O documentário Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha, produzido pela egressa do curso de Jornalismo da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação (Faalc) Daphyne Schiffer Gonzaga, foi premiado na categoria júri popular da Mostra Competitiva Filme Sul-Mato-Grossense do 3º Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito, o Bonito CineSur. Os atores Claudia Ohana e Thiago Lacerda anunciaram os vencedores neste sábado, 2, em cerimônia com a presença da reitora Camila Ítavo.
Para a reitora, a participação da Universidade no festival representou uma oportunidade de mostrar como a Universidade está conectada com a produção cultural e audiovisual da América do Sul. “Eventos como este fortalecem o diálogo entre a academia, os artistas e a sociedade, promovendo a valorização das nossas identidades e talentos locais. Ficamos muito orgulhosos com a premiação da nossa egressa do curso de Jornalismo, Daphyne Schiffer, que apresentou ao público um documentário sensível e potente sobre Glauce Rocha, atriz sul-mato-grossense que marcou a história do teatro e do cinema nacional e que, por isso, dá nome ao Teatro Glauce Rocha, um dos mais importantes espaços culturais do nosso Estado. Ver esse legado reconhecido por uma nova geração de artistas e produtores culturais é motivo de grande alegria para a Universidade”, enfatizou.
A obra nasceu como um trabalho de conclusão de curso na UFMS, posteriormente contemplado pela Lei Paulo Gustavo de Mato Grosso do Sul. “Eu digo que o que me motivou foi a curiosidade de entender porque ela não é tão lembrada quanto eu acredito que merecia aqui no Estado, na região onde ela nasceu. Então, foi isso que me moveu e o meu objetivo era fazer com que ela fosse mais conhecida, porque a história dela é incrível e não merece cair no esquecimento”, revelou Daphyne.
Ao lado de Rodrigo Rezende, a egressa reuniu centenas de recortes de revistas e jornais, livros, fotografias, dezenas de filmes e cenas de novelas para recontar a história da atriz sul-mato-grossense que dá nome ao teatro da Cidade Universitária. “Eu fiz uma pesquisa bem aprofundada, procurando por pessoas que pudessem falar sobre a Glauce. A gente visitou lugares de pesquisa, como a Cinemateca Brasileira em São Paulo para coletar material dela e um grande parceiro nosso também foi o MIS, o Museu da Imagem e do Som aqui de Campo Grande, que nos ajudou muito também com muito material. A gente pode tornar a pesquisa maior a partir desses apoios, mas viajamos para o Rio [de Janeiro], visitamos o teatro Glauce Rocha lá do Rio, entrevistamos vários profissionais, alguns que já tinham trabalhado com a Glauce, amigos pessoais. Foi uma pesquisa bem intensa e alguns encontros também bem legais”, contou.
Em relação ao reconhecimento, a egressa diz estar surpresa com a repercussão. “Por ter ganho o Prêmio Popular da Mostra Sul-Mato-Grossense do CineSur, eu tenho recebido muito feedback positivo desse projeto. As pessoas realmente percebem o quanto a Glauce tem uma relevância aqui no Estado, enquanto ícone, enquanto inspiração para novas pessoas, novos talentos das artes cênicas, como uma representação mesmo de símbolo do que pode ser feito, das pessoas que podem surgir, dos talentos que existem aqui nessa região. Eu estou muito feliz com o resultado, espero ainda chegar mais longe com esse filme”, acrescentou.
A produção já recebeu premiações de melhor documentário e melhor direção na Mostra Audiovisual de Dourados 2024; melhor curta-metragem documentário do All that Moves International Film Festival de 2025; e foi finalista como melhor documentário do KinoToy Fest: Festival Internacional de Curtas. A obra está disponível no Memorial Glauce Rocha, localizado em sala anexa ao hall de entrada do teatro, no setor 1 da Cidade Universitária.
Delegação da UFMS
Além das mostras competitivas de filmes inéditos, o 3º Festival Bonito CineSur reuniu sessões especiais de cinema infantojuvenil, debates, rodadas de discussões, intercâmbios de experiências, apresentação musical e oficinas, tanto para estudantes e profissionais quanto para a comunidade. A delegação da UFMS para o evento foi composta por cerca de 40 estudantes da Faalc, com apoio da Universidade por meio de emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet.
Para a diretora de Cultura, Arte e Popularização da Ciência da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Esporte, Rozana Valentim, foi uma satisfação oferecer essa experiência e ampliar o conhecimento dos estudantes. “Conseguimos oferecer para 40 participantes da área de Artes, Letras e Comunicação o transporte e a estadia completa, para que pudessem conhecer a organização de um evento de cinema de grande porte, participar dos debates nas mesas temáticas e das oficinas e também participar das sessões de filmes, conhecendo em primeira mão curtas, documentários, filmes com proposta ambiental e filmes infantojuvenis”, ressaltou. “O aprendizado no Bonito CineSur não ficará apenas entre os participantes da viagem, pois durante o Festival Mais Cultura da UFMS, esses alunos apresentarão para a comunidade as vivências obtidas ao longo dos cinco dias de imersão no evento”, revelou.
O coordenador do curso de Audiovisual da Faalc, Vitor Zan, fez a mediação da palestra ministrada pela economista e servidora da Agência Nacional do Cinema (Ancine) Patrícia Linhares, ressaltando como a coprodução internacional tem se expandido nos últimos anos. “A coprodução aumenta as chances de acesso a financiamento público e circulação internacional, já que as obras reconhecidas como coprodução internacional pela Ancine têm o benefício de serem tratadas como nacionais tanto no Brasil como nos países dos coprodutores estrangeiros e, consequentemente, terão direito aos benefícios concedidos às obras nacionais nesses países, tais como incentivos fiscais, acesso a fundos de financiamento do audiovisual e cotas de tela”, explicou.
Para ele, a vivência em eventos como o Bonito CineSur impacta na formação dos estudantes da UFMS. “Os alunos ampliam suas referências cinematográficas, têm contato com filmes de diferentes países sul-americanos, além da mostra ambiental. Enriquecem-se, ainda, com as oficinas e palestras de que participaram. É uma experiência imersiva e muito proveitosa”, avaliou.
Texto: Thalia Zortéa
Fotos: Bonito CineSur e arquivo dos participantes










