Rede de Saberes celebra 20 anos no 13º Encontro Estadual dos Acadêmicos Indígenas

Entre esta segunda-feira, 25, e quarta-feira, 27, estudantes indígenas de diversas etnias e das universidades Federal de Mato Grosso do Sul, Federal da Grande Dourados (UFGD), Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems) e Católica Dom Bosco (UCDB) estarão reunidos no Teatro Glauce Rocha para discutir temas como acesso e permanência ao ensino superior; ações de pesquisa e extensão; e também participar de atividades esportivas e culturais.

“É um prazer receber estudantes indígenas de todo o Estado. É um momento importante de troca de saberes e valorização das identidades, para que possamos discutir as políticas de ingresso e permanência. Isso é fundamental para que possamos valorizar cada vez mais os povos indígenas e eles possam estar mais conosco. Temos, hoje, uma grande quantidade de estudantes indígenas por conta da separação das cotas de pretos, partos e indígenas. Temos também a Bolsa Permanência e teremos um programa que deve ser aprovado – UFMS Indígena – que representa um grande avanço liderado pela Pró-Reitoria de Cidadania e Sustentabilidade (Procids). Isso vai nos ajudar ainda mais a cuidar de todas as pessoas nos câmpus. Estamos muito felizes em receber esse Encontro”, enfatizou o vice-reitor Albert Schiaveto.

A pró-reitora da Procids, Vivina Sol, falou um pouco sobre o programa UFMS Indígena. “Esse é um programa pensado exatamente porque a UFMS tem esse compromisso os estudantes indígenas, em especial no Câmpus da UFMS de Aquidauana, onde se encontra a maior concentração. Ao valorizar essa população, estamos mostrando que nossos povos originários são os indígenas. Todos os saberes que eles trazem são importantes e nós podemos dar a eles a voz. Assim, o UFMS Indígena vem para valorizar todas as etnias que temos aqui, em sua cultura, saberes, diversidades”.

A diretora de Cidadania da Procids, Luciana Contrera, destacou a rica programação e deu as boas-vindas a todos. “Vocês são protagonistas desse evento que também comemora o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Parabenizo todos pela iniciativa e por estarem a frente para manter a cultura de vocês.  A programação está recheada de ensino, pesquisa, extensão, mas também esporte, cultura. Estamos de portas abertas e aproveitem”, discurs0u.

“Sejam todos bem-vindos. Vocês, estudantes que estão aqui hoje, quero parabenizar por esse encontro e pelo tema que será discutido. Como diretor da Faculdade de Ciências Humanas (Fach), tenho muito orgulho em dizer que a Rede de Saberes está em nossa Faculdade. Parabéns pelo Encontro, este é um momento muito importante para dar voz aos estudantes indígenas, aproveitem bastante”, disse o diretor da Fach, Cleverson Rodrigues.

O Encontro também marca a comemoração dos 20 anos do grupo Rede de Saberes, coordenado pelo professor da Fach Antônio Urquiza. “Esse é um movimento que começou nas universidades e, com o tempo, passou a ser de responsabilidade dos próprios estudantes. A cada ano, o evento é realizado em uma das instituições de ensino. Nos anos iniciais, os garotos e garotas que vinham das aldeias para estudar tinham muitas dificuldades. Mas, o projeto veio, deu respostas, muitos deles se formaram, passaram em concursos, estão no mestrado e fizeram até o doutorado. Esse é um investimento humano que tem retorno fortíssimo, ele foi empoderando os estudantes, até que eles assumiram a organização do Encontro”, contou.

“Foi um desafio, mas mostramos que somos capazes. Organizar esse evento foi importante para conseguirmos dialogar com lideranças e realizar esse evento na Universidade. Também conversamos com as outras instituições que fizeram o evento anteriormente. O debate é rico em sabor para que a gente possa aprender o que queremos com ciência e educação e com o aprendizado de nossa ancestralidade. A nossa cultura, a ciência e a educação conseguem andar junto”, disse a coordenadora do evento, Edileuza Costa.

O estudante de Medicina da Faculdade de Medicina da UFMS e vice-representante do núcleo Rede de Saberes, Tauan Gonçalves, também enfatizou a importância da iniciativa. “No Estado, temos várias etnias, línguas e com muitas dificuldades. O coletivo Rede de Saberes vem para sanar a questão cultural na Universidade. Quando chegamos na cidade, temos um choque cultural e o coletivo vem acolher quem vem para Universidade. É como se fosse uma comunidade indígena dentro da Universidade. Tem muitas coisas ainda que precisamos sanar, mas coletivo é isso, um grupo que tem sonhos e que quer levar esses sonhos para a nossa base”, falou.

O cacique da Aldeia Marçal de Souza, Josias Ramires, também marcou presença na abertura do Encontro. “Esse está sendo um encontro muito importante e tenho certeza que vai ser um sucesso. Um momento de fortalecimento dos povos e de discutir a importância do curso superior, de eles estarem empenhados em se formar em conquistar o certificado. Essa oportunidade que está sendo dada a eles para discutir o que cada Instituição está fazendo, quais as dificuldades que eles enfrentam”.

O assessor do Programa Indígena de Permanência e Oportunidade na Universidade do Instituto Sociedade, População e Natureza, Francisco Sarmento, atua em Brasília e falou sobre a oferta de bolsas e oportunidades oferecidas pelo Instituto. “Temos ajudado estudantes de cerca de 18 estados e de várias instituições de ensino superior. Também apoiamos as universidades, em Mato Grosso do Sul, com a Rede de Saberes, os encontros para discutir as política de permanência e a representatividades de estudantes nesses espaços do ensino superior. Agradeço esse momento e parabenizo a todos os que estão diretamente envolvidos no evento”.

Zuleica Tiago faz Medicina na Uems e também participa do evento. “Eu sempre estudei na aldeia e o primeiro contato com a Universidade foi na Uems. Ali também estava o coletivo Rede de Saberes, com cursos de informática, impressão, cursos, atividades extracurriculares, além das cotas indígenas e isso é muito importante pra nós. Fiz Enfermagem na Uems, depois na UFMS fiz mestrado e, hoje, estou fazendo o curso de Medicina. Antes eram cursos inalcançáveis pra gente”, contou. Ela pretende fazer a diferença na vida das comunidades, aliando o que aprende nas aulas e com os saberes tradicionais da cultura indígenas.

Após a cerimônia de abertura, a programação seguiu com debate entre estudantes de instituições distintas sobre suas experiências. Mais informações sobre o evento podem ser obtidas no perfil da Rede de Saberes no Instagram.

 

Texto e fotos: Vanessa Amin