Com o objetivo de promover a conscientização e fortalecer ações integradas em saúde pública e saúde animal, a UFMS promove o 3º Encontro sobre Raiva em Mato Grosso do Sul (E-Raiva MS) entre os dias 15 e 19 de setembro. O evento reunirá mais de 600 inscritos, entre estudantes, pesquisadores, profissionais, gestores e a sociedade civil, para debater desafios, compartilhar experiências e atualizar práticas de saúde única. Para participar, é necessário preencher o formulário disponível neste link.
“A raiva continua sendo um desafio de saúde global, ainda com milhares de mortes por ano no mundo, especialmente em países em desenvolvimento. Mesmo com os avanços no Brasil, a doença não foi eliminada e requer vigilância constante em humanos, animais domésticos e silvestres”, explica a professora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia e coordenadora do evento, Juliana Galhardo. Em Mato Grosso do Sul, o vírus circula entre morcegos hematófagos e não hematófagos, o que mantém o risco de transmissão secundária para outros animais e para pessoas.
A iniciativa pretende se consolidar como o maior evento já realizado sobre raiva no Estado e antecipa as celebrações do Dia Mundial contra a Raiva, instituído para mobilizar governos, instituições científicas, profissionais e sociedade em torno da prevenção e eliminação da doença. “A UFMS tem papel estratégico na formação de profissionais e na produção de conhecimento científico em saúde pública e saúde animal. Organizar um evento como este, que marca os dez anos sem casos humanos de raiva em Mato Grosso do Sul, é reafirmar o compromisso da Universidade com a sociedade, enquanto instituição que atua com excelência no tripé ensino-pesquisa-extensão. Além disso, a instituição se coloca como espaço de diálogo entre gestores, profissionais, instituições governamentais, pesquisadores e a população, celebrando uma conquista importante, mas também reforçando a responsabilidade de manter esse cenário”, enfatiza a coordenadora.
Programação
O E-Raiva contará com dois pré-eventos: o Seminário Nacional dos Programas de Controle da Raiva dos Herbívoros e Mostra Nacional dos Programas de Controle da Raiva dos Herbívoros, de 15 a 17 de setembro; e o Encontro das Secretarias Municipais de Saúde de MS: atualização em vigilância e assistência à raiva, no dia 17.
A programação principal será realizada no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo, em Campo Grande, de forma gratuita, nos dias 18 e 19. As atividades incluem conferências, mesas-redondas, apresentação de trabalhos científicos e lançamento de documentário produzido pela TV UFMS sobre o último caso humano no Estado. Entre os destaques estão os debates sobre vigilância da raiva humana e animal, inovação em diagnóstico, manejo de morcegos, estratégias de vacinação e experiências de ensino, pesquisa e extensão.
“Mais do que celebrar uma década sem casos humanos, o encontro é um chamado para mantermos a vigilância ativa, ampliarmos a integração entre setores e seguirmos baseando nossas ações em ciência, evidências e inovação tecnológica”, acrescenta Juliana.
O encontro é promovido com apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária; Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação; Secretaria de Estado de Saúde; Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal; Escola de Saúde Pública Dr. Jorge David Nasser; Fundação Oswaldo Cruz; e da Embrapa Pantanal.
Raiva
A raiva é uma doença infecciosa viral aguda grave, que acomete mamíferos e caracteriza-se como uma encefalite progressiva e aguda com letalidade de aproximadamente 100%. De acordo com o Ministério da Saúde, entre os sintomas estão mal-estar geral, pequeno aumento de temperatura, náuseas, cefaleia, anorexia, dor de garganta, entorpecimento, irritabilidade, inquietude e sensação de angústia. Quando a doença progride, surgem manifestações mais graves e complicadas, como: ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes; febre; delírios; e espasmos musculares involuntários, generalizados e/ou convulsões.
“A prevenção depende de ações permanentes, como campanhas de vacinação, diagnóstico oportuno e assistência rápida a pacientes agredidos por animais. Entre as inovações, podemos destacar o uso de técnicas moleculares de diagnóstico, como a RT-qPCR, que já substituiu métodos tradicionais em alguns laboratórios, além da incorporação da vigilância genômica e do uso de tecnologias digitais para notificação e monitoramento de casos, que fortalecem a capacidade de resposta”, esclarece a professora da UFMS.
Texto: Thalia Zortéa
