Fórum da Pós-Graduação aborda indicadores de desempenho e inteligência artificial na pesquisa

Com o objetivo de promover a troca de experiências e o compartilhamento de informações atualizadas e estratégicas, o Fórum de Coordenadores da Pós-Graduação reuniu coordenadores dos cursos de mestrado e doutorado da UFMS na Sala de Atos da Reitoria, entre os dias 19 e 21.

Presente na abertura da programação, a reitora Camila Ítavo pontuou que o evento integra o processo de consolidação das contribuições recebidas pelo programa UFMS em Ação, em relação ao tema Formação Inclusiva e Humanizada para uma sociedade em transformação. A revisão das políticas internas e o planejamento de ações estruturantes para a pós-graduação buscam qualificar os cursos de pós-graduação em consonância com os critérios da Capes e com os desafios do desenvolvimento regional. Entre as sugestões enviadas pela comunidade universitária estavam a flexibilização curricular, a oferta de turmas em horários alternativos e o apoio acadêmico, etc. “A gente precisa caminhar para a inovação, a inovação tecnológica, a inovação de tecnologias sociais. […] Que a gente leve soluções para a sociedade e isso em todas as áreas de conhecimento. Eu não vejo uma área que a gente não possa fazer isso, se assim a gente desejar, […] mas sem medo de corrigir. Se não ficou bom, a gente volta, a gente muda, aprimora, mas é preciso fazer diferente”, ressaltou a reitora.

Para auxiliar nos debates, foram realizados painéis com a participação de servidores da pró-reitorias de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp) e de Assuntos Estudantis; das diretorias de Internacionalização, de Inovação, de Avaliação Institucional e de Governança Institucional; da Ouvidoria e da Corregedoria. As atividades também incluíram a palestra Plano Nacional de Pós-Graduação 2024-2028 e os Novos Rumos da Avaliação da Pós-Graduação Brasileira, ministrada pelo diretor de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Antônio Carlos, com transmissão ao vivo pelo canal da TV UFMS.

O pró-reitor da Propp, Fabrício Frazílio, aproveitou a oportunidade para agradecer a presença do palestrante, também professor da Universidade Federal do Ceará. “[Quero] agradecer muito. A Capes está em um período de avaliação dos programas agora, então é difícil para o professor sair, [durante] a avaliação de quase 5 mil programas no Brasil. É um momento difícil, mas o professor pode estar aqui com a gente”, celebrou.

Para o diretor da Capes, a conversa com os programas de pós-graduação de diferentes instituições deve levar em conta o contexto social, bem como o tamanho e a diversidade do Brasil. “Qualquer política que desconsidere esses dois fatores está fadada a reforçar as diferenças que a gente já tem, ou está fadada ao fracasso, ou ainda atender um grupo muito pequeno de interessados naquela política. De alguma forma, o Estado brasileiro foi capaz de construir um sistema que, em 50, 60 anos, saiu de uma oferta de pós-graduação em 20 municípios, praticamente só tinha São Paulo, para um sistema que hoje tem quase 5 mil programas em 350 municípios da federação. […] A gente precisa continuar expandindo e a gente precisa levar a pós-graduação para todos os estados da federação e pós-graduação de qualidade. Todo brasileiro e toda brasileira tem o direito, garantido pela Constituição, de ter acesso a uma boa educação”, detalhou.

Em sua palestra, Antônio Carlos também demonstrou o potencial de crescimento do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia e do Sistema Nacional de Pós-Graduação, com foco especial na produção de conhecimento em diversas áreas e na formação de mestres e doutores. “De todas essas universidades,  de todo esse contingente de 1,2 milhão de mestres e doutores que nós formamos, 70% dos mestres e dos doutores atuam na educação e na administração pública. Esse número é bom e a gente tem que manter, porque mestres e doutores atuando na educação, em princípio, pelo menos, […]  é um ingrediente fundamental para ter uma boa educação. […] Na política pública também, porque quanto mais qualificados são os setores relacionados à administração pública, mais provável que você tenha políticas públicas mais bem desenhadas. É mais provável que você tenha políticas públicas bem executadas e é mais bem provável que você tenha políticas públicas bem avaliadas. Portanto, todo mundo ganha”, assegurou.

Também transmitida ao vivo pelo canal da TV UFMS, a palestra Inteligência Artificial na Pesquisa Científica – Oportunidades, Limites e Ética teve a participação do professor da Universidade Federal de Goiás, Ricardo Limongi. “Todos nós aqui, provavelmente, temos o grande desafio de tentar entender hoje como que, de fato, eu posso formar pesquisadores e não usuários de inteligência artificial. Então, de alguma forma, grande parte das provocações que eu vou trazer para vocês talvez sejam muito mais hoje inquietações que eu tenho também hoje como pesquisador, como professor, como aluno”, iniciou a apresentação.

“Para mim, o mais importante hoje, necessariamente, não é o artigo publicado, não é a tese escrita ou a dissertação escrita, é o processo de aprendizado. E, de alguma forma, a inteligência artificial está tirando o aprendizado de processo. Está, na verdade, nos entregando o produto e, necessariamente, o produto acaba sendo, entre aspas, obviamente, mais uma linha de currículo. […] Só que, provavelmente, se vocês lembrarem do currículo de vocês, cada linha que tem no Lattes é uma história. Cada linha do que vocês têm ali, obviamente, provavelmente, vocês vão lembrar de cenários, de dificuldades que vocês tiveram, de caminhos, de decisões que vocês tiveram para a condução da pesquisa, de maneira geral”, provocou os participantes.

Limongi incitou também o desafio de produzir ciência e tecnologia levando em consideração os anseios da sociedade e as diferentes formas de acesso às ferramentas digitais, como é o caso da Inteligência Artificial. “Conseguir hoje dialogar com diferentes públicos tem feito, pelo menos para mim, um ponto extremamente importante de enxergar que, além da pesquisa que eu faço, como é que ela vai chegar, por exemplo, na sociedade. Todos nós, novamente, que estamos aqui envolvidos na pós-graduação, temos o desafio hoje que é direcionar os programas de pós-graduação de alguma forma, até mesmo direcionar a nossa pesquisa, para colocar a interação com a sociedade, para conseguir colocar muito mais as pesquisas em relação ao que, de fato, está acontecendo”, enfatizou.

Além da programação aberta ao público, foram abordados temas como a gestão e o desenvolvimento dos programas; a avaliação quadrienal da Capes; bolsas e financiamento; regulação e normativas institucionais; ações afirmativas e inclusão; internacionalização e inovação científica; e autoavaliação e indicadores de desempenho.

Texto: Thalia Zortéa

Fotos: Alíria Aristides e Reprodução/TV UFMS