Samba e ancestralidade marcam a edição Africanidades da Sexta na Concha

Na véspera do feriado do Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra, celebrado hoje, 20, a Concha Acústica da Cidade Universitária viveu uma sexta-feira antecipada. Em clima de celebração e muita energia, a Sexta na Concha foi realizada de forma excepcional no meio da semana, reunindo estudantes, servidores e pessoas da comunidade externa na edição Africanidades.

Para a pró-reitora de Extensão, Cultura e Esporte (Proece), Lia Brambilla, o evento representa o papel social da Universidade em comemorar e propor diálogos sobre a negritude e a brasilidade. “Eventos como este fortalecem toda essa integração, entre toda a comunidade. Não só a comunidade acadêmica, mas sim a comunidade acadêmica e também a comunidade externa, por meio da arte e também da representatividade. Realmente, é o papel da extensão. […] O objetivo da Sexta na Concha da UFMS realmente é dar essa relaxada, sextou, juntar o pessoal e curtir, ver e apreciar o que a gente tem de bom na cultura sul-mato-grossense”, disse.

A pró-reitora de Cidadania e Sustentabilidade (Procids), Vivina Sol, a temática desta edição fortalece o compromisso da UFMS com a inclusão, o respeito à diversidade e o desenvolvimento sustentável. “Ao trazer esses festivais para dentro da UFMS, é a hora da Universidade mostrar a sua missão com a nossa cultura afro-brasileira. É mostrar o seu compromisso com a cultura afro-brasileira, é mostrar o seu compromisso com a diversidade, é mostrar o seu compromisso com as políticas e ações afirmativas. Este é um momento muito especial, porque nós estamos fazendo essa edição cultural na Concha, às vésperas de um feriado muito importante, que é 20 de novembro, o dia dedicado a Zumbi dos Palmares, que lutou pela liberdade junto com Dandara. É um momento em que todas as ações aqui vão trazer a figura de Zumbi e vai trazer também para o centro da nossa discussão a importância dessa temática estar nos nossos projetos de ensino, nos nossos projetos de extensão, de inovação, de pesquisa, de sustentabilidade”, enfatizou.

O público foi recebido ao som de Jorge Aluvaiá e sua banda Capuz Negro, que abriram a noite com o afro rock. O diálogo com a história e a resistência de pessoas pretas e pardas seguiu com o grupo Mistura das Minas, que levou ao palco vozes femininas em canções afrolatinas e sambas.

A vocalista do trio Mistura das Minas, Ariádne Farinéa, destacou a importância de trazer força e representatividade feminina para o evento na UFMS. “A gente está muito feliz de trazer a representação cultural, que é o samba para o nosso país, enquanto linguagem, enquanto música, enquanto cultura mesmo, e receber esse convite da UFMS é uma honra para nós, para mostrar um pouco do nosso trabalho, de como o samba atravessa e vem desde a nossa formação como pessoa. Tanto eu quanto as meninas temos desde berço samba na nossa família”, contou.

Ariádne ainda ressaltou que representar a cultura do país é também uma forma de manter viva a tradição do samba em sua própria realidade. “O dia 20 tem uma importância muito grande como uma representação para o povo negro, que é a maioria do nosso país, da formação do nosso país. Então, trazer a cultura do samba, que é majoritariamente do povo preto, para cá é muito importante. Sou egressa, fiz Artes Visuais aqui na UFMS e estar vindo aqui hoje, depois de ter assistido há 10, 12 anos o som da Concha, é saber que está dando certo o caminho que escolhi trilhar, que é o da arte e da música”, revelou.

Já o cantor Jorge Aluvaia destacou a relevância de ocupar espaços acadêmicos e culturais com arte e identidade. “Fazer música na UFMS, sendo uma pessoa negra, é reafirmar esse lugar de ser músico, de ser cientista, porque a gente trabalha com fenômeno acústico, e de trazer a filosofia negra agregada ao som”, concluiu.

O evento ainda promoveu uma feira de economia criativa e da gastronomia afro-brasileira.

 

Texto: Lúcia Santos

Fotos: Raul Delvizio