Em um passado não muito distante, os pacientes com transtornos mentais eram maltratados e excluídos por toda a sociedade, mantidos isolados em manicômios. Somente a partir da Reforma Sanitária Brasileira, com a criação do SUS e a desinstitucionalização da psiquiatra e a transformação da assistência a estes pacientes nos serviços de saúde, as coisas começaram a mudar. Houve a reformulação do modelo de Atenção à Saúde Mental que deixou de ser concentrada na instituição hospitalar e passou para as unidades de serviços comunitários e abertos.
Tratou-se de uma luta e um processo complexo. E para lembrar que esses pacientes merecem receber os devidos cuidados sem serem completamente excluídos do convívio social foi instituído o Dia da Luta Antimanicomial, no dia 18 de maio.
Atualmente, a rede territorial de serviços inclui os Centros de Atenção Psicossocial CAPS, onde são desenvolvidas atividades práticas interdisciplinares do curso de Enfermagem, conta a professora Priscila Marcheti Fiorin. No início desta semana, no dia 2, o curso realizou uma oficina sobre a luta antimanicomial no CAPS II da Vila Margarida, em Campo Grande.
De acordo com a professora, 20 pacientes usuários do Centro de Atenção participaram da atividade que começou com relatos escritos deles mesmos sobre as suas internações hospitalares. Em seguida foi feita uma dinâmica, na qual os pacientes picotaram esse papel com as impressões das internações, simbolizando a desinstitucionalização hospitalar. Depois foi entregue um coração de papel no qual pedimos para eles escreverem bons sentimentos sobre a forma de tratamento atual, recebida no CAPS, conta Fiorin.
A acadêmica de Enfermagem Gabriela Piazza participou da oficina e falou sobre a importância da Lei 10.216 que trata sobre os direitos e proteção dos pacientes com transtornos mentais e os tipos de internação hospitalar. Não se pode mais internar o paciente sem o consentimento dele, sendo a internação involuntária indicada somente quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes, explica a estudante. Percebe-se que muitos já estão frequentando o CAPS a mais de dez anos e se encontram inseridos na sociedade novamente e isso vem fortalecer a luta por um tratamento mais humanizado, concluiu a professora Priscila.