Seminário Estadual da Guavira inicia com painel sobre mudanças climáticas e impacto na biodiversidade

Foi realizada na manhã desta quinta-feira, 13, a abertura do 8º Seminário Estadual da Guavira, evento dedicado à valorização do fruto símbolo do estado de MS que reúne pesquisadores e produtores para o diálogo e o incentivo ao uso sustentável da guavira em diversas áreas. O tema que permeia as discussões neste ano é Bioeconomia e mudanças climáticas: cultivando biodiversidade e fortalecendo comunidades.

A cerimônia de abertura foi no auditório da Uems, em Campo Grande, com a participação de pesquisadores e produtores de diversas áreas, como gastronomia, turismo, cultura, pesquisa, inovação, produção artesanal, geração de renda comunitária, cooperativismo e extrativismo sustentável. A programação é promovida Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em parceria com a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), a Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp) e a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.

A guavira (Campomanesia spp.) foi declarada o fruto símbolo de Mato Grosso do Sul pela Lei Estadual Nº 5.082, em 7 de novembro de 2017, proposta pelo deputado estadual Renato Câmara. “A guavira gera muitos dividendos e recursos importantes para os estados que a produzem. Quando pensamos em valorizar nosso produto local, estamos falando de uma planta nativa, precisamos torná-la conhecida e um seminário como este tem essa dimensão”, afirmou o parlamentar.

O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Fabrício Frazilio, enfatizou que o evento já faz parte da agenda científico-cultural do Estado, reafirmando a importância da sociobiodiversidade como papel de sustentabilidade para MS. “As parcerias entre as instituições são muito importantes, pois fortalecem ainda mais nossas pesquisas. Hoje, a UFMS tem uma unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), a Agrotec, que trabalha com bioeconomia e, por meio, dela já tivemos diversos projetos em parcerias, que trabalharam produtos dessa fruta maravilhosa que temos no nosso Estado”, declarou. 

A pró-reitora de Extensão, Cultura e Esporte, Lia Brambilla, ressaltou as pesquisas e atividades de extensão realizadas na Universidade. “Nossos estudantes estão cada vez mais engajados na questão da sustentabilidade e da inovação. Além da polpa, nossos pesquisadores estão desenvolvendo estudos com a casca e descobrindo cada vez mais propriedades, vitaminas, ações anti-inflamatórias e bactericidas. A extensão está aí para apoiar essas iniciativas, logicamente, e exteriorizar, passar para a comunidade tudo o que a gente sabe”, apontou. 

“Para nossos estudantes é um momento de muito engajamento, temos ali uma mesa de pratos e produtos que foram elaborados, que têm a mão de cada estudante que se desenvolve e aprende as técnicas no curso de Engenharia de Alimentos”, enfatizou a diretora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição (Facfan), Luciana Miyagusku. 

Sobre as parcerias, a diretora lembrou do papel da Agrotec. “Na UFMS, é a nossa Embrapii, onde conseguimos trazer a ciência e a tecnologia mais para perto dos produtores. Muitas vezes, eles não conseguem ter fomentos para se desenvolver e, por meio das pesquisas, eles conseguem melhorar seus produtos, escalonar mercados. Esse evento é um exemplo disso, como podem observar há aqui uma série de produtores que fizeram isso e ali tem a participação da UFMS”, explicou.

A professora da Facfan Raquel Pires Campos é uma das responsáveis pela organização do evento e destacou o caráter interinstitucional da iniciativa. “Desde o início em 2018, a UFMS tem essa parceria com a Uems, UFGD, a Agraer, a Uniderp e o deputado Renato Câmara, que foi quem propôs e promoveu a guavira, quem incentivou e incentiva todos os anos o seminário. Somos pesquisadores em diferentes áreas e temos essa interação e trabalho em conjunto”, afirmou.

Neste ano, a coordenação do evento é realizada pela professora da Uems Zilda Holsback. “Essa lei, ao colocar a guavira como fruto símbolo do Estado, amplia muito as possibilidades de valorização de todas as plantas que estão inseridas no mesmo ambiente, por isso é tão importante, porque também representa a riqueza do Cerrado, a riqueza do conhecimento tradicional”, disse.

“Esse evento é muito especial, quando entramos aqui e observamos os produtores comercializando seus produtos, vemos a força da agricultura familiar no campo, nos negócios e empreendedorismo; e quando entramos no auditório e vemos os alunos do ensino médio, junto com todas as universidades e instituições parceiras, fazendo essa conexão até a pós-graduação e o âmbito dos produtores rurais, temos aqui todas as fases de uma cadeia de produção”, observou o reitor da Uems, Laércio de Carvalho. “A lei que traz valorização ao produto une gerações e mostra que a guavira é um eixo transformador de vidas, que devemos preservar e cultivar”, complementou. 

O superintendente de Agricultura e Pecuária em Mato Grosso do Sul, José Antônio Roldão, declarou a felicidade em ver a comunidade universitária em destaque. “A vida é um paradoxo. Às vezes, vemos pessoas defendendo a extinção de espécies exóticas e, de outro lado, vemos uma comunidade agregando valores e cuidando das nossas belíssimas mudas. Há de se refletir, por isso ressalto o papel importante do pensamento, da imersão que tem essa comunidade acadêmica”, afirmou, parabenizando a todos pela realização e colocando à disposição o Ministério da Agricultura e Pecuária para os debates junto ao segmento.

O diretor-presidente da Agraer, Fernando Luiz Nascimento, agradeceu a todos pela parceria e aos colegas que desenvolvem trabalhos relacionados à guavira. “A importância desse trabalho não é só pela questão ambiental, mas também como renda para o produtor. Nós, na Agraer e na Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) buscamos rentabilidade para ele ter lucro, para aumentar a qualidade de vida”, indicou.  

O secretário executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável da Semadesc, Rogério Beretta, também agradeceu a parceria com as instituições de pesquisa para realizações como o Seminário. “A gente tem as universidades trabalhando juntamente com o Governo do Estado no desenvolvimento de pesquisas, no desenvolvimento de melhoramento genético para a gente poder acelerar e dar condições para a gente fazer um plantio comercial da guavira. Então, é o casamento perfeito”, disse. 

“Uma atividade como esta, o Seminário Estadual da Guavira, tem tudo a ver com a temática ambiental, é o resgate de uma cultivar nativa sendo domesticada para utilização, principalmente na biodiversidade”, observou a secretária-executiva de Agricultura Familiar, de Povos Originários e Comunidades Tradicionais da Semadesc, Karla Nadai.

O painel de abertura Mudanças climáticas e impacto na biodiversidade teve a participação da professora da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (Faeng) Camila Aoki, do deputado Renato Câmara e do meteorologista Vinicius Banda Sperling. Na parte da tarde, a programação segue com apresentação de trabalhos e um painel com o tema Bioeconomia, um agente da inovação e conservação da biodiversidade. A programação completa pode ser acessada aqui

Texto: Ariane Comineti

Fotos: Rúbia Pedra