Equipe da UFMS de Aquidauana irá representar estado em desafio nacional

A equipe Pantanerds do Câmpus da UFMS de Aquidauana (CPaq) irá representar Mato Grosso do Sul na etapa nacional do Desafio Liga Jovem (DLJ), realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O evento será no final de novembro e começo de dezembro na cidade de Belém, no Pará.

O grupo é formado pelos estudantes de Administração Paulo Henrique Tavares, Daniel Benitez Martins e Maria Eduarda Souza Aivi; e de Ciências Biológicas Kacielle Palheta Verissimo, sob orientação do professor José Alexandre dos Santos. “A equipe Pantanerds foi formada especialmente para o desafio, mas é importante destacar que o projeto com o qual participa do desafio, o Itukéti, tem sua origem no programa de extensão Enactus, em que a equipe atua em projetos com a comunidade da região”, explica o docente.

O objetivo do Itukéti, que significa “fazer indígena”, é valorizar a cultura indígena, o artesanato local e a geração de renda de forma sustentável. Foi criado por iniciativa dos estudantes que tinham interesse em atuar diretamente junto às comunidades. “Os estudantes são os principais protagonistas da construção e desenvolvimento deste projeto, a partir de visitas e da compreensão da realidade das comunidades, surgiu a ideia de conectar os artesãos indígenas às pessoas que consomem a arte. Em um primeiro momento, a ideia era facilitar essa comercialização, mas trazer também o protagonismo para a cultura indígena, não só com os materiais, mas trazer também a história, a cultura, então o projeto foi sendo construído e aprimorado com foco principalmente na valorização das comunidades indígenas”, aponta o professor. 

O projeto é ligado ao empreendedorismo sociocultural, une saberes tradicionais e práticas inovadoras, demonstrando o poder da educação como agente de transformação social e desenvolvimento sustentável. A iniciativa é coordenada também pela diretora do CPaq, Ana Graziele Toledo, e pelo professor Bruno Araujo. “Por meio do Itukéti, o artesão recebe 100% do valor da peça dele. Até o momento, não conheço outro projeto que tenha esse modelo de negócio em específico com o qual trabalhamos”, destaca o estudante Paulo Tavares.

“Ainda no início do Itukéti, conhecemos uma das primeiras artesãs que trabalharam conosco, a dona Clemilda da aldeia Mãe Terra, de Miranda. Ela nos passou algumas peças para fazermos a ponte para vender, nós apresentamos o projeto em São Paulo, no Evento Nacional Enactus Brasil e fomos premiados, nossa primeira premiação. Quando voltamos à aldeia, levamos o troféu para ela e conseguimos proporcionar novas ferramentas para que ela continuasse o trabalho, mas, ao invés de nos agradecer pela venda das peças e ferramentas, ela olhou para mim e agradeceu porque nós nos lembramos dela e voltamos à aldeia”, conta.

Sobre o aprendizado proporcionado aos estudantes, o professor José Alexandre dos Santos destaca a imersão na realidade local e a compreensão das reais necessidades das comunidades, o protagonismo nos espaços onde os estudantes estão inseridos, além do trabalho em equipe e em conjunto com as comunidades para a construção das soluções. “A participação no Desafio Liga Jovem e o desenvolvimento do projeto Itukéti são experiências profundamente transformadoras para os estudantes. Pois, o DLJ proporciona à equipe a oportunidade de aprimorar suas ideias com o apoio de especialistas, ampliar o olhar sobre o empreendedorismo e compreender melhor como unir propósito e inovação. Essas vivências fortalecem competências essenciais à formação universitária, como liderança, trabalho em equipe, visão estratégica, empatia social e capacidade de transformar conhecimento em soluções concretas para os desafios da sociedade”, indica.

Para o professor, representar o Estado na etapa nacional é motivo de grande honra e orgulho, pois acredita ser o reconhecimento de um trabalho construído com esforço e dedicação. “A expectativa para a etapa nacional é mostrar o potencial transformador da educação, da inovação e do empreendedorismo social, apresentando o projeto Itukéti como um exemplo de como ideias criativas podem gerar impacto positivo e inspirar outras comunidades. Além disso, é uma oportunidade de dar maior visibilidade para a região do Pantanal e para as comunidades indígenas que representam uma grande parte dos estudantes do Câmpus de Aquidauana”, reforça.   

O docente destaca ainda que a classificação da equipe Pantanerds reforça o compromisso da UFMS com a formação de jovens protagonistas e inovadores, preparados para contribuir com o desenvolvimento social, cultural e econômico de Mato Grosso do Sul e do país. “A trajetória da equipe demonstra como a Universidade pública, aliada a programas de incentivo como o Desafio Liga Jovem, pode ser um vetor de transformação social e sustentabilidade, conectando saberes tradicionais, tecnologia e empreendedorismo de impacto social”, finaliza.

Texto: Ariane Comineti

Foto: Arquivo do professor e projeto Itukéti