Ação de extensão estimula a compreensão e desperta interesse pela Matemática

Considerada um problema sério na Educação Básica do país, a Matemática é, ainda, uma disciplina que apresenta muita resistência em relação à aprendizagem da parte de alunos. Isso se reflete nas estatísticas. Segundo dados do último relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, os estudantes brasileiros obtiveram 384 pontos, ou seja, 105 abaixo da média obtida pelos estudantes dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Outro dado alarmante refere-se ao percentual de distribuição de estudantes brasileiros nos seis níveis de proficiência em Matemática: 0,9% estão nos mais altos – 5 e 6 (média OCDE 10,9%); 12,7% nos níveis 3 e 4 (média OCDE 42,9%); 45,3% nos níveis 1 e 2 (média OCDE 37,1%); e 41,0% abaixo do nível 1 (média OCDE 9,1%).

“A matemática é conhecida e utilizada pela humanidade desde os tempos mais remotos para diferentes fins, mas mesmo assim, tem pessoas que acreditam que a ‘matemática escolar’ é diferente da ‘matemática cotidiana’ e que, o que se aprende na escola não se usa no dia a dia. Esse fato contribui para a visão que, em geral, as pessoas têm sobre a matemática, como sendo ‘algo muito difícil de aprender’. Tal visão pode ser mudada com a proposta de um trabalho criativo, que possibilite a integração entre a teoria e a prática, entre o abstrato e o concreto”, fala a professora do curso de graduação em Matemática do Câmpus de Ponta Porã, Vanilda Alves da Silva.

Com a finalidade de estimular a compreensão do conteúdo matemático e despertar o interesse do aluno, modificando tal visão, Vanilda coordena o projeto de extensão Laboratório de Matemática: a possibilidade de enxergar com as mãos. “O Laboratório é um espaço cujos materiais estimulam a compreensão do conteúdo matemático, despertando o interesse do aluno, à medida que demonstra a implicabilidade e a matemática real implícita na abstração e proporciona a interação entre a escola e a universidade e vice-versa”, comenta o estudante Eduardo Henrique Alves de Souza.

“É notável o baixo rendimento dos alunos nos diversos níveis de ensino, na aprendizagem matemática, no desenvolvimento do raciocínio lógico, no pensamento independente, na criatividade e capacidade de resolver problemas. Diante disso, faz-se necessário a criação de estratégias que despertem o interesse e o gosto pela matemática. Como educadores, devemos procurar alternativas para complementar o conteúdo ensinado no currículo, aumentar a motivação do aluno para a aprendizagem, desenvolver a autoconfiança, a concentração e o raciocínio lógico dedutivo e a levar à interação social. Esse projeto é relevante tanto para as atividades de ensino, como extensão e pesquisa, uma vez que suas ações convergem para as discussões sobre a matemática e o ensino da matemática”, ressalta Eduardo.

O projeto teve início em agosto do ano passado. “Estamos há um ano e meio desenvolvendo um trabalho ativo e de forma que possamos cumprir nossos objetivos. Entre os resultados já alcançados podemos citar: o uso do espaço para aulas, inclusive de práticas de ensino de professores do CPPP; os acadêmicos usam o espaço para estudos e pesquisas; empréstimos de materiais concretos para escolas da rede pública estadual de Ponta Porã e de Campo Grande; organização de eventos e atividades do Câmpus como Dia da Matemática; Feira de Materiais Concretos; roda de conversa presencial, palestras; entre outras ações”.

Já participaram de ações desenvolvidas pelo projeto várias escolas entre elas: Escola Municipal Sócrates Câmara, em Dourados; e as escolas estaduais de Ponta Porã Adê Marques, Joaquim Murtinho, Fernando de Noronha e Mendes Gonçalves. “Foram desenvolvidas várias atividades matemáticas, sequências didáticas matemáticas, jogos matemáticos e atividades pensadas para as tecnologias”, completa a professora Vanilda. “O que nos facilita a realizar esses trabalhos, são as parcerias que conquistamos durante a realização do projeto, gostaríamos de agradecer a professora do Programa de Pos-Graduacao de Educação Matemática da UFMS e do Instituto de Matemática, Cláudia Carreira da Rosa, a equipe da Secretaria de Programas e Projetos de Extensão da Pró-reitoria de Extensão, Cultura e Esporte, a professora da Escola Estadual Teotônio Vilela de Campo Grande, Débora Coelho, da, os integrantes do PET Conexões de Saberes Matemática do CPPP por nos auxiliarem desde o início do projeto”, acrescenta Eduardo.

“É uma ação de extensão relevante em relação também às atividades de ensino e pesquisa, uma vez que este converge para discussões entre acadêmicos e professores que podem levar a melhoria da qualidade do ensino de matemática em todos os níveis de ensino na região de Ponta Porã”, destaca a professora. Para ela, uma nova visão sobre a matemática precisa ser discutida, a fim de contribuir para o acesso à aprendizagem de todos e para o cumprimento da sua função na sociedade. “Essa necessidade implica em ações específicas dos envolvidos na formação de professores, colocando à Universidade a atribuição de contribuir com propostas e projetos que permitam oferecer aos alunos e professores atividades com o objetivo de qualificar o ensino e a aprendizagem da matemática. Além de ainda incentivar aos futuros professores, um olhar mais afetivo ao ensino de matemática, incentivando o mesmo a buscar metodologias ativas aliada ao ensino e instigar o acadêmico que também podemos ‘aprender brincando’”, finaliza.

 

Texto: Vanessa Amin

Fotos: Acervo do Laboratório de Matemática do CPPP