Novo relatório simula ocupação de uso de infraestrutura hospitalar em Campo Grande

Pesquisadores do laboratório em Sistemas de Informação e Métodos de Apoio a Decisão (Simad) divulgaram hoje os resultados do segundo relatório para simulação da ocupação do uso de infraestrutura hospitalar em Campo Grande para o tratamento da Covid-19.

O objetivo dessa simulação é fornecer suporte aos gestores com informações que possam auxiliar na estimativa de uso da infraestrutura física hospitalar necessária para salvar a maior quantidade de vidas em decorrência da doença, evitando colapsos no sistema de saúde.

“A situação em relação à infraestrutura física hospitalar ainda está abaixo da capacidade. E a previsão, por enquanto, é que irá se manter abaixo. Precisaria de uma situação bastante extrema para chegar no limite da capacidade, considerando os dados atuais, claro. Por isso, vamos monitorando”, afirma a professora Carolina Lino (Faeng), da equipe de pesquisadores também formada pelo professor João Batista Sarmento dos Santos Neto (Faeng), pela mestranda Naylil Lacerda e os graduandos Gabriel Ensinas e Renan Della Senta.

Nesse segundo relatórios, os pesquisadores realizaram algumas alterações quanto à metodologia de cálculo, em função da disponibilidade de dados e informações mais precisas, além do aperfeiçoamento do próprio modelo.

Dessa forma, o modelo atualizado segue seis etapas: levantamento da quantidade total de leitos clínicos e de UTI disponíveis para o combate à Covid – 19; levantamento do tempo entre chegadas (TEC) de pacientes encaminhados para leitos clínicos e de UTI, a partir dos dados referentes às internações já realizadas; levantamento do tempo de permanência dos pacientes internados nos diferentes tipos de leitos; identificação das expressões matemáticas que melhor descrevem os dados coletados; modelagem do fluxograma do processo de internação e por fim a simulação computacional e análise dos resultados.

Cenários

Para analisar os resultados, os pesquisadores trabalharam com três cenários. No primeiro, levaram em consideração a previsão do uso de recursos da infraestrutura hospitalar da cidade de Campo Grande para os próximos dez dias, tendo como base o dia 29 de maio último e a situação atual de chegada de pacientes no sistema.

Previsão do número de internados em leitos clínicos para os próximos 10 dias

“Estimamos que até o dia 8 de junho, Campo Grande necessitará, em média, de 127 leitos de internação para a Covid-19, sendo 89 leitos clínicos e 38 leitos de UTI. Tal resultado é válido para leitos contratados pelo município, desconsiderando a demanda por leitos privados em função da disponibilidade de dados. A previsão está baseada na taxa de chegada atual de pacientes que necessitam de internação na cidade”, explicam os pesquisadores.

No cenário dois, os pesquisadores fizeram uma simulação para os próximos 30 e 60 dias. Nesse caso, 341 pacientes necessitariam de internação em leitos clínicos e 128 em leitos de UTI até o dia 28 de junho. Já a previsão de internações até o dia 28 de julho seria de 748 pacientes em leitos clínicos e 285 pacientes em leitos de UTI.

Previsão do número de internados em leitos de UTI para os próximos 10 dias

“Ressaltamos que os dados de internações dos pacientes não são cumulativos, uma vez que os pacientes da mesma forma que entram no sistema, também saem no decorrer dos dias”, alertam.

Hipótese

A simulação de um cenário hipotético é que define o cenário três e prevê uma possível conjuntura em que o uso da infraestrutura hospitalar atinja seu nível máximo de capacidade em decorrência da demanda por internações causada pelo Coronavírus.

Para chegar aos números, os pesquisadores aumentaram a taxa de chegada de pacientes que necessitariam de internação, logo diminuíram o tempo entre chegadas dos pacientes nos hospitais, fixando-o em uma taxa constante para internações de UTI e em leitos clínicos.

“Assim, seria necessário que chegassem nos leitos clínicos 96 pacientes para internação e aproximadamente 27 pacientes em leitos de UTI, a uma taxa constante, todos os dias. Atualmente, essas taxas são de 14,86 e 6,29 pacientes por dia, com dados da última semana, chegando em leitos clínicos e de UTI, respectivamente. No cenário extremo, haveria fila de espera nos leitos clínicos após nove dias seguidos e fila nos leitos de UTI após 23 dias consecutivos. A utilização dos recursos após simulação de 60 dias no cenário extremo mostra que os leitos de enfermaria ficariam em uso na maior parte do tempo”, apontam.

Os relatórios da pesquisa serão repassados à Sesau e à SEE/MS e podem ser consultados no site do Simad (https://sites.google.com/view/simadufms/) e no Instagram @simadufms.

Esse modelo é baseado em simulações utilizando Teoria da Filas, por meio do software Arena®, fornecido pelos parceiros Paragon Decision Science e Rockwell Automation.

Texto: Paula Pimenta