A partir desta quinta-feira, 18, a Cidade Universitária sedia a 5ª edição do Simpósio Internacional de Tecnologias em Educação Matemática, organizada pelo Grupo de Pesquisa Tecnologias Digitais, Mobilidade e Educação Matemática do Instituto de Matemática (Inma). O evento busca promover o diálogo entre diferentes pesquisas que se dedicam ao estudo das tecnologias digitais e das transformações que acompanham sua inserção nos processos educativos, com a participação de diversas instituições de ensino e pesquisa do Brasil e do exterior.
A reitora Camila Ítavo e o vice-reitor Albert Schiaveto participaram da abertura da programação, realizada em conjunto com o encerramento do 9º Festival de Vídeos Digitais e Educação Matemática. A solenidade reuniu apresentação musical da estudante do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Educação Matemática Ana Carolina Freitas, exibição de vídeo gravado com os participantes sobre O que o seu eu de hoje falaria pro seu eu de ontem? e leitura de duas carta abertas sobre uso de tecnologias por crianças e pessoas idosas.
“Nós ganhamos um verdadeiro presente de sermos testemunhas do trabalho brilhante. […] Isso não se faz de maneira individual. Isso se faz de maneira coletiva, então parabenizo em nome dos nossos estudantes, em nome dos nossos técnicos, inclusive dos meus queridos colegas professores e professoras”, celebrou a reitora. “Hoje me sinto muito honrada de ser professora da Universidade e atuar, trabalhar para que outros tenham a mesma oportunidade que eu tive. Tenho certeza que algo aqui nos une: a mesma missão e o mesmo sentido. A gente cresce enquanto pessoa, mas a gente também contribuir para o crescimento de tantas outras pessoas que ainda vão nascer, que não nasceram ainda”, discursou Camila.
O vice-reitor parabenizou a organização do evento e celebrou a oportunidade de aprendizado que teve durante a abertura. “Vocês estão fazendo uma coisa linda: ensinar matemática, talvez a disciplina mais desafiadora, para que os alunos realmente gostem. Eu já fiquei apaixonado só do jeito de vocês mostrarem como é que estão trabalhando. É isso que nós precisamos para a nossa sociedade”, disse Albert.
A diretora de Pós-Graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp), Caroline Spanhol, reforçou que eventos como esse motivam a busca contínua por melhorias no ensino, pesquisa e extensão. “A gente tem um maior carinho e uma preocupação também muito grande, porque os desafios são inúmeros. Somos hoje, na UFMS, 52 programas [de pós-graduação], bastante diversos. A gente busca encontrar caminhos para todos eles, para que todos eles prossigam e vocês, que estão aqui prestigiando esse lindo evento, são, na verdade, forças que vão levar essa locomotiva adiante, não só futuros doutores, futuros mestres, mas pessoas que realmente vão fazer a diferença na vida de outras pessoas”, destacou.
“Eu venho do Piauí e venho ter novas experiências aqui em Mato Grosso do Sul, assim como também sou professor da Educação Básica. Através dessas trocas de experiências, através de tudo isso, a gente vai aprendendo e poder contribuir um pouco mais com a educação de Mato Grosso do Sul. Quem sabe o professor doutor do futuro vai poder levar isso também para o Piauí e para demais partes do Brasil. Sejam todos bem-vindos”, falou o técnico-administrativo da Diretoria de Pesquisa da Propp Cícero Rocha.
Para o diretor do Inma, Bruno Amaro, é um prazer estar em um evento com auditório lotado e saber que as pessoas estão cada vez mais em busca de conhecimento e atualização. “Nós estamos realizando, só em 2025, cinco eventos no Instituto de Matemática na UFMS […] e, no ano que vem, vamos receber um dos maiores eventos internacionais, que é a 15ª Conferência das Partes (COP 15) da Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias, aqui na nossa Universidade, mostrando não apenas a grandiosidade que o Instituto de Matemática vem emplacando. […] A nossa Universidade vem passando por uma transformação no sentido de recepcionar, trazer eventos de grande porte e isso tudo é reflexo da capacidade dos nossos docentes, dos nossos técnicos e dos nossos alunos”, ressaltou.
“É muito legal ver esse auditório cheio, ter mais um evento do nosso programa. Deu certo! Só gostaria de desejar um ótimo evento, que a gente possa compartilhar bastante coisas, que a gente possa aprender, desaprender, se afetar e imaginar outros futuros”, frisou o coordenador do PPG em Educação Matemática, João Viola.
A professora do Inma e coordenadora do evento, Aparecida Chiari, agradeceu a participação de todos os presentes, em especial dos convidados externos: o professor da Universidade Estadual Paulista Marcelo Borba; a professora da Universidade de Córdoba, na Espanha, Andrea Torrano; a pesquisadora canadense da Universidade Simon Fraser Nathalie Sinclair; e a pesquisadora do Instituto de Ciências Humanas, Sociais e Ambientais, da Argentina, Natália Fischetti.
“Tecnologias não são neutras. Elas podem ser usadas de diversas formas. Elas podem ser usadas como arma, elas podem ser usadas para matar, elas podem ser usadas para aprender e eu acho que um evento como esse representa um espaço para gente poder conversar. Nós tivemos aqui duas cartas abertas de duas pessoas queridas, a quem eu agradeço, e é mais para gente começar a refletir”, afirmou.
A diretora regional de Mato Grosso do Sul da Sociedade Brasileira de Educação Matemática, Cláudia da Rosa, também participou da programação. “Um evento, tecnologia e coisas simples que tocam o coração. Às vezes, a gente pensa que para ser bom tem que ser algo mirabolante, tem que ser algo muito tecnológico, mas não. Para ser bom tem que ser uma poesia com uma senhora, uma poesia com um menino, uma música boa para escutar. As coisas são todas interligadas”, disse.
Uma das cartas abertas foi lida por Maria Terezinha. “É comum sentir que não somos capazes, que o erro é nosso, quando, na verdade, o que falta é uma forma mais acolhedora de ensinar e incluir. Na matemática então, isso pesa ainda mais. Muitos de nós, não tiveram acesso à escola como temos hoje e alguns carregam lembranças de dificuldades com números. Quando encontramos aplicativos e programas que poderiam nos ajudar a treinar o raciocínio, eles cheios de botões, senhas e instruções rápidas demais. A tecnologia que poderia ser ponte vira barreira”, falou. “Nós somos o agora também, estamos vivos, lúcidos, curiosos e ávidos em decifrar esse mundo virtual, facilitador para quem o conhece e podemos aprender de novas formas. Queremos que vocês criem recursos digitais de matemática que sejam claros, simples, com letras maiores e explicações gentis”, acrescentou.
“A gente já é gente, não somos o futuro. Temos ideias, sentimentos e queremos ser escutados. A gente gosta de tecnologias, dá para aprender, brincar e falar com os amigos, mas também queremos tempo fora da tela. Correr, inventar histórias e brincar no chão. Queremos que a internet tenha coisas do nosso tamanho, sem coisas que assustam ou fazem a gente querer ser adulto antes da hora. E o mais importante: não falem da gente sem ouvir a gente. Nada sobre nós sem nós”, completou o representante das crianças, Enzo Chiari.
Após a abertura do evento, o professor Marcelo Borba ministrou a palestra Seres-Humanos-Com-Mídias em tempos de Inteligência Artificial: uma perspectiva histórica sobre o agency das coisas em Educação Matemática.
Texto e fotos: Thalia Zortéa











