Evento fortalece campanha contra a raiva no Estado com debates sobre saúde pública e animal

Realizado pela UFMS com o apoio do Governo do Estado, do Governo Federal e de instituições e entidades de saúde pública, o 3º Encontro sobre Raiva em Mato Grosso do Sul (E-Raiva MS) teve início na tarde desta segunda-feira, 15, no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo, em Campo Grande, com uma série de pré-eventos: o Seminário Nacional dos Programas de Controle da Raiva dos Herbívoros e a Mostra dos Programas de Controle da Raiva dos Herbívoros do Brasil, além do Encontro das secretarias municipais de saúde de Mato Grosso do Sul: atualização em vigilância e assistência à raiva, agendado para esta quarta-feira, 17. A programação principal seguirá no decorrer desta semana.

A terceira edição do evento celebra o fato de que Mato Grosso do Sul está há 10 anos sem registrar nenhum caso de raiva em seres humanos, destacando o cumprimento das legislações vigentes pela sociedade civil, enfatizando o respeito às normativas de órgãos públicos e reforçando a necessidade de fiscalização contínua por diversos agentes. Temas como vigilância da raiva humana e animal, levantamentos mais recentes e experiências de pesquisa estiveram entre os assuntos abordados pelos palestrantes.

O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Fabrício Frazílio, ressaltou a importância do encontro para o Estado e também para produtores e pesquisadores do agronegócio brasileiro. “É um evento muito importante para Mato Grosso do Sul, para a UFMS e para todo o Brasil. A gente começou pequeno e, hoje, o evento já tem essa magnitude. Nós agradecemos todos os nossos parceiros, e a gente fica feliz em ver que o nosso grupo [de pós-graduandos e egressos da Universidade] está participando e contribuindo ainda mais para esse avanço [na campanha contra a raiva]”, disse.

De acordo com a professora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia e coordenadora do E-Raiva MS, Juliana Galhardo, essa é a primeira vez que todos os programas de controle da raiva do Brasil estão reunidos para discussões conjuntas em torno da temática. “É muito legal ter uma semana inteira para falar sobre um único assunto tão importante, reunindo quase 700 pessoas. Academicamente falando, é um orgulho muito grande, porque a nossa Universidade aceitou [participar] desde o primeiro momento, fazendo a ponte entre ensino, pesquisa e extensão em um encontro absolutamente técnico”, pontuou.

A conferência de abertura Raiva: histórico e desafios foi ministrada pelo chefe da Divisão de Doenças Nervosas dos Herbívoros do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Anderson dos Santos. Ele esclareceu que a raiva é uma doença milenar que, além de ser extremamente fatal, traz um prejuízo financeiro muito grande à toda a cadeia produtiva do agronegócio.

“Não se engane, a raiva mata, mas ela pode sim ser prevenida. Quando a gente tem um espaço como esse aqui para poder discutir os avanços de vigilância, do trabalho que é feito hoje, de poder trazer pessoas para a parte científica, também por meio da Universidade, é super importante, sem falar que é raridade. Então, a gente tem que aproveitar cada segundo desse evento, afinal, a raiva não é tratada nem trabalhada por uma só entidade, mas todo mundo tem que estar envolvido no combate”, salientou.

Segundo o diretor-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Daniel Ingold, diálogos sobre a doença fortalecem parcerias, minimizam riscos e fazem baixar números e estatísticas. “[A raiva] é um negócio que, a nível nacional, já é preocupante e que nos interessa [combatê-la] fortemente, e essa troca de experiências entre todos que trabalham efetivamente nessa área vem muito a contribuir. É dever de todos estarem ligados nisso, principalmente o produtor lá na ponta, de ter a confiança de chamar a agência e seus parceiros, a fim de reduzir a letalidade”, afirmou.

O E-Raiva MS ocorre até esta sexta-feira, 19, e é uma realização gratuita da Universidade com apoio do Mapa e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação; da Secretaria de Estado de Saúde; e da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul. Ainda, o evento tem apoio da Iagro, da Escola de Saúde Pública Dr. Jorge David Nasser, da Fundação Oswaldo Cruz e da Embrapa Pantanal. Confira a programação completa aqui.

A doença em humanos

Considerada uma doença viral grave, a raiva é transmitida principalmente pela mordida, pelo arranhão ou pela lambedura de animais infectados, em especial cães e morcegos. Os primeiros sintomas incluem febre, mal-estar, dor de cabeça e formigamento no local da exposição, evoluindo rapidamente para alterações neurológicas, como agitação, confusão, dificuldade para engolir e convulsões. Ainda não há cura para a raiva tanto em humanos quanto em animais, e a aplicação de vacina antirrábica continua a ser a forma mais eficaz de impedir o agravamento da doença.

Para casos envolvendo humanos, mesmo que a ferida não esteja aparente, a recomendação é de procura imediata de atendimento médico. Já para animais, entre em contato urgente com o serviço veterinário oficial de sua cidade ou com o órgão responsável pela saúde animal em sua região. Em Mato Grosso do Sul, a Iagro é quem faz essa fiscalização.

Texto e fotos: Raul Delvizio