunto dos dados da pesquisa.

Ainda no ano de 2018 trabalhou no desenvolvimento da pesquisa “A produção das identidades em ambiente escolar: Experiências contemporâneas de jovens dissidentes de gênero e sexualidade nas escolas de Mato Grosso do Sul inspiradas na obra A Garota Dinamarquesa”. O projeto ficou com o primeiro lugar em Ciências Humanas e Sociais na Feira de Ciência e Tecnologia do IFMS (FECINTEC 2018), foi premiado em primeiro lugar na categoria Geral na Feira de Tecnologias, Engenharias e Ciências de MS (FETEC MS 2018) e primeiro lugar em Ciências Humanas na FEBRACE-USP 2019.

Em março deste ano o pesquisador concedeu entrevista ao CNPq sobre o tema e suas pesquisas.

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Blog

O TransIdentidades surgiu a partir de um projeto escolar que teve como inspiração a obra “A Garota Dinamarquesa” e a história de Lili Elbe, uma das primeiras pessoas a passar pela cirurgia de redesignação sexual, ainda na década de 1920. O blog reúne histórias e as expõe com o objetivo de permitir o encorajamento de outros jovens.

David Ebershoff, autor do livro “A Garota Dinamarquesa”, tomou conhecimento do projeto e deixou um depoimento como colaborador. “Através de sua pesquisa e bolsa de estudos, Fabricio Pupo abraçou e levou adiante o espírito de Lili Elbe. Lili foi uma pioneira transexual, lutando por seu direito de ser ela mesma. Ao fazê-lo, ela deixou um legado que continua até hoje. Fabrício está construindo. Seu trabalho combate o preconceito, expande o conhecimento e mostra a muitas pessoas o que significa ser livre”.

 

Texto: Ariane Comineti – com informações do Impróprias_Grupo de Pesquisa em Gênero, Sexualidade e Diferenças, da UFMS, e do blog TransIdentidades