Vivência internacional fortalece o Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Materiais

Dois pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Materiais, vinculado ao Instituto de Física (Infi), participaram de programa de mobilidade de mestres, doutores e pós-doutores brasileiros em universidades italianas. A vivência internacional foi possível por meio da Chamada Mobility Confap Italy 2023, realizada pelo Conselho Nacional das Fundações de Amparo a Pesquisas. A iniciativa selecionou 60 propostas de diversas áreas de conhecimento, com apoio de  17 Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa, entre elas a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect).

De acordo com o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Fabrício Frazílio, a internacionalização é hoje um dos grandes diferenciais na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Quando nossos programas criam parcerias fora do país, promovem a mobilidade de estudantes e constroem pesquisas em conjunto com universidades estrangeiras, eles mostram que estão conectados com os desafios globais. Isso valoriza muito os cursos da UFMS, melhora seus conceitos e dá mais visibilidade para o trabalho que fazemos”, explica.

“Essas experiências transformam a forma como pesquisamos. Estar em contato com laboratórios de ponta e com pesquisadores reconhecidos internacionalmente abre horizontes, traz novas metodologias e fortalece redes de cooperação. O resultado aparece em pesquisas mais inovadoras, em publicações conjuntas e em soluções que chegam até a sociedade”, acrescenta o pró-reitor. “Cada conquista internacional reforça o nosso compromisso de formar doutores que não apenas levam o nome da UFMS para o mundo, mas que também trazem o mundo para dentro da nossa Universidade. É um caminho de mão dupla que fortalece a ciência e transforma vidas”.

Os estudantes Camila Calvani e Miller Lacerda são orientados pelo professor do Infi e coordenador do Sisfóton-UFMS, Cícero Cena, e fizeram a mobilidade internacional na Universidade de Trieste, sob a supervisão do professor Alois Bonifácio.

Para o orientador, a vivência contribuiu de forma positiva para as atividades desenvolvidas no Infi, em especial para a consolidação da linha de pesquisa em fotodiagnóstico e espectroscopia óptica na Instituição. ” A experiência no exterior pode ser entendida como uma tradução prática do que chamamos de ‘pensar fora da caixa’. O estudante que sai vive uma racionalidade diferente daquela com a qual lida em seu cotidiano acadêmico. Essa mudança de perspectiva acelera de forma notável sua evolução técnica e científica diante das questões que investiga”, enfatiza.

“O mais importante é que todo esse amadurecimento pessoal e profissional agora se reflete diretamente nas atividades desenvolvidas pelos colegas que atuam em fotodiagnóstico na UFMS, contribuindo para a performance do laboratório como um todo. Eu, particularmente, estou muito feliz por eles e percebo uma melhora significativa no grupo em geral, sobretudo porque essa vivência tem motivado outros colegas a trilharem o mesmo caminho”, avalia o docente.

Camila desenvolveu o projeto Diferenciação de espécies de bactérias utilizando técnicas de espectroscopia óptica molecular e aprendizado de máquina, iniciado no Brasil em colaboração com as professoras Cassia Leal e Hellenicy Rezende. Já Miller atuou no projeto Avanços no fotodiagnóstico de Leishmaniose e Erliquiose utilizando inteligência artificial, que também tem a participação do diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Carlos Ramos.

“Finalizamos a análise de dados proposta e conseguimos construir um modelo capaz de diferenciar as espécies de bactérias, de forma bastante precisa. Aplicamos técnicas estatísticas e de inteligência artificial para distinguir as bactérias e construir o modelo de classificação. Esse modelo foi testado de forma rigorosa e apresentou alto índice de acerto, um resultado muito relevante que fará parte da minha tese de doutorado”, revela Camila.

Para a estudante, a mobilidade internacional superou as expectativas. “Além do conhecimento científico adquirido, levo comigo a vivência de um ambiente de pesquisa internacional, a troca cultural e as parcerias construídas, que certamente se estenderão para futuros projetos em colaboração com a equipe da Itália e do Brasil. Encerro esta etapa com confiança no caminho percorrido e entusiasmo para aplicar e ampliar todo o aprendizado em minhas próximas pesquisas”, afirma. “Recomendo a todos que tiverem uma oportunidade como essa, se dediquem a aprender o idioma local, aprimorem o inglês e aproveitem para ampliar sua network. É realmente uma vivência única, e espero que cada vez mais pesquisadores possam ter essa chance”, conclui Camila.

Miller também conta que o projeto teve resultados promissores, que serão publicados no futuro. “Essa pesquisa abre portas para o desenvolvimento de novas formas para o diagnostico de Leishmaniose e Erliquiose de forma mais rápida que os modelos tradicionais. O rápido diagnostico dessas doenças em cães pode ajudar o poder público no monitoramento dessas doenças nas diferentes regiões da cidade e do Estado”, comenta.

Para o estudante, a experiência possibilitou conhecer pessoas de diferentes lugares do mundo; andar por locais com séculos de história; aprender técnicas de análise; e usar diversos equipamentos e linguagens de programação. “Muitas das coisas que aprendi podem ser aplicadas ou adaptadas para uso na UFMS e em outras pesquisas, o que pode melhorar a qualidade do trabalho que está sendo desenvolvido pelo grupo de pesquisa que faço parte”, finaliza.

Texto: Thalia Zortéa, com informações de Vanessa Amin

Fotos: Vanessa Amin e arquivo dos estudantes