Pesquisa avalia alimentação em shopping centers de Campo Grande

Com elevada frequência de alimentação fora do domicílio, incentivada por situações como moradia longe do local de trabalho ou estudo, reduzido tempo destinado à alimentação, ausência de produção de refeições nos lares, uma pesquisa do Curso de Nutrição quer analisar o ambiente alimentar e os cardápios de shopping centers de Campo Grande.

Ao todo serão avaliados 83 estabelecimentos localizados nos shoppings centers Campo Grande, Norte Sul, Bosque dos Ipês e Pátio Central. Os restaurantes com unidades em mais de um dos shoppings serão incluídos na amostra uma única vez.

“Ao final desse estudo, espera-se qualificar os cardápios oferecidos nos shopping centers, de forma nutricional, sensorial e cultural, e desta forma levantar questões de implementações de políticas públicas para a obrigatoriedade de opções mais saudáveis, além de informações nutricionais à população consumidora”, diz a coordenadora da pesquisa, professora Patrícia Vieira Del Ré.

O plano de trabalho prevê a caracterização dos estabelecimentos, especialidades, tipo de serviço oferecido, disponibilidade de alimentos e bebidas; identificar se há informação nutricional, facilitadores e barreiras ao consumo de alimentos saudáveis; descrever e comparar os preços dos produtos comercializados e avaliar de forma subjetiva a percepção geral, higiene e aparência do local.

Também, em uma segunda etapa, será feita a avaliação dos cardápios dos restaurantes do tipo Prato Pronto Padronizado (PPP).

O projeto de pesquisa tem dois planos de iniciação científica e tem a participação das acadêmicas do terceiro ano do Curso de Nutrição Gabriela Vaz Cippel e Giovanna de Moraes Ribeiro Tavares, que terão o tema como base de seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC).

Questionamentos

 “Queremos saber o que os frequentadores dos shoppings têm de opção para consumir. É claro, que o enfoque é procurar se elas têm opções saudáveis, o que vamos descobrir por meio de um questionário bem amplo”, diz a professora.

Uma das principais indagações é saber se os consumidores enfrentam barreiras para a alimentação saudável, tais como oferta de promoções só com alimentos de alto valor calórico, oferta de tamanhos/porções maiores por pouco acréscimo de valor, oferta de refil free, combos, brinquedos atrelados aos pratos infantis, entre outros.

Ou ainda, se há incentivos à alimentação saudável, como frutas no cardápio, banners que mostrem alimentos de melhor qualidade nutricional, como verduras e hortaliças, incentivo da troca do alimento frito pelo assado, do queijo amarelo pelo branco, da farinha branca pela integral, além de produtos diet, light, ou até mesmo oferta de porções reduzidas.

“Também vamos avaliar se o preço interfere na alimentação saudável, se atua como uma barreira, em casos como a troca de um refrigerante ou bebida alcóolica por um suco” completa a coordenadora.

Os estabelecimentos estão divididos, na pesquisa, por quilo ou self service (10 unidades); lanchonetes, confeitarias e cafés (25), Prato Pronto Padronizado (16), À la Carte (9) e outros (23).

“Depois vamos fazer uma análise mais detalhada nos restaurantes que servem os PPPs, escolhendo no cardápio o prato mais barato e o mais caro, avaliando a qualidade nutricional. Escolhemos esse tipo por se assemelhar mais aos pratos do cotidiano das pessoas, em geral por apresentarem carne, arroz, feijão, salada”, expõe.

Na análise dos pratos em 16 estabelecimentos será verificado, também, se o preço interfere na qualidade nutricional. “A ideia é fazer uma avaliação como cliente, não iremos entrevistar os responsáveis do local. Após esse mapeamento geral, poderemos dizer a o que a nossa população está exposta em relação aos shopping centers, que representam uma boa parcela da alimentação fora do lar”, diz a professora Patrícia.

Os restaurantes, alerta a coordenadora, têm responsabilidade em relação à alimentação da população. “Antigamente, comíamos muito pouco fora de casa, era muito pontual, em datas especiais. Os restaurantes precisam ter políticas mesmo, não dá mais para pensar nesses estabelecimentos apenas como uma forma comercial de venda de produto, também devem assumir uma responsabilidade coletiva”.

Uma das propostas da pesquisa é mostrar, depois dos resultados, que se necessitam políticas públicas que incentivem a alimentação saudável, limitando as barreiras e estimulando os facilitadores.

“Não queremos que haja proibição de produto algum, mas que as pessoas tenham boas opções de comida saudável e que não existam barreiras para isso. Se não nos preocuparmos em estimular uma alimentação saudável teremos muitos problemas de saúde no futuro e os governos devem se atentar para essa realidade”, coloca.