Estudante da Faculdade de Direito representa a UFMS em imersão no processo legislativo

O estudante da Faculdade de Direito (Fadir) Gabriel Michelon viveu uma experiência que vai muito além da sala de aula. Ele foi escolhido para participar do projeto Politéia, uma iniciativa da Universidade de Brasília (UnB) em parceria com a Câmara dos Deputados, que proporciona uma imersão no processo legislativo brasileiro. A simulação é realizada na capital federal, reunindo estudantes de todo país para atuarem como parlamentares. Os participantes elaboram, discutem e votam projetos de lei, com intuito de aproximar jovens do universo da política, da democracia e da construção legislativa.

A conquista é motivo de orgulho e reflete o compromisso da Instituição com a formação cidadã e engajada, conforme destaca a professora da Fadir e coordenadora do Escritório Modelo de Assistência Jurídica, Tchoya Fina. “A participação do Gabriel em um evento tão importante serve de inspiração e demonstra que, com dedicação e apoio, é possível ocupar espaços que até então pareciam distantes”, enfatizou.

Mais do que representar a Universidade, Gabriel levou ao centro do debate nacional temas que tocam diretamente a realidade dos estudantes, como a defesa do pagamento de décimo terceiro para estagiários bolsistas. “A experiência vivenciada pelo Gabriel inspira a todos, acadêmicos e docentes, promovendo debates jurídicos relevantes e defendendo pautas de interesse social”, acrescentou Tchoya.

A coordenadora também destacou que essa trajetória de sucesso é resultado de dedicação e trabalho. “Estamos muito orgulhosos do desempenho e temos certeza de que, no próximo ano, muitos outros acadêmicos se interessarão em participar. A Fadir incentiva constantemente a vivência prática e o envolvimento em atividades externas, seja por meio de ações de extensão, eventos nacionais ou pelos editais da UFMS que viabilizam transporte, inscrições e outras despesas”, comentou a professora.

Para o estudante, representar a UFMS foi uma chance de mostrar a força da Universidade em um palco onde decisões que afetam milhões de brasileiros são tomadas todos os dias. “É algo de uma importância imensurável. Recebi apoio fundamental de inúmeros professores e senti o peso da responsabilidade. Como o projeto acontece em Brasília, há uma tendência de maior participação local. Apenas 25% dos inscritos eram de outros estados. Por isso, poder romper essa barreira geográfica e levar o nome da UFMS ao plenário da Câmara dos Deputados foi um orgulho que transcende o pessoal, é sobre mostrar a força e a qualidade da nossa Universidade em um palco nacional”, avaliou Gabriel.

“Os professores José Paulo Gutierrez e Tchoya Fina do Nascimento foram a bússola e o motor dessa iniciativa, me incentivando e me orientando desde o início. A eles se somaram os professores André Puccinelli Júnior, Tiago Fuchs Marino, Luciani Coimbra do Amaral e Caique Ribeiro Galicia. Meu sucesso em chegar lá não foi um esforço individual, mas o resultado de um trabalho coletivo, um reflexo do apoio e da crença que eles depositaram em mim”, elencou.

O representante da UFMS redigiu 11 projetos de lei, que abrangeram desde direitos de pessoas com deficiência até propostas no campo do direito eleitoral. “Eu sou apaixonado pela teoria do processo legislativo, mas a simulação me jogou no centro da arena política. Ali, a teoria dá lugar à prática pulsante: projetos de lei ganham vida ou morrem na capacidade de negociar, de articular com um café na mão e de defender suas ideias no calor do debate. Foi nesse momento que o alicerce construído na UFMS se provou indispensável, fornecendo a técnica, o repertório e a capacidade analítica para transformar teoria em ação”, contou.

Segundo ele, a escrita legislativa exige criatividade e um senso profundo de responsabilidade. “Um projeto de lei precisa ter ressonância com a realidade. Como costumam dizer, o papel aceita qualquer coisa, mas e o impacto pragmático? Essa proposta faz sentido para a vida das pessoas? Quais são os seus bônus e seus ônus? Ela respeita a Constituição? São perguntas que devem ser um filtro de responsabilidade para qualquer legislador. Mesmo em uma simulação, estávamos na Casa do Povo e o mínimo que podíamos fazer era honrar essa confiança, extraindo o máximo de aprendizado e seriedade daquela experiência”, explicou o estudante.

Além da elaboração de projetos de lei, Gabriel também atuou em comissões temáticas, com debates sobre segurança pública, direito trabalhista e terrorismo, exigindo também o desenvolvimento de habilidades políticas em tempo real, como a articulação de ideias, adaptação de estratégias e raciocínio rápido para tomada de decisão. “Era preciso ter agilidade, sair correndo da sua comissão, ir até a outra e defender sua proposta. Havia uma camada de estratégia partidária muito forte, como em um jogo de xadrez. Você podia obstruir uma sessão, derrubar o quórum, usar o regimento a seu favor, mas sempre com a consciência de que seus oponentes poderiam usar as mesmas ferramentas contra você”, afirmou.

A imersão no ambiente político consolidou o propósito do estudante no campo jurídico. “Essa experiência cristalizou minha vocação. Hoje, eu não tenho dúvidas do caminho que quero seguir. Sentar para conversar sobre os rumos do país com jovens de um nível intelectual altíssimo foi um exercício fascinante de explorar novas ideias e expandir meus próprios horizontes”, revelou.

Texto: Lúcia Santos

Fotos: Arquivo do estudante