Propostas incentivam voluntariado e Web-educação em saúde

Uma das ações para o enfrentamento da Covid-19 realizadas pela UFMS tem como objetivo incentivar professores, técnicos e acadêmicos a proporem ações integradas de pesquisa, vigilância e suporte técnico-científico a gestores e profissionais da saúde. Dentre as diversas propostas submetidas ao edital, estão duas desenvolvidas pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, intituladas “Corrente do bem” e “Web-educação em saúde”.

“Com a substituição das atividades presenciais pelas realizadas com o auxílio das tecnologias de informação e comunicação e, também devido à interrupção nos atendimentos realizados pelo Hospital Veterinário (HV), idealizamos esses dois projetos envolvendo professores e residentes a fim de colaborarmos de forma ativa, seja estimulando ações de voluntariado ou atividades de educação e conscientização em saúde”, comenta a coordenadora dos projetos Juliana Galhardo.

O projeto Corrente do Bem tem como intuito a colaboração ativa da equipe junto a instituições, animais ou pessoas que precisem de doações em geral, a fim de praticar o bem no âmbito da saúde única, incluindo o bem-estar humano, animal e ambiental. “Especialmente nesse momento de pandemia, é uma atividade super importante pois além da formação de estudantes, residentes, contribui para o exercício da cidadania”, destaca Galhardo. De acordo com a coordenadora, a proposta inclui auxiliar em ações de promoção de campanhas que já existem.

“A experiência é enriquecedora, temos a oportunidade de conversar e trocar ideias com pessoas que estão ajudando direta e indiretamente no processo de combate ao coronavírus. Pessoas que estão se desdobrando para ajudar outras pessoas e os animais neste momento. É realmente uma experiência única”, conta a residente do segundo ano Andreza Furtado de Souza. Ela está se especializando na área de Anestesiologista e Medicina de Emergência Veterinária. “Acredito que a maior habilidade explorada nesse momento é a capacidade de gerenciamento, porque precisamos produzir dentro de casa, sem contato direto com os animais, algo difícil e completamente fora da nossa rotina. Isso é algo complicado para qualquer profissão, então acredito que sairemos desse período mais centrados e organizados”, complementa.

De acordo com Andreza o grupo está atuando junto a organizações não governamentais e instituições beneficentes além do Hemosul e bancos de leite. “Divulgamos os pedidos de doações nas redes do programa de residência, mas também colaboramos com as campanhas. Por exemplo, no Hemosul organizamos idas isoladas para doação de sangue de residentes, professores, servidores e acadêmicos da Famez. Entre as instituições que já foram contatadas estão Hemosul, Pedacinho do Céu, Guarda Animal, Secretaria Municipal de Saúde e Banco de Leite Materno de Campo Grande.

Outro tema importante que foi trabalhado na Corrente do Bem foi educação financeira. “Na última quinta-feira, 9, produzimos uma postagem sobre educação financeira, pois sentimos que o maior desespero das pessoas no momento é a falta do dinheiro. Muitos de nós não se preparam para momentos difíceis, não têm reserva de emergência e muitas vezes nem ouviram falar sobre educação financeira, então decidimos abordar o assunto também”, relata Andreza. Ela acrescenta que às segundas-feiras são estabelecidos temas a serem trabalhados nos dias que se seguem. “Nesta semana estamos trabalhando em conteúdos voltados para o comportamento e entretenimento dos pets no período de isolamento social. Muitos tutores ficam em dúvida sobre o assunto”, diz.

Ainda nesta proposta, outro eixo de atuação é a promoção da posse responsável, incluindo a adoção de animais e prevenção ao abandono, bem como a organização e operacionalização das ações e doações. “Temos um problema sério causados pela desinformação que faz, muitas vezes, com que pessoas vejam os animais como perigosos e acabam os abandonando. Por outro lado, existe outro movimento, no sentido contrário, ou seja, pessoas que moram sozinhas estão procurando animais de estimação para companhia nesse momento de isolamento social”, ressalta a coordenadora Juliana. Ainda dentro desse eixo, os residentes resgataram sete gatos que foram abandonados na Faculdade e realizaram uma ação para adoção. “Conseguimos encaminhar quatro deles. Os demais estão em tratamento e assim que estiverem bem, serão encaminhados para adoção. Ainda, cuidamos de todo o manejo ambiental e alimentar nos revezando durante a semana”, explica Andreza.

Web-educação em saúde

“Acabamos nos renovando e adaptando a ideia do projeto Leish Não, que envolvia atividades on-line em educação em saúde. Nossos residentes precisavam ficar na ativa, por isso propus a educação em saúde pela web, utilizando ferramentas que já estavam disponíveis – como os perfis do programa nas redes Facebook, Instagram. Os residentes então passaram a produzir materiais visuais, gráficos, vídeos, áudios, textos, inclusive podcasts”, diz a professora Juliana. “O material produzido é incluído e organizado dentro de um drive, para que depois seja inserido também em alguma outra página ou até mesmo disponibilizado em sites institucionais da Universidade”, fala Galhardo.

Para a residente do primeiro ano em Zoonoses e Saúde Pública Patrícia Estolano Francelino a atual momento levou a uma transformação da rotina e busca por novas possibilidades de atuação. “O atual cenário em que estamos vivendo nos força a reorganizar nossas ações enquanto indivíduos. Estamos buscando novas plataformas e métodos para possibilitar o repasse de informações seguras e corretas. O trabalho tem nos trazido desafios, já que nosso contato era estritamente presencial. Hoje, estamos desenvolvendo habilidades no campo criativo, com produção de informação técnica de forma simplificada, produzindo textos, imagens, gráficos. Entendemos que essas informações são valiosas, nós estamos em contato com elas e, por isso, podemos adaptá-las para o contexto em que vivemos”, destaca.

“Nosso trabalho é importante, pois temos contato mais fácil com organismos nacionais e internacionais. Em uma época na qual impera a liquidez no conteúdo, é preciso filtrar essas informações que chegam com todos os tipos de conteúdo, informações falsas até e que geram pânico. Produzir material que seja de fácil acesso e a partir do qual as pessoas possam embasar suas ações, evitando prejuízos ás suas vidas e as vidas dos animais é gratificante”, completa Patrícia.

Segundo a professora Juliana, as duas propostas convergem entre si. “Nas equipes temos residentes e professores da Famez e todos estão em constante interação. Sabemos que os residentes podem ser convocados para atuar em outras unidades, mas enquanto isso não acontece, por meio dos dois projetos conseguimos desenvolver atitudes mais humanizadas, levando, agora, o máximo de informações que conseguirmos pela Internet e em outra fase, quem sabe, pessoalmente também”, diz a coordenadora. “Tem sido uma ótima experiência passar informações de saúde pública, vigilância epidemiológicas, pelas redes no Facebook, Instagram e Twitter. Já tratamos sobre fake News, doação de leite materno, papel do médico veterinário, cuidado com os animais, entre outros, que estão disponíveis nas nossas redes e assim auxiliamos na disseminação de informações corretas”, acrescenta Gabriella Penzo, residente do segundo ano em Diagnóstico por Imagem.

“Já vínhamos trabalhando nessas ações há um mês praticamente, desde a interrupção dos atendimentos no HV. Com o lançamento do edital, decidimos institucionalizar nosso projeto”, fala Juliana. Além de residentes e professores do programa, outros professores da Famez se candidataram a ajudar no desenvolvimento das ações de forma voluntária. “A solidariedade e as ações de educação em saúde uniram muitas pessoas”, destaca. Em relação aos resultados dos projetos, a equipe espera atingir o maior público possível. “Tanto nas ações de solidariedade como nas ações de web-educação em saúde, esperamos atingir o maior número de pessoas possível. Especialmente na educação, pois acreditamos que seja fundamental neste momento, especialmente para combater informações falsas”, conclui Galhardo.

Equipe

Integram a equipe do projeto Web-educação em saúde: os professores Larissa Correa Hermeto, Ricardo Antonio Amaral de Lemos, Paulo Antonio Terrabuio Andreussi, Aline Gomes da Silva, Larissa Gabriela Avila e Viviane Maria oliveira dos Santos Nieto; e os residentes Patrícia Estolano, Michele Areco, Andresa Frade, Letícia Lopes, Marisol Madrid, Nayara Romeiro, Mariana Gomes, Otávio Silvestre, Jecelen Campos, Rodrigo Kadri, Juliana Maia, Lídia Sperandio, Maria Clara Brigatto e Gabriella Penzo. Já a equipe do projeto Corrente do bem é integrada pelos professores Eliane Viana Costa e Silva, Verônica Jorge Babo-Terra e Larissa Correa Hermeto, além dos residentes Andreza Furtado, Valdir Meira, Natielly Chimenes, Tayza Souza, Diego Matos e Fernanda Soares.

Para saber mais acesse as redes do programa de Residência em Medicina Veterinária no Instagram, no Facebook e no SoundCloud.

Texto: Vanessa Amin

Imagens: Arquivo do Programa de Residência em Medicina Veterinária