Semana da Educação Bilíngue de Surdos fortalece a inclusão e diversidade

Como forma de fortalecer a inclusão e a diversidade, foi realizada nesta segunda-feira, 22, a abertura da Semana da Educação Bilíngue de Surdos: comemorando as conquistas dos surdos de Mato Grosso do Sul, na Cidade Universitária. O evento tem como objetivo valorizar e fortalecer o uso da Língua Brasileira de Sinais, assim como destacar o protagonismo da comunidade surda no Estado.

Para a professora da Faculdade de Educação (Faed) e coordenadora do evento, Karine Negreiros, é um momento especial para a comunidade surda e celebra a primeira semana do curso de Licenciatura em Educação Bilíngue de Surdos na Universidade. “Pensamos em contemplar toda a cultura surda, principalmente a cultura de identidade surda, em todas as áreas. Vamos ter tanto sobre a língua de sinais, expressões idiomáticas, a construção da língua e da identidade, quanto a atingir esferas indígenas, no esporte, a cultura afro, a quilombola. Vamos ter representantes de todos esses pequenos grupos dentro da comunidade surda, pensamos em contemplar o máximo possível da cultura surda, mostrar a diversidade cultural. […] A gente precisa, junto com a sociedade, abraçar esse movimento”,

O momento foi pensado para ser realizado no Setembro Azul, mês dedicado à visibilidade, orgulho e luta da comunidade surda. “A gente vem lutando há muitos e muitos anos pela valorização, pela visibilidade, pelo fomento e vai se ampliando a cada ano. […] É uma forma de dar também para os estudantes ouvintes da Universidade esse conhecimento, essa valorização, para eles verem o que a Língua de Sinais tem a oferecer”, destacou a professora do curso de Licenciatura em Educação Bilíngue de Surdos da Faed, Elaine Aparecida da Silva.

A roda de conversa destacou a importância do desenvolvimento e fortalecimento das línguas indígenas de sinais e para a comunicação no esporte para surdos. “Até pouco tempo atrás, os surdos viviam escondidos nas aldeias e isso era deixado de lado, não tínhamos esse acesso educacional em Libras. […] Estamos caminhando para a comunidade acadêmica também entender a Língua Indígena de Sinais, que é muito diferente da Libras, tem a cultura indígena também, não é só a cultura surda, tem o pensamento cultural indígena que precisamos entender e dar visibilidade”, disse a professora indígena da etnia Terena Alessandra Souza Daniel, vinculada ao curso de Licenciatura em Letras – Libras da Universidade Federal da Grande Dourados.

“O nosso objetivo com o desporto surdo é que tenha acessibilidade dentro do esporte. É muito difícil ter, por exemplo, árbitros que saibam atuar, precisamos de uma formação para esses árbitros para depois conseguir participar dessas competições. Isso é um processo, o esporte para surdo vem ampliando a cada ano com visibilidade e com fomento. Vamos lutar para complementar e ampliar”, acrescentou o presidente da Associação Pantanal dos Surdos de Mato Grosso do Sul, Renato Borges Daniel.

O estudante e representante da primeira turma do curso de Licenciatura em Educação Bilíngue de Surdos da Faed, Daniel Lemes, acredita que eventos como esses podem mudar o olhar da sociedade. “É uma forma de motivar e mostrar a comunidade, interna e externa, que não tem esse conhecimento e, com isso, nós torcemos para que no curso tenha essa complementação e que consiga sempre ter essa representatividade tanto dentro da Universidade como fora”.

Texto e fotos: Bianka Macário