A aprendizagem mediada por tecnologias digitais oferece uma diversidade de ferramentas que permite aos docentes superar a prática da aula exclusivamente presencial.
Hoje foi publicado o Ofício Circular nº 1/2020 da Secretaria Especial de Educação a Distância (Sead), assinada em conjunto pelo pró-reitores de Graduação, Ruy Alberto Caetano Corrêa Filho, e de Pesquisa e Pós-graduação, Nalvo Franco de Almeida Junior, o diretor da Agência de Tecnologia da Informação e Comunicação, Luciano Gonda e o secretário especial de Educação a Distância, Hercules da Costa Sandim, que apresenta sugestões de ensino dirigido aos docentes.
O documento traz orientações diferenciadas quanto ao uso do email, redes sociais e dos ambientes virtuais de aprendizagem. A Sead disponibiliza cursos de capacitação em Moodle, Google Meet e Google Classroom e está auxiliando os professores quanto às dúvidas referentes ao uso dessas e outras ferramentas.
Ferramentas
Não existem opções melhores ou piores na escolha de quais ferramentas usar, segundo especialistas: tudo estará atrelado à experiência do professor com as tecnologias digitais e a vontade de aprender e reaprender.
“O que existe é a experiência do uso do professor e como ele vai conseguir transpor esse uso para o ensino pedagógico. Por isso, estamos diversificando as possibilidades, mostrando as opções existentes e, de acordo com sua experiência e disponibilidade de aprender novos recursos, o professor vai escolher qual é a melhor forma de trabalhar neste momento”, explica a chefe de Divisão de Educação a Distância da Sead, Daiani Damm Tonetto Riedner.
A orientação é que os professores prefiram ou escolham as plataformas que são institucionais, como o Moodle, integrado tanto ao Sigpos como ao Siscad, na graduação e na pós-graduação, e o Google Classroom que é a sala virtual do G-Suite for Education.
“Então, o professor com a sua conta institucional pode ativar e ter acesso a todos os recursos do Gmail, Google Drive, Hangout Meet – para fazer vídeo chamadas e gravações, e uma série de outros recursos disponíveis. Já existem tutoriais e orientações para apoiar esses professores nesse momento que todos estão tendo de repensar o seu trabalho pedagógico para além da sala de aula presencial”, afirma Daiani.
É um desafio muito grande para todos os professores, inclusive para aqueles que já usavam as tecnologias, segundo a professora, que tem ampla experiência no uso de tecnologias digitais. Por isso, ela insiste que o momento não é de inventar a roda, mas de se ajudar, colaborar, partilhar ideias, recursos, experiências.
“Tenho visto esse movimento em âmbito nacional. Muitos professores buscando ajuda e temos nos colocado à disposição, na Sead, principalmente, para ajudar os professores a repensar como vão planejar esse período, como vão organizar conteúdos, atividades”, diz.
A principal questão, segundo Daiani, é criar um canal de comunicação com os alunos, seja com grupo no WhatsApp, no Telegram, no Facebook, Gmail, Google Groups, Classroom ou Moodle.
“A ideia é que o professor tenha condições de lidar com essas ferramentas, que se sinta confortável para trabalhar e, depois disso, tem que começar a pensar estratégias de entrega de conteúdo, de avaliação da aprendizagem que não podem se basear somente em produção escrita ou questionário, mas devem envolver uma diversificação. Não se trata de transferir a aula que era presencial para uma chamada de vídeo. Isso não dá certo, porque os alunos não vão ficar de duas a três horas numa chamada de vídeo, ouvindo o professor falar. Os encontros devem ser a menor parte desse planejamento”, enfatiza a professora.
Se necessário o chat ao vivo, o docente deve utilizar Google chat, Moodle, Facebook, WhatsApp, videochamada do Google Meet, ou seja, são várias as opções para encontros síncronos.
“Esse é o momento tirar dúvida, conversar, ver o aluno, saber como está organizando a sua rotina de estudos, não é o momento de dar aula online. É o momento de mostrar como tem que fazer as atividades, coisas bem pontuais, e aí deixar a aula em si, a organização dos conteúdos para outras estratégias como a gravação de uma videoaula”, expõe.
O professor pode gravar a sua tela, ou gravar a tela e a sua imagem – e existem vários aplicativos que fazem isso de forma gratuita e bastante simplificada – e deve sugerir leituras, vídeos, documentários, priorizando sempre recursos educacionais abertos.
“É um momento de aprendizagem, de colaboração, e depois que passar essa tensão por conta da doença COVID – 19, vamos ter um salto bastante interessante desse tensionamento de mudança das práticas pedagógicas”, acredita Daiani.
Desde 2005, a professora Miriam Brum Arguelho, do curso de Pedagogia do Campus de Ponta Porã, utiliza tecnologias digitais em suas práticas.
Para Miriam, o ensino dirigido pode e deve ser muito mais do que enviar textos e atividades por e-mail ou plataformas digitais para os alunos.
“Isso pode deixar a consciência do professor mais tranquila, mas não ajudará muito. Esta é uma oportunidade para ser criativo e inventivo nas formas de ensinar e aprender”, afirma.
A docente prefere usar ferramentas de proximidade com os alunos como webinários e aulas online, além de aplicativos que permitem videoconferência, como por exemplo o Google Hangout, o Skype, o Zoom, dentre outros.
“Uma outra estratégia que utilizo são as videoaulas. A duração varia entre seis e dez minutos no máximo e apresenta conteúdo criativo, leve e objetivo. Os alunos gostam de ser desafiados, então, faço jogos com atividades em que eles precisam produzir pequenos vídeos ou áudios e enviar para um grupo no WhatsApp, postar em um grupo no Facebook, ou mesmo por e-mail”, expõe.
Há várias ferramentas que permitem interagir simultaneamente compartilhando conteúdos e atividades com os alunos como é o caso dos aplicativos Glisser e Mentimeter, lembra Miriam. “Como sou uma estudiosa e curiosa das metodologias ativas, gosto de inserir elementos dessas metodologias nas minhas aulas e matérias do ensino a distância”.
Veja aqui sugestões das professoras nessa prática de estudos dirigidos:
- Tente criar canais de comunicação (e-mail, plataformas, grupos de WhatsApp, grupos no facebook, etc.) com os alunos.
- Crie tarefas pequenas, que exijam um produto dos alunos e tente dar um retorno (resoluções dos exercícios um ou dois dias depois, por exemplo, um debate num fórum sobre um texto, um filme, um webinário). São formas de atender as dúvidas dos alunos e provocá-los para novos conteúdos. Envie apenas nova tarefa depois de concluída a anterior.
- Tente entrar em contato com os demais professores da turma e coordenar o que é pedido (e para quando) para não sobrecarregar os alunos com tarefas e conteúdos.
- Além de atividades e conteúdos diretamente relacionados às disciplinas, aconselhe também filmes, documentários e outras atividades que os alunos possam fazer com autonomia.
- Seja objetivo e curto nas mensagens que transmitir aos alunos. Privilegie textos e vídeos curtos.
- Não espere mais trabalho dos alunos do que fariam presencialmente e lembre-se que terão menos apoio para resolver as tarefas que teriam na aula presencial.
- Divirta-se, seja leve e descontraído e ao elaborar seu material de aula, lembre-se sempre de como você gosta de aprender o conteúdo que está ensinando.
- Não prejudicar os alunos com atribuição de falta caso não tenham conseguido enviar alguma atividade, pois pode ser que alguns não tenham computador ou acesso à internet. É preciso ter flexibilidade e empatia nesse momento difícil que todos estamos enfrentando.
Texto: Paula Pimenta