Doze estudantes de doutorado iniciam período sanduíche no exterior em 2026

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) divulgou o resultado do Programa Institucional de Doutorado Sanduíche no Exterior (PSDE). Ao todo, 12 estudantes de doutorado da UFMS foram aprovados, vinculados a sete unidades: Câmpus da UFMS de Chapadão do Sul (CPCS); institutos de Química (Inqui), Física (Infi) e Matemática (Inma); e as faculdades de Educação (Faed), Medicina (Famed) e de Medicina Veterinária e Zootecnia (Famez). Entre os países de destino estão: Estados Unidos, Portugal, Espanha, Chile, França, Alemanha, Argentina e Honduras.

“Historicamente, a UFMS tem obtido um bom índice de aceite no PDSE, refletindo a qualidade dos projetos submetidos e o preparo dos nossos estudantes”, destaca a diretora de Pós-Graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp), Caroline Spanhol. “A presença de estudantes aprovados e em processo de doutorado sanduíche é de fundamental importância para os programas de pós-graduação (PPGs). Essa modalidade promove a internacionalização do programa, eleva a qualidade da pesquisa desenvolvida, e gera maior visibilidade científica para o PPG, contribuindo para a elevação do seu conceito e, também, para a nossa Universidade”, avalia.

Nos Estados Unidos, os estudantes foram aprovados na Universidade da Geórgia e no Instituto de Pesquisa Infantil de Seattle. Na Espanha, os doutorandos vão para o Instituto de Ciência e Tecnologia do Carbono e a Universidade da Salamanca. Os destinos ainda incluem o Instituto Politécnico de Bragança, em Portugal; a Pontifícia Universidade Católica de Valparaíso, no Chile; a Universidade Pedagógica Nacional Francisco Morazán, em Honduras; a Universidade Nacional de Córdoba, na Argentina; a Universidade de Toulouse, na França; e a Universidade Regensburg, na Alemanha.

“Quando nossos estudantes têm acesso a essa experiência internacional, eles ampliam sua formação científica, integram-se a redes globais de pesquisa e têm contato com metodologias, laboratórios e grupos especializados. Isso eleva a qualidade das teses, fortalece parcerias internacionais permanentes e contribui para a internacionalização da produção acadêmica da UFMS. Além disso, o retorno desses estudantes ao Brasil traz um efeito multiplicador, beneficiando seus programas de pós-graduação, seus orientadores e toda a comunidade acadêmica”, acrescenta o diretor da Agência de Internacionalização (Aginter), Gustavo Cancio.

A Aginter atuou em parceria com a Propp na organização e condução do processo de seleção interna. “Contribuímos especialmente na divulgação das oportunidades, no esclarecimento das regras internacionais envolvidas, na orientação dos programas de pós-graduação e dos candidatos, e no suporte às exigências das instituições estrangeiras. Também colaboramos na avaliação documental e na verificação da aderência dos planos de estudo às diretrizes de internacionalização da UFMS. Essa atuação conjunta assegurou transparência, rigor técnico e alinhamento com as melhores práticas internacionais”, explica o diretor.

O PDSE foi instituído em 2011, em substituição ao Doutorado Sanduíche Balcão e ao Programa de Doutorado no País com Estágio no Exterior (PDEE). A alteração visou dar maior agilidade no processo de implementação das bolsas de estágio de doutorando no exterior. O objetivo é apoiar a formação de recursos humanos de alto nível por meio da concessão de bolsas de doutorado sanduíche no exterior aos cursos de doutorado reconhecidos pela Capes. O estágio no exterior deve contemplar, prioritariamente, a realização de pesquisas em áreas do conhecimento menos consolidadas no Brasil.

A Pró-Reitoria de Pós-Graduação das instituições de ensino superior, ou órgão equivalente, é responsável por divulgar o PDSE, homologar as candidaturas aprovadas pelos programas de pós-graduação elegíveis, divulgar os resultados, realizar o acompanhamento dos bolsistas e egressos, mantendo a Capes informada sobre o andamento do estágio no exterior e garantindo o cumprimento das normas do programa. As bolsas são concedidas individualmente e incluem benefícios como: mensalidade, auxílio deslocamento, auxílio instalação, auxílio seguro-saúde, adicional localidade (quando for o caso). A duração é de quatro a nove meses.

Experiência e expectativas

Ênio Manfroi Filho vai para o Câmpus de Tifton, na Universidade da Geórgia. Ele é estudante do PPG em Agronomia, do CPCS. “O Câmpus é referência na área de Ciências Agrárias. O estado da Geórgia é uma região fortemente agrícola, produtora de milho doce, blueberry e diversas outras culturas importantes”, comenta. “Após o período de candidatura e análise, os resultados foram divulgados oficialmente por meio do edital da Capes, como ocorre em todos os processos seletivos do Programa de Doutorado Sanduíche. Além disso, existe uma plataforma específica da Capes destinada ao acompanhamento de todas as etapas do processo, desde a inscrição até a emissão dos documentos finais”, explica. “Foi por meio dessa plataforma e do contato dos técnicos responsáveis pelo acompanhamento dos bolsistas que recebi a confirmação formal da minha aprovação. Esse sistema dá transparência ao processo e permite que o candidato acompanhe o andamento em tempo real”, ressalta o estudante.

A linha de pesquisa do doutorando do CPCS é voltada para tecnologias aplicadas ao agronegócio, com foco em sensoriamento remoto, espectroscopia, aprendizado de máquina e agricultura digital. “Atuo principalmente no desenvolvimento de métodos que utilizam inteligência artificial para análise de plantas, solos, grãos e sistemas produtivos, buscando maior precisão, eficiência e sustentabilidade”, diz.

“Essa experiência vai ampliar significativamente minha formação científica. Terei contato direto com novas tecnologias, metodologias avançadas e grupos de pesquisa de referência internacional. Além disso, essa vivência contribui para a internacionalização do Programa de Pós-Graduação da UFMS, especialmente do Câmpus de Chapadão do Sul, que já se destaca como referência em Ciências Agrárias no Centro-Oeste. Todo esse conhecimento adquirido será aplicado em projetos futuros, na formação de novos pesquisadores e no fortalecimento da relação entre a UFMS e instituições internacionais, beneficiando tanto minha carreira quanto a Universidade”, detalha.

Sobre a contribuição da UFMS no processo de aprovação, Ênio considera que “a UFMS foi essencial em todo o processo. “Sou muito grato pelas oportunidades oferecidas e pelo apoio institucional. Agradeço especialmente aos professores Paulo Teodoro, Cid Campus Nauldi e Paulo Carteri Coradi, que sempre incentivaram, orientaram e contribuíram diretamente para o desenvolvimento desse projeto e para minha formação acadêmica”, fala. “Essa oportunidade representa mais do que um avanço acadêmico. Ela reforça o compromisso de levar o conhecimento científico produzido aqui para o cenário internacional e, posteriormente, trazer de volta experiências e tecnologias que possam fortalecer o agronegócio do Centro-Oeste. Também abre portas para futuras parcerias internacionais, novos projetos de pesquisa e maior visibilidade da UFMS no contexto global. É uma conquista pessoal, mas também um passo importante para o desenvolvimento científico e tecnológico da Instituição e da região”, comenta.

Já Tatiane da Silva Alves, do PPG em Educação Matemática oferecido pelo Inma, na Cidade Universitária, vai realizar o período sanduíche na Universidade de Salamanca (USAL). “Receber a notícia da classificação foi um momento de muita emoção. Eu estava mergulhada na escrita da tese quando o resultado saiu e senti como se várias partes da minha trajetória, acadêmicas, pessoais e afetivas, se encontrassem naquele instante. Foi uma mistura de alegria, alívio e gratidão por ver meu trabalho sendo reconhecido e ganhando novas possibilidades”, relata.

“Minha pesquisa investiga os processos de subjetivação de professores e professoras indígenas de matemática em Mato Grosso do Sul, buscando compreender como seus modos de ser e estar no mundo dialogam, se confrontam ou se entrelaçam com a atuação profissional. Trabalho articulando antropologia, filosofia e educação matemática, porque acredito que essas lentes ajudam a enxergar a potência dos diferentes mundos que atravessam esses corpos. Na Universidade de Salamanca, serei orientada pelo professor Ángel Baldomero Espina Barrio, referência em antropologia e estudos sobre e com povos originários. Poder vivenciar novas discussões, metodologias e encontros acadêmicos certamente ampliará a força teórica, metodológica e ética da minha tese”, explica.

Em relação às expectativas para a viagem, ela se sente otimista. “Estou em fase de preparação documental, visto, seguro-saúde, carta de aceitação, moradia, e também numa preparação interna, organizando minha vida acadêmica e pessoal para viver uma imersão total na pesquisa. Pretendo permanecer na Espanha de janeiro a julho de 2026, participando de disciplinas, seminários, encontros de grupos de pesquisa e aprofundando a escrita da tese em diálogo com pesquisadores da USAL. É um movimento desafiador, mas cheio de entusiasmo e de abertura para tudo que essa experiência poderá transformar em mim enquanto pesquisadora e enquanto pessoa”, conta Tatiane.

Ela também considera que a UFMS teve papel importante na aprovação pela Capes. “A UFMS teve um papel decisivo para que minha inscrição fosse bem-sucedida. O acompanhamento próximo do meu orientador, professor Thiago Pedro Pinto, foi fundamental: seus comentários, conversas e provocações nas orientações, nos seminários e no Grupo História da Educação Matemática em Pesquisa, fortaleceram muito a consistência do projeto apresentado. A Universidade também oferece condições concretas para o desenvolvimento da pesquisa, desde auxílios para participação em eventos científicos até editais claros, organizados e amplamente divulgados. Os processos administrativos são ágeis, e o Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática mantém um compromisso constante com a valorização e a divulgação das produções discentes”.

“Essa ponte com Salamanca também foi possível porque meu orientador realizou seu pós-doutorado lá. Durante sua estadia, ele teve a oportunidade de conversar com diversos pesquisadores da instituição, entre eles o professor Ángel Baldomero Espina Barrio. Em um desses encontros surgiu justamente a possibilidade de aproximar minhas áreas de interesse, antropologia e filosofia, especialmente no trabalho com professores e professoras indígenas e na compreensão dos modos de existência que atravessam suas trajetórias. Essa articulação construída no âmbito da UFMS foi essencial para que minha proposta fosse acolhida e para que eu pudesse ampliar internacionalmente minha pesquisa”, fala. “Para mim, essa conquista representa um compromisso com as histórias, os corpos e os mundos que compõem a pesquisa. Levo comigo a responsabilidade ética de possibilitar aberturas para que suas diferenças ressoem como são. São vozes que não se alinham, que divergem, que criam desvios e é justamente nessa multiplicidade que encontro o sentido do meu trabalho”, conclui.

Internacionalização na UFMS

De acordo com o diretor da Aginter, a UFMS atualmente possui diversos estudantes, tanto de graduação quanto de pós-graduação, realizando mobilidade internacional fora dos editais da Capes. “Esses intercâmbios ocorrem por meio de acordos bilaterais, programas próprios da UFMS, oportunidades oferecidas diretamente por universidades parceiras e iniciativas individuais apoiadas pela Agência. A ampliação e consolidação de nossas parcerias internacionais têm permitido que cada vez mais estudantes participem de experiências acadêmicas no exterior, independentemente de editais nacionais de fomento”, ressalta Cancio.

Na página da Aginter, constam mais informações sobre a internacionalização na UFMS. Para saber sobre as chances de mobilidade disponíveis no momento, basta acessar o Quadro de Oportunidades.

Confira a relação dos estudantes de doutorado da UFMS aprovados no PDSE

  • Cássio Augusto de Oliveira Moraes – PPG em Química (Instituto de Química)
  • Davi Moraes de Oliveira – PPG em Ciência Animal (Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia)
  • Debora Coelho de Souza – PPG em Educação Matemática(Instituto de Matemática)
  • Diego Boldo – PPG em Química (Instituto de Química)
  • Elber Vinicius Martins Silva – PPG em Agronomia (Câmpus das UFMS de Chapadão do Sul)
  • Enio Antonio Manfroi Filho -PPG em Agronomia (Câmpus das UFMS de Chapadão do Sul)
  • Luiza Batista Borges – PPG em Educação Matemática (Instituto de Matemática)
  • Mariana Gazzoni Sperotto – PPG em Doenças Infecciosas e Parasitárias (Faculdade de Medicina)
  • Murillo Aurélio de Moura Araujo – PPG em Educação Matemática (Instituto de Matemática)
  • Rodrigo Gonçalves Duarte – PPG em Educação (Faculdade de Educação)
  • Tatiane da Silva Alves – PPG em Educação Matemática (Instituto de Matemática)
  • Willy Bellard Kira – PPG em Ciência dos Materiais (Instituto de Física)

Texto: Vanessa Amin

Fotos: Arquivo da UGA e USAL