Universidade participa de Conferência Nacional sobre Cuidados Paliativos

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2019, o número de crianças até nove anos atingiu cerca de 27 milhões, o de pessoas com mais de 60 anos chegou a 33 milhões. Junto a esta tendência do aumento no número idosos, observa-se também o aumento nas taxas de doenças crônicas e aquelas particulares ao envelhecimento.

A Organização Mundial de Saúde e Organização das Nações Unidas apontam que uma das melhores formas de lidar com o envelhecimento populacional é apostando em cuidados paliativos, ou seja, abordagens médicas que buscam aliviar o sofrimento relacionado à doença ou condição grave de saúde, com cuidados que melhoram a qualidade de vida dos pacientes, e tratam dores e outros sintomas de natureza física, emocional ou psicossocial.

Como forma de contribuir com o tema, no dia 19 de maio a Universidade participa da 1ª Conferência Livre Nacional sobre Cuidados Paliativos, que recebe o tema Cuidados Paliativos, um direito humano: políticas públicas já. O evento será em formato híbrido, das 12h30 às 17h30, no auditório da Faculdade de Odontologia.

O coordenador da Clínica Escola Integrada, Ramon Penha, explica que a iniciativa é gratuita e aberta a todos os cidadãos.  Para ele, o tema é de urgência e representa um desejo da sociedade que pede que políticas públicas sejam criadas para proteger os cidadãos e as famílias que necessitam de apoio e cuidados paliativos.

“Vivemos um momento histórico no Brasil e a 1ª Conferência Livre Nacional é a manifestação popular do anseio das pessoas em ter acesso ao cuidado integral, gratuito e de qualidade mesmo na presença da doença que não responde a tratamento modificador (cura). Na medida em que for estabelecida a Política Nacional de Cuidados Paliativos, então será possível organizar de maneira mais resolutiva os serviços de saúde para que alcancem a nobre missão de oferecer qualidade de vida ao tempo que nos foi concedido”.

A 1ª Conferência Livre Nacional sobre Cuidados Paliativos será realizada em 18 cidades diferentes do país, e pretende aprofundar este debate, com o objetivo de implementar mecanismos que contribuam para a melhoria da qualidade de vida e redução de morte no Brasil. As diretrizes e propostas do encontro podem ajudar a compor o Relatório Nacional Consolidado, apontando possíveis ações para a implementação da Política Nacional de Cuidados Paliativos no Sistema Único de Saúde (SUS).

Os interessados em participar do evento podem se inscrever por meio deste formulário. Após a inscrição, os participantes receberão um e-mail confirmando o cadastro na vaga presencial ou o link para a participação a distância.

Será emitida declaração de participação.

Cuidados paliativos 

Quando um paciente recebe um diagnóstico de que possui uma grave doença, com potencial de encurtar e piorar sua qualidade de vida, e que não possui cura, naturalmente, o passo seguinte é o de acessar mecanismos e cuidados que proporcionem bem-estar.  O coordenador da Clínica Escola Integrada afirma que todas as pessoas nestas condições gostariam de receber tratamentos que aliviem a dor ou sintomas de desconforto; orientações para saber como lidar com a doença; suporte psicológico e espiritual; auxílio para compreender a morte como parte do processo natural; apoio para manter a vida ativa o máximo possível; recursos para reduzir a ansiedade e até mesmo ajuda para que sua família aprenda a conviver com o diagnóstico.

Todas essas ferramentas são chamadas de cuidados paliativos, e existem profissionais da saúde que se especializam na área, auxiliando pacientes com condições crônico-degenerativas. Na UFMS, três pesquisadoras se uniram para produzir o estudo Manejo em cuidados paliativos, publicado em revista científica internacional. O principal objetivo do trabalho científico é auxiliar os profissionais de saúde a aplicar esses cuidados de maneira eficiente, colocando os pacientes e as famílias em primeiro lugar.

As profissionais do Núcleo de Ensino, Pesquisa, Assistência e Extensão em Cuidados Paliativos, do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS/Ebserh), residente em clínica médica Leifa Naiane Santos, médica Rosângela Silva Rigo, e assistente social Júlia Sezara Almeida, fizeram uma revisão narrativa sobre as melhores formas de aplicar os cuidados paliativos. O manejo dessa abordagem, de acordo com o estudo, possui alguns passos como: identificação; implantação dos cuidados paliativos; acolhimento do paciente e da família; e ampliação dos cuidados médicos.

Embora no Brasil ainda não exista a Política Nacional de Cuidados Paliativos, o coordenador reforça que, em 2018, foi publicada a Resolução nº 41, que dispõe sobre as diretrizes para a organização dos cuidados paliativos, dentro do SUS.

Texto: Agatha Espírito Santo