Estudos fronteiriços são tema de seminário internacional em Corumbá

A 9ª edição do Seminário Internacional de Estudos Fronteiriços será realizada de 29 de setembro a 2 de outubro no Câmpus da UFMS do Pantanal (CPan). Pesquisadores interessados em apresentar trabalhos têm até 30 de junho para inscrição e envio de propostas na página do evento. A participação como ouvinte é aberta a toda a comunidade e a inscrição está prevista para agosto. 

De acordo com o professor do CPan e coordenador do evento, Carlo Golin, a reunião de pesquisadores em torno da temática permite uma visão multidimensional e comparada das complexas dinâmicas e fenômenos dos espaços fronteiriços. “Essas relações não respeitam limites geográficos. Por isso, o evento ajuda nessa colaboração fundamental para a construção de redes de conhecimento e pesquisa, promovendo a troca de dados e metodologias, e resultando em um enriquecimento metodológico e teórico que impulsiona a inovação. Além disso, a sinergia entre diferentes perspectivas é crucial para a produção de conhecimento que subsidie políticas públicas eficazes em diversas áreas”, informa. 

Ainda conforme o professor, a região de Corumbá representa um caso exemplar e um verdadeiro laboratório vivo para estudos sobre fronteiras, dada a sua localização estratégica na fronteira com a Bolívia e suas características multifacetadas. “Local que tem um diferencial que reside para além das divergências e contraversões presentes em qualquer região de fronteira. Portanto, aparecem elementos salutares e convergentes entre elementos geográficos, socioeconômicos, culturais e ambientais únicos, revelando a riqueza cultural e social daquele local de fronteira”, aponta.

Atividades

Na programação, estão previstas mesas temáticas, grupos de trabalho, sessões de pôsteres, colóquio, reunião de estudantes e egressos de mestrado, lançamento de livros e visitas técnicas a locais como o Moinho Cultural, um assentamento rural em Corumbá, além das cidades de Puerto Quijarro e a Puerto Suarez, na Bolívia. Entre os temas a serem abordados em mesas temáticas estão: Políticas públicas e ações socioestatais para as regiões de fronteira; Corpo, motricidade e saúde: demandas e desafios nas fronteiras; Migrações internacionais e seus diferentes impactos; Educação em regiões fronteiriças: saberes em diferentes escalas; Aspectos ambientais e diálogos nas fronteiras; e Associação Latinoamericana e do Caribe de Estudos Fronteiriços (Alef): desafios e experiências latino-americanas sobre fronteira. 

O coordenador do evento contabiliza que, seja por meio de instituições parceiras ou da origem de pesquisadores convidados, estão envolvidos no seminário pessoas de, pelo menos, sete países além do Brasil: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Estados Unidos, México e Paraguai. “Teremos a presença de renomados especialistas nacionais e internacionais, garantindo debates de alto nível”, destaca.

Entre os participantes já confirmados em mesas temáticas e colóquios destacam-se: Adriana Dorfman, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Adriano Botelho, do Ministério das Relações Exteriores; Bolivar Pêgo Filho, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; Alejandro Gabriel Benedetti, da Universidade de Buenos Aires (UBA), na Argentina; Brígida Renoldi, da Universidade Nacional de Missões, na Argentina; Daniel Alejandro Garcia, da Universidade Nacional de Quilmes, na Argentina; Dolores Camacho Velázquez, da Universidade Nacional Autônoma do México; Glenn Martinez, da Universidade do Texas em San Antonio, nos Estados Unidos; Hilda García Pérez, do Colégio da Fronteira Norte (El Colef), no México; e Iliana Reyes, da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.

Haverá ainda a participação de pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal de Pelotas, Universidade Federal da Integração Latino-Americana, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e Universidade Estadual de Londrina, além da Universidade Autônoma Gabriel René Moreno, na Bolívia.

Os interessados em inscrever trabalhos têm duas modalidades para submissão: pesquisadores, profissionais e pós-graduandos que desejam compartilhar pesquisas já avançadas poderão enviar trabalhos completos; já estudantes que participam de iniciação científica e outros interessados que buscam aprimorar sua formação e expor resultados preliminares ou parciais de suas pesquisas poderão inscrever seus conteúdos no formato de pôster. Os sete eixos temáticos para submissão podem ser consultados na página do evento e a previsão para divulgação dos resultados das avaliações é 21 de julho. 

Em uma parceria com a Associação de Estudos de Fronteiras (ABS), a comissão organizadora do Seminário Internacional de Estudos Fronteiriços oferta cinco bolsas no valor de 300 dólares voltadas a estudantes de pós-graduação, pesquisadores em início de carreira ou colegas de países que não sejam membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. A inscrição para concorrer ao auxílio deve ser feita com o aceite do trabalho no evento e uma carta de intenções que inclua o link do currículo Lattes ou Orcid do pesquisador. O prazo e endereço para envio dos documentos podem ser consultados também na página do seminário

Evento

O Seminário Internacional de Estudos Fronteiriços é realizado bianualmente desde 2008. Para o professor Carlo Golin, a trajetória tem sido notável em crescimento e consolidação como um dos principais fóruns de discussão sobre fronteiras. “Nascido no Câmpus da UFMS do Pantanal, em conjunto com a instalação do mestrado em Estudos Fronteiriços, o evento rapidamente expandiu seu alcance e relevância. Transformou-se de um evento regional para um congresso de projeção internacional, atraindo um número crescente e diversificado de pesquisadores”, destaca. 

Segundo o coordenador, de 2008 a 2013, as primeiras edições do evento foram marcadas pela inclusão de importantes universidades e instituições brasileiras como Universidade Federal de Mato Grosso, Embrapa Pantanal, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, UnB, UFRGS, Universidade Estadual de Campinas e Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD); pelo apoio de entidades como o Sebrae-MS, além de parcerias iniciais com instituições como a Universidade de Columbia, no Paraguai, e UBA, na Argentina. De 2015 a 2017, a organização do seminário fortaleceu a internacionalização, com a incorporação de parceiros como o El Colef, do México, e parcerias com grupos de pesquisa da UFRJ e UFRGS. 

De 2019 em diante, houve a consolidação como evento internacional, ampliando significativamente a rede de colaboração. “A última edição realizada em 2023, pós-pandemia, reforçou essa dimensão com a participação do Instituto de Estudos Internacionais, da Universidade Arturo Pratt, da Alef, e apoios relevantes da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul e da ABS, com bolsas de estudo”, acrescenta.

Conforme o professor, esta nona edição representa o ápice da jornada e a comissão organizadora e científica reflete essa expansão, congregando um número ainda maior de pesquisadores de diversas universidades brasileiras e internacionais da América Latina e Estados Unidos. “A diversidade de parceiros e a abordagem de temas contemporâneos demonstram o compromisso contínuo do evento em estimular o diálogo qualificado e o avanço dos estudos fronteiriços em uma perspectiva verdadeiramente global”, finaliza.

Texto: Ariane Comineti 

Fotos: Arquivo da comissão organizadora do evento