Pesquisa aponta mudanças drásticas na prática de atividades físicas pela população campo-grandense

A restrição de circulação de pessoas e proibição de aglomerações, medidas adotadas pela Prefeitura Municipal de Campo Grande em meados de março, e que levaram ao fechamento das academias de ginástica diversas e à interdição do funcionamento das praças esportivas, parques e equipamentos de lazer destinados à prática de atividades físicas, mudaram o estilo de vida da população campo-grandense.

Essa realidade foi constatada na pesquisa “Consequências da pandemia da Covid-19 sobre a prática de atividades físicas da população Campo-grandense”, coordenada pelo professor do curso de Educação Física Joel Saraiva Ferreira, vinculada ao Observatório de Atividades Físicas e Esportivas da UFMS, inscrita no edital de ideias, ações e projetos “UFMS contra o Coronavírus”.

Para a coleta de dados, formulário online vinculado ao Google Forms foi elaborado pela equipe de pesquisa e distribuído via aplicativo de mensagem no período de 7 a 14 de abril a pessoas adultas e idosas, cadastradas no programa de promoção de atividades físicas ofertadas pela Fundação Municipal de Esportes de Campo Grande (Funesp), que abrange 49 atividades/modalidades em 70 locais da Capital.

Formulários com respostas válidas totalizaram 1.907 pessoas, sendo 88,7% de mulheres, 54% entre 40 a 59 anos e 47,1% com Ensino Médio completo.

Professor Joel Ferreira em treinamento de parte do grupo de pesquisa do projeto Observatório de Atividades Físicas e Esportivas

“Antes da pandemia da Covid-19, a prática de atividades físicas era um hábito consolidado entre a população pesquisada, sendo as atividades praticadas bastante diversificadas. Mas as medidas de distanciamento social impactaram sobre o estilo de vida da população campo-grandense”, expõe o coordenador.

Apenas 8% conseguiram manter a mesma proporção de exercícios físicos durante o período de isolamento em casa, principalmente porque não dispunham (42%) de espaços e locais adequados para a prática de atividades. Outros 30,1% reclamaram da falta de equipamentos/aparelhos e 27,9% da falta de orientação de professor de educação física.

Dessa forma, houve grande diminuição na quantidade de pessoas consideradas ativas fisicamente, quando comparados os períodos “sem” e “com” medidas de distanciamento social devido à Covid-19. Outros indicadores foram relacionados ao comportamento sedentário, com aumento do “tempo de tela”, o que inclui TV, celular, computador, etc., assim como de “tempo sentado”, valores muto acima dos limites recomendados de até três horas por dia.

“As evidências apontadas pelo presente estudo indicaram uma alteração drástica no estilo de vida da população campo-grandense, especialmente daqueles que cumpriam as recomendações mínimas de 150 minutos semanais de atividades físicas antes da pandemia e não conseguiram se manter ativos durante os momentos de distanciamento social, tornando-se assim, insuficientemente ativos fisicamente”, afirma o professor Joel.

O pesquisador observa ainda que sendo a prática insuficiente de atividades físicas um fator de risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), a pandemia irá impactar não apenas nos aspectos econômicos ou ligados diretamente ao adoecimento. “Há ainda efeitos secundários, que demandarão ações do poder público quando o cotidiano voltar ao “novo normal” após o controle da doença”, completa.

Texto: Paula Pimenta