Formação aborda a convivência integrativa com pessoas trans e travestis

Servidores das Pró-Reitorias de Assuntos Estudantis (Proaes) e de Gestão de Pessoas (Progep) participam na quarta-feira, 31, de uma capacitação para promover a convivência integrativa com pessoas trans e travestis, com o objetivo de reduzir a discriminação e combater a LGBTfobia dentro e fora da Universidade. A formação será realizada pelo Coletivo TRANSPOR e pela Subsecretaria de Políticas Públicas LGBTQIA+, da Secretaria de Estado de Turismo, Transporte, Cultura e Cidadania (Setescc), como parte da campanha Eu Respeito de maio.

O pró-reitor da Proaes, Albert Schiaveto de Souza, explica que o evento foi uma solicitação dos próprios servidores, que sentem a necessidade de acolher e de fomentar ainda mais a diversidade dentro da Instituição. “Esta ação visa promover a formação e o diálogo com os alunos, com temas que envolvem o tratamento das pessoas trans e travestis, o respeito às identidades e necessidades, legislação e direitos humanos, entre outras questões, como o pronome neutro e o banheiro neutro”.

“Não podemos mais falar em desconhecimento de direitos no momento atual em que nos encontramos. O preconceito é fruto da ignorância, e esse estado de rudeza não deve ser suportado dentro de uma Instituição de Educação Superior. Por meio da conversa integrativa podemos favorecer um espaço que permita escuta, cuidado, acolhimento, compartilhamento de vivências, e, sobretudo, conscientização, respeito e empatia”, reforça a pró-reitora da Progep, Gislene Walter da Silva.

A estudante do Curso de Psicologia e representante do Coletivo TRANSPOR, Gal BMT, afirma que a capacitação busca conscientizar e auxiliar esses servidores a não cometerem violências, principalmente porque prestam assistência estudantil, precisando lidar com a diversidade que existe. “A transfobia está enraizada na cultura e na ignorância das pessoas sobre nossa existência, sobre as nossas necessidades. Esta formação vem com o intuito de conscientizar de que não só os nossos corpos de pessoas trans, que já estão existindo dentro da Universidade, mas os corpos também das próximas pessoas que virão, devem ser melhor tratados”.

O coordenador do Centro Estadual de Cidadania LGBTQIA+, da Setescc, Jonatan Espíndola, apoia a ação e justifica que esta é apenas a primeira de outras capacitações que devem ser realizadas com os servidores da UFMS. “O papel da subsecretaria, primeiramente, é de apoiar, de articular e de fornecer subsídio, não somente teórico, mas um respaldo legal como um dispositivo do estado para essa população, tendo em vista que entre as metas do Plano de Governo do Mato Grosso do Sul temos a redução das desigualdades. Estaremos presentes no evento participando também da organização e de construção, como uma forma de afirmar que o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul está imbuído nos esforços de combater a LGBTfobia, principalmente a transfobia, que é o propósito da abordagem no evento”.

A diretora de Inclusão e Integração Estudantil, da Proaes, Luciana Contrera, expõe que o Coletivo TRANSPOR é bastante ativo na comunidade estudantil, e está cadastrado como um dos grupos de apoio da UFMS. Ela ainda explica que a atuação e o diálogo com as pró-reitorias foram construídos ao longo do tempo de atuação do grupo, que faz solicitações para atender à comunidade LGBTQIA+, como, por exemplo, ajustes de nome social e implantação de banheiros neutros, para prevenir a violência.

Transfobia no Brasil

De acordo com o Dossiê de Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais, foram contabilizados, ao menos, 131 assassinatos contra pessoas trans, em 2022. O número coloca o país pela 14º ano consecutivo como o que mais assassina pessoas trans no mundo, sendo que 90% das vítimas têm entre 15 e 40 anos.

“Vivemos em um país onde a realidade das pessoas trans é extremamente precarizada em todas as áreas. As taxas de escolaridade e as taxas de desemprego são alarmantes, e por isso que é um dever social que estas pessoas tenham suas realidades respeitadas e tenham seus direitos atendidos, existindo, de fato, essa integração e essa humanização das pessoas trans dentro das instituições”, justifica o estudante do Curso de Ciências Sociais, Allister Dante Burema.

Também chamados de crimes de ódio, as violências e os assassinatos são praticados porque as vítimas pertencem a um determinado grupo social, e, na maioria dos casos, os suspeitos utilizam mecanismos de tortura, empregam a força de maneira extrema e atacam com mais de uma pessoa. Porém, um dos maiores problemas atuais é a subnotificação dos casos, que ficam soterrados em dados noticiosos e boletins de ocorrência que não levam em consideração a identidade de gênero daqueles que perdem a vida. Justamente por isso, políticas públicas são necessárias para combater essas múltiplas formas de violência, acolhendo e respeitando as pessoas trans e travestis.

A formação integrativa será das 13h às 15h30, no Auditório do Complexo EaD e Escola de Extensão. Estudantes e demais membros da comunidade interna estão convidados a participar do espaço de escuta e formação.

Texto: Agatha Espírito Santo