“Trabalho que empobrece”. Título que foi atribuído à matéria publicada no Jornal Laboratório Projétil, edição 84, escrita pelos acadêmicos de Jornalismo da UFMS, Ghéssica Rodrigues e Iago Porfírio, sob orientação do professor Edson Silva. Tendo como tema geral do caderno “violação dos direitos humanos na perspectiva da mulher”, Iago conta como optaram por escrever sobre o trabalho infanto-juvenil doméstico: “através da pesquisa que fizemos pra construir a pauta, vimos que o trabalho infantil, especialmente o trabalho infantil doméstico, como categoriza a Organização Mundial do Trabalho, é uma das formas mais perversas de violação dos direitos das crianças e adolescentes. Escolhemos esse tema, mas fazendo um recorte para o gênero feminino”.

O desenvolvimento da matéria constituiu-se de etapas, entre elas a pesquisa jornalística acerca do tema e em seguida a garimpagem, momento em que se faz uma “sondagem” em cenários propícios ao tema na busca por personagens para ilustrar essas histórias. As poucas dificuldades que surgiram durante a garimpagem, segundo Iago, foram por se tratar de um assunto delicado que envolvia crianças e adolescentes. No mais, os outros processos da construção jornalística foram distensos, visto que ambos possuem certa proximidade com o tema, pois começaram a trabalhar muito cedo. “Fomos vítimas do trabalho infantil, mas conseguimos quebrar esse ciclo. E quem não consegue?”, complementa Iago. O “ciclo” que se faz menção é aquele em que naturaliza práticas e discursos sobre o assunto, tornando-os enraizados na sociedade. “Disso a gente tira um exemplo das frases que a gente ouve desde criança, ‘eu trabalhei a vida inteira e não morri’; ‘você trabalha pra adquirir experiência’; ‘melhor trabalhar do que ficar na rua’. E por aí vai. Então a questão cultural acaba se sobrepondo ao fator econômico também”, finaliza o acadêmico.
A dupla já colhia bons frutos com artigos da pesquisa realizada. Em 2015, foram classificados em primeiro lugar no XII Congresso Internacional de Direitos Humanos (CIDH), oferecido pela UCDB. E nesse ano alcançaram a premiação de melhor reportagem da região Centro-Oeste, na categoria acadêmica, oferecida pelo Prêmio de Jornalismo do Ministério Público do Trabalho (MPT). (confira a premiação no link: http://premiomptdejornalismo.com.br/reportagens-sobre-sindicatos-e-terceirizacao-sao-as-grandes-vencedoras-do-premio-mpt-de-jornalismo/)
Sobre essa experiência, Iago afirma que acha interessante, “pois é um reconhecimento que existe de fato esse problema social que compromete o futuro da criança. Além do reconhecimento pelo trabalho acadêmico, pela possibilidade de trabalhar essas narrativas, uma coisa mais diferenciada, um jornalismo mais rico mesmo, de imersão. De você ir lá, ficar, ouvir, pesquisar afinco e não fazer uma coisa superficial”.
