Na próxima semana, a Cidade Universitária recebe a 35ª edição do Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música. O evento tem como tema Das Margens ao Centro: Música e Direitos Humanos e será a primeira vez que é realizado em Mato Grosso do Sul. A programação será realizada de forma híbrida, entre 6 e 10 de outubro, permitindo que participantes acompanhem parte das atividades on-line. Haverá mesas-redondas, com convidados nacionais e internacionais, além do Fórum de Coordenadores de Programas de Pós-Graduação em Música, voltado ao fortalecimento institucional da área.
Segundo o professor da Faculdade de Artes, Letras e Comunicação (Faalc) e coordenador-geral do evento, Jorge Geraldo, o enfoque do Congresso revela a importância de escutar outras vozes e promover novos espaços de protagonismo, envolvendo temas contemporâneos e urgentes, como sustentabilidade, equidade de gênero, combate ao racismo e inclusão de grupos minorizados. “Ao colocar as margens em destaque, o congresso propõe uma mudança de perspectiva. A música, enquanto direito cultural, pode ser mediadora de outros direitos fundamentais e contribuir ativamente para transformações sociais urgentes”, explica.
“O Congresso recebeu um grande número de submissões e aprovou mais de 350 trabalhos, que serão apresentados ao longo da semana em sessões tanto presenciais quanto on-line”, destaca o professor. Além do debate teórico, pretende-se impulsionar a produção científica e artística no Estado. A expectativa é que o evento fortaleça os grupos de pesquisa locais e incentive a criação de um Programa de Pós-Graduação em Música na UFMS. “Receber a Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música em Campo Grande amplia o diálogo entre regiões, valoriza nossas iniciativas acadêmicas e cria novas oportunidades para estudantes e pesquisadores”, acrescenta o professor.
Na programação artística, o congresso será dividido em dois eixos: o primeiro reúne trabalhos ligados à pesquisa artística, selecionados por chamada específica; o segundo, voltado ao público, apresenta concertos noturnos no Teatro Glauce Rocha e no auditório Professor Luís Felipe de Oliveira, com grupos formados por estudantes, professores e convidados do curso de Música da Faalc. “Queremos criar uma experiência que una pesquisa, ensino e extensão, levando a produção acadêmica para o palco e promovendo intercâmbio cultural entre diferentes regiões do Brasil”, finaliza o professor Jorge Geraldo.
Programação
“A programação do congresso foi elaborada para articular debates acadêmicos relevantes e uma agenda artístico-cultural diversificada. Entre os destaques estão a abertura oficial, com a conferência Música e direitos humanos na América Latina: das margens ao centro, ministrada pela professora da Universidade de La Plata, Verónica Cannarozzo”, ressalta o professor. Ela é musicoterapeuta e pesquisadora na área de direitos humanos e memória social.
O concerto de abertura também foi pensado de forma especial. “Queríamos trazer elementos que representam o estado de Mato Grosso do Sul e, ao mesmo tempo, integrar as práticas de extensão e pesquisa do curso de Música da UFMS. Por isso, unimos o Núcleo Sinfônico da UFMS, projeto de extensão que coordeno e que envolve estudantes e músicos da comunidade, ao Pantanal Sounds, coordenado pelo professor William Teixeira. Essa iniciativa, realizada em parceria com a Universidade de Harvard, transforma sons coletados no bioma em novas obras musicais”, explica.
“A programação contempla diferentes dimensões: obras de compositores brasileiros e latino-americanos, como a Brasiliana, de João Guilherme Ripper, e Latinoamérica Despierta, de Rubén Darío Goméz; além das criações inéditas do Pantanal Sounds, como Toté, de José Henrique Padovani, e A Mônada, de Rael Gimenes, que une solista, banda sinfônica e registros sonoros do Pantanal. Também buscamos valorizar a produção artística local, com a participação das cantoras campo-grandenses Namaria, Karla Coronel e Marta Cel. Esse conjunto de obras convida à reflexão sobre a preservação ambiental e reforça o papel da música como campo de conhecimento e ligação com a comunidade”, fala Jorge.
O concerto de abertura contará, ainda, com a participação dos solistas William Teixeira (violoncelo) e Evandro Higa (piano), sob a regência do professor Jorge Geraldo, e será realizado no Teatro Glauce Rocha, no dia 6, às 19h30. Toda a programação artística do congresso é aberta ao público e gratuita.
O professor Jorge destaca também a mesa-redonda Políticas de formação e fomento à pesquisa no Brasil, com a participação do representante do CNPq Luis Ricardo Queiroz e da Capes Aloysio Fagerlande, que discutirão o campo da pesquisa em música no país. “No eixo artístico, o congresso contará com concertos diários que mostram a produção musical da UFMS e de seus parceiros. A programação inclui Emo’u ihunóvoti: A voz do vento, de egressa do curso de Música e estudante do PPGEL Mariana Terena, a apresentação da Camerata Madeiras Dedilhadas, em 7 de outubro; o espetáculo Efêmeras Amálgamas, realizado pela turma de Arranjo e Criação Musical 2025/2, em 8 de outubro; e, encerrando a série, a apresentação do Madrigal MS, em 9 de outubro.
Todas as informações sobre o evento estão disponíveis aqui.
Texto: Vanessa Amin e Lúcia Santos
