Monitoramento genômico aponta a predominância da variante Ômicron no estado

Atualmente, dois projetos de análises são desenvolvidos no Laboratório com recursos federais e estaduais

Desde 2022, o Laboratório de Doenças Infecciosas e Parasitárias (LabDIP), da Faculdade de Medicina da Cidade Universitária, faz o monitoramento genômico das variantes do coronavírus, em Mato Grosso do Sul.

O coordenador do LabDIP, James Venturini, explica a importância deste trabalho, tendo em vista, que a mutação do vírus pode comprometer o diagnóstico preciso da doença. “As variantes do coronavírus têm algumas importâncias, a primeira delas é avaliar a transmissibilidade, o segundo aspecto é o mecanismo de escape de vacina, se o indivíduo tem um repertório de vacina e de repente exista uma variante resistente, ela não sofre reação dos anticorpos produzidos pela vacina que pode se tornar um problema”.

O terceiro ponto, de acordo com o pesquisador é a gravidade, uma vez que é importante saber se uma determinada linhagem provoca o agravamento da doença. O quarto e último aspecto destacado é o diagnóstico.  “Se o vírus muda muito, os testes de diagnósticos começam a dar problemas, como por exemplo, apresentar falsos negativos, dessa forma há um comprometimento da identificação do agente etiológico que provoca a doença”.

De acordo com o levantamento da pesquisa realizada no LabDIP, entre março e novembro de 2022, 36 linhagens da variante Ômicron foram encontradas em Mato Grosso do Sul. Estes dados servem como base para ações governamentais e pesquisas relacionadas À eficácia das vacinas.

Outro ponto analisado é que a variante Ômicron, predominante no estado, tem uma taxa de transmissão muito alta. A análise é feita por seleção de amostras que atendam a critérios onde seja possível fazer o sequenciamento, como por exemplo, uma carga viral baste elevada.

Ainda de acordo com pesquisador, em 2022 houve poucas testagens principalmente do SWAB ou PCR  se comparado a anos anteriores. “Com a vacinação nós observamos que os casos têm se apresentado mais leves, com isso as pessoas deixam de fazer as testagens que são importantes para saber qual variante está circulando”.

Em um comparativo, a média de exames realizados em 2021 por mês foi de 387, já em 2022, houve uma queda na procura com a média de 262 exames mensais registrados pelo laboratório. Ainda de acordo com as pesquisas, 80% das testagens são oriundas de Campo Grande.

Universidade dispõe de equipamento moderno para dar celeridade ao mapeamento

Por meio do sequenciamento genético das amostras é possível entender a história de um vírus, detectar suas variantes, discutir programas de ação e atualizar vacinas.

Para dar celeridade às pesquisas e diagnósticos, foram investidos cerca de R$ 700 mil reais em aparelhos de alta tecnologia. “Na UFMS nós temos dois equipamentos diferentes, um mais clássico mais robusto e uma novidade do mercado que é um equipamento mais portátil que são usados para fazer o trabalho”.

Atualmente, dois projetos de análises são desenvolvidos na Universidade, com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e da Secretária de Estado de Saúde. “Vigilância e Monitoramento genético Imunológico e de Infecções Fungicas Invasivas associadas à Covid 19 em Mato Grosso do Sul” e “Laboratórios de Campanha fase 2: diagnósticos e vigilância de novas variantes de SARS-CoV-2. ”


texto: Bruno Nascimento

fotos: arquivo LabDIP