Evento internacional leva ciência a bares de Campo Grande

Professores, técnicos e acadêmicos da UFMS realizam a terceira edição do Pint of Science

Entre 22 e 24 de maio, Campo Grande recebe a terceira edição do Pint of Science – maior festival internacional de divulgação científica para a sociedade.

“O que produzimos na Universidade, na grande maioria das vezes, é publicado na forma de artigos científicos. Então, a maioria da população não tem acesso ao que se faz, ao que se produz em ciência, e levar isso para os bares é super interessante, pois você acaba oferecendo essa informação a população e, em contrapartida, mais pessoas passam a conhecer e valorizar a ciência”, conta a coordenadora do projeto na UFMS e professora do Instituto de Biociências (Inbio) Ana Paula Costa Marques.

Foram escolhidos dois bares da capital para receber a programação – Capivas e Koch (confira as atividades desenvolvidas em cada um dos locais aqui). As atividades são realizadas sempre das 19h às 21h.

“É um evento descontraído, sem a cara de uma palestra. É mais um bate papo com os pesquisadores. Estamos colocando duas pessoas para falar por dia, então cada um vai falar por, no máximo, meia hora. Queremos deixar o público bem à vontade para interagir”, fala a professora do Inbio.

Nesta segunda-feira, 22, o professor do Instituto de Física Cícero Cena e da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Tiago Duque participam do evento. Cícero vai tratar do tema Uma luz no diagnóstico de doenças. “A Física tem utilizado a interação da luz com a matéria e associando esses dados com a Inteligência Artificial para fazer diagnóstico de doenças em plantas, animais e humanos. No Sisfóton vimos trabalhando em pesquisas nesta área, contando com a parceria de outras unidades da UFMS, como a Faculdade de Medicina e Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, para desenvolver novos métodos de diagnóstico. Vamos abordar isso em nossa apresentação, então convido quem estiver interessado a estar com a gente lá, hoje à noite”.

Duque apresenta o estudo O encontro do Zé-gotinha com a rena natalina: governamentalidade, poder e diferenças pós-Covid-19. “Na minha reflexão vou promover o encontro entre o Zé-Gotinha, que é uma marca do governo brasileiro, com as nossas renas da rua 14 de julho, que desfilam na parada natalina. Com isso pretendo analisar governamentalidade e produção das diferenças pós pandemia. Espero todos lá”, convida o pesquisador.

“O Pint of Science é importante pois traz a ciência em espaços democráticos, como bares, promove conhecimento para a comunidade que não tem um contato frequente com a pesquisa e diminui essa a distância entre o cientista e a sociedade. Como estudante de pós-graduação tenho a oportunidade de mostrar ao público geral um pouco das pesquisas feitas no nosso curso de Doenças Infecciosas e Parasitárias no intuito de aumentar o interesse das pessoas pela pesquisa e, consequentemente, pela Universidade”, explica a estudante Maricelma Fialho. Ela participa no dia 24, falando sobre o tema Jornada acadêmica como mulher indígena.

Há mais de 30 pessoas entre professores, técnicos, acadêmicos da graduação e pós-graduação envolvidos na organização, especialmente do Programa de Pós-Graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias (PPGDIP). “Nos dividimos pelos dias e pelos bares para receber as pessoas e explicar o que é o evento, já que muitos ainda o desconhecem”, explica Ana Paula. Os pós-doutorandos do PPGDIP Wellington Fava e Bárbara Amorim atuam mais diretamente na organização.

Wellington participou de edições anteriores do festival, mas apenas como ouvinte. “A coordenação está bem organizada e fluída. A nacional e a do Centro-Oeste deixam cada cidade bem livre no desenvolvimento do festival, ficando atentas apenas para deixar tudo nos moldes do Pint of Science Internacional”, conta. “Tanto a escolha dos bares como a programação foram pensadas levando em consideração a indicação das pessoas da equipe e de quem já participou em Campo Grande e em outras cidades. Os bares foram escolhidos levando-se em conta a localização, público-alvo e interesse em sediar em evento de divulgação científica. Tanto o Capivas quanto o Koch se mostraram entusiastas do evento desde o princípio, dando total apoio em todo momento”, ressalta.

“As palestras foram escolhidas pensando em abordar uma variedade de temas que nem sempre são abordados em eventos como esse e que pudessem abranger uma ampla camada da sociedade, despertar o interesse e divulgar os tipos de pesquisas que estão sendo desenvolvidas nas instituições em nosso Estado. Esperamos casa cheia em todos os dias de evento, principalmente por ser a primeira edição pós pandemia”, completa Wellington.

Saiba mais

O Pint of Science é um evento global, que surgiu em 2012 na Inglaterra, com o objetivo de levar a ciência para perto do público, tornando-a acessível e envolvente. Desde 2015, o evento acontece no Brasil, e esse ano contará com a participação simultâneas de mais de 600 pesquisadores de 123 cidades. “A proposta é simples: cientistas e pesquisadores renomados compartilham seus conhecimentos e descobertas em linguagem acessível, tudo isso regado a uma boa bebida e boa comida. Afinal, nada melhor do que um ambiente descontraído para estimular a curiosidade e despertar o interesse da população em assuntos científicos”, ressalta Bárbara.

Durante as três noites, os participantes do Pint of Science em Campo Grande poderão escolher entre uma variedade de temas. Com palestras gratuitas ministradas por especialistas de renome nacional e internacional, o evento oferece uma oportunidade única para a população interagir diretamente com a ciência, tirar dúvidas e conhecer os avanços mais recentes em diversas áreas do conhecimento, além de conhecerem de perto a trajetória dos cientistas e compreenderem o impacto da ciência em suas vidas cotidianas.

Acesse o portal oficial do evento e confira mais informações: pintofscience.com.br

 

Texto: Vanessa Amin, com informações do PPGDIP e Pint of Science

Fotos: Altair Neto/Maria Eduarda Nonato/Daniel Camilo