Pós-graduandos e pesquisadores participam de curso sobre escrita científica

Cerca de 250 inscritos lotaram o Anfiteatro 2 do Complexo Multiuso hoje (30) para um curso com o professor Gilson Volpato, da UNESP de Botucatu. Intitulado “Why and How to write a paper effectively” – Por que e como escrever um trabalho efetivamente -, o curso aborda a escrita científica incluindo bases filosóficas, metodológicas e comunicacionais na ciência, bem como toda estrutura lógica de um texto científico e do estilo científico de redação.

A realização é da Faculdade de Computação (FACOM), com apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPP), e participam alunos e professores de 40 cursos de pós-graduação da Universidade, entre Mestrado e Doutorado, de diversas áreas do conhecimento.

A Secretária Especial de Avaliação Institucional da UFMS, professora Marize Terezinha Lopes Pereira Peres, relatou que não é a primeira vez que o professor vem à Instituição. “Desde 2007 o ministrante tem vindo compartilhar seu conhecimento com nossa comunidade acadêmica. Primeiro para alguns cursos de pós-graduação pontuais e já há algum tempo para cada vez mais alunos dos nossos Mestrados e Doutorados. O professor Gilson é uma pessoa extremamente experiente no assunto, é autor de 12 livros e diversas publicações, e por isso temos muito a ganhar com sua presença. Um dos entraves dos programas de pós-graduação no País é a baixa produção científica, refletida nas avaliações institucionais, por isso é importante fazer com que os alunos conheçam como se faz ciência de verdade, de qualidade e possam impulsionar sua produção”, disse.

De acordo com o Diretor da FACOM, professor Henrique Mongelli, o objetivo é auxiliar os alunos das diversas pós-graduações num processo de escrita que é diferenciado do comum. “Ter de escrever a experiência realizada já é para muitas pessoas uma dificuldade, escrever em linguagem científica é mais difícil ainda. A pesquisa científica não diz respeito a uma só pessoa, a um grupo de pesquisadores, mas ela tem de poder ser validada por outros grupos pra poder ser usada. A escrita científica não traz apenas a descrição do que foi feito, traz a possibilidade de quem lê reproduzir o experimento, utilizar as informações para avançar nas pesquisas, então é preciso que o texto seja muito claro, que os objetivos estejam bem estabelecidos e que a parte metodológica esteja bem definida”, explicou.

Curso Why and How to write a paper effectively

Gilson Volpato declarou que uma das dificuldades reconhecidas hoje no assunto é o próprio domínio do pensamento científico. “Muitos acreditam que não sabem escrever, mas na verdade não dominam o pensamento científico, erram em questões conceituais. E isso percebi já há muito tempo, quando analisei revistas internacionais e nacionais. Quando eu identificava uma boa revista percebia que havia uma coerência entre o pressuposto filosófico e a escrita, quando a revista não tinha essa coerência pareciam conversas completamente distintas. Além disso, atualmente, há um grande problema de ensino no País, tanto no que diz respeito ao não domínio da metodologia científica em si, quanto no que tange à forma de passar a informação, à pedagogia de ensino. Assim, no curso hoje abordarei seis áreas prioritárias para a boa escrita científica, quatro da filosofia: filosofia da ciência, epistemologia, lógica e ética; e duas outras: a metodologia científica e a comunicação”, declarou.

Maria Cristina Dias da Rocha Pavão, que secretaria o Programa de Pós-Graduação em Comunicação, classificou como importantíssimo o curso. “Já fiz uma disciplina como aluna especial e pude perceber como surgem dúvidas na hora de escrever. Existem muitas teorias e muitas metodologias, então aprofundar o conhecimento nessa área é essencial para todos”, afirmou.

Para Bruno Alonso Caputo, aluno do programa de Pós-Graduação em Tecnologias Ambientais, o aprofundamento trará o amadurecimento da escrita. “Todo pesquisador vive de publicar artigos, quanto melhor e mais amadurecida sua escrita, maiores são as chances de publicar em uma revista que tenha uma qualificação maior, que tenha um fator de impacto maior. Isso tudo trará ao pesquisador benefícios futuros, seja para parcerias, colaborações e avanços na pesquisa, seja para a divulgação de descobertas, entre outros”, lembrou.