O debate sobre a efetividade de políticas públicas relacionadas à educação do campo foi o tema do Seminário Centro-Oeste dos Indicadores Nacionais de Qualidade e Equidade da Educação Infantil do Campo, das Águas e das Florestas, realizado nesta segunda-feira e terça-feira, 22 e 23, na Cidade Universitária. O encontro, promovido pelo Ministério da Educação (MEC), percorreu todas as regiões do Brasil e integra as ações do Compromisso Nacional pela Qualidade e Equidade para a Educação Infantil. A abertura da programação foi transmitida ao vivo pelo canal do MEC.
A reitora Camila Ítavo desejou as boas-vindas aos professores, técnicos-administrativos, gestores, profissionais da área e pessoas da sociedade civil e agradeceu ao ministro Camilo Santana pelo movimento em prol da educação. “Neste momento, a Universidade Federal está fazendo um trabalho de revisão de todos os seus projetos pedagógicos. São as universidades, em especial as públicas, em especial as federais, que formam professores e professoras dedicadas à formação no campo, na água e na floresta. A gente também está fazendo esse movimento de colocar o estudante, a estudante, como sujeito importante que deve participar. Temos que olhar, enquanto gestores, a formação e não esquecer da experiência e onde esse estudante vive, como ele vive, quais são as suas expectativas, as mudanças que existem no dia a dia e que também existem no campo, nas águas e na floresta”, apontou.
A diretora da Faculdade de Educação, Milene Bartolomei, destacou as atividades do curso de Licenciatura em Educação do Campo e as ações que inserem a UFMS como referência em educação infantil, como é o caso do projeto Leitura e Escrita na Educação Infantil, que fornece formação continuada para profissionais da área, com foco em oralidade, leitura e escrita. “Agora vem então esse momento da gente discutir esses indicadores. Que bom que todos vocês, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, estão aqui nesses dois dias. Pessoas diferentes, pessoas que pensam diferente. Esse é um momento da sociedade brasileira discutir esses indicadores e trazer ideias novas, ideias diferentes, importantes, que valorizem a infância, que valorizem a criança do campo, das águas e das florestas”, indicou.
Para o superintendente de Modalidades e Programas Educacionais da Secretaria de Estado de Educação, Davi Santos, a política de educação infantil deve ser intersetorial e interfederativa. “Não é só uma responsabilidade do município cuidar dos filhos deste solo, na terra e na água, que requer tanto atendimento, tanto olhar, ainda mais quando esses filhos estão em um contexto de extrema vulnerabilidade, extremos desafios e extrema dificuldade. […] Eu fico muito feliz e agradeço à nossa reitora Camila, de abrir esse espaço dentro da Universidade Federal para conduzir esse trabalho, conduzir essas discussões”, ressaltou.
“Se nós queremos qualidade de educação infantil, a qualidade começa em olhar para essa criança como ser crítico pensante da sociedade. E olhando essa identidade, nós precisamos avançar diariamente, entendendo, de fato, o que nós precisamos avançar, o que já lançamos sem perder a perspectiva de onde nós queremos chegar. Isso depende muito de darmos as mãos”, reforçou o secretário municipal de Educação de Campo Grande, Lucas Bittencourt.
A diretora de Políticas de Educação do Campo e
Educação Ambiental da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão do MEC, Socorro Silva, participou da programação de forma remota. “A infância das populações do campo, das águas e das florestas precisa ter uma educação contextualizada à sua realidade. Esse encontro é um passo fundamental para construção de uma perspectiva de política de educação infantil que pensa equidade, que pensa a diversidade dos sujeitos a que ela se destina”, complementou.
A coordenadora-geral de Educação Infantil do MEC, Rita Coelho, afirmou que o objetivo da pasta com a construção dos indicadores é promover equidade educacional. “É uma questão de aprimoramento da nossa democracia, pois o direito das crianças a uma educação infantil ainda não atinge a todas, principalmente entre a população do campo. Os indicadores vão traduzir o direito à educação em circunstâncias e dimensões que revelam se a educação do campo, das águas e das florestas está presente naquela escola, naquela secretaria, naquele grupo de trabalho”, explicou.
A professora Celi Correa representou o Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais e Distrital de Educação. “Quero reafirmar o nosso compromisso, por parte do conselho, em normatizar os parâmetros nacionais e os indicadores para a educação infantil, privilegiando esse grupo das crianças das comunidades das águas, do campo e das florestas. É fundamental esse olhar e eu quero aqui reforçar o nosso compromisso de olhar para essa singularidade dessas comunidades”, disse.
Para a representante da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação, Alelis Gomes, a intenção é levar a discussão promovida no evento para os municípios de Mato Grosso do Sul. “Nós precisamos da participação muito grande dos gestores, dos secretários municipais […] para que também eles arregassem as mangas e façam cumprir a legislação, porque elas precisam chegar para todos, para o campo, para os ribeirinhos, para as comunidades quilombolas, indígenas, para todos
igualmente, porque é um direito desses pequenos cidadãos”, enfatizou.
“Que esses dois dias que nós teremos aqui para essa discussão, seja realmente pensando naquelas crianças e nas possibilidades que nós podemos, através das políticas públicas, traduzir isso em concretude, para que elas estejam efetivamente nas unidades escolares”, acrescentou a professora Ângela Maria de Brito, representando a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação.
Ana Maria dos Reis representou os movimentos sociais no campo. “A educação do campo não é apenas um direito, mas ela é também um instrumento de luta e de resistência. Por isso que essa luta e essa resistência, que começou lá em 1997 com o primeiro Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agrária (Enera), ela vem no decorrer de todo esse tempo dependendo da luta dos movimentos sociais, em parceria com os movimentos urbanos, com as universidades para que a gente consiga realmente efetivar aquilo q
ue foi discutido e documentado”, destacou.
Representando o Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil, Ana Paula Melim frisou que trata-se de um momento histórico, urgente e necessário. “É um compromisso que assumimos aqui, foram em todas as regiões debates, discussões, diálogos. Hoje estamos aqui no Centro-Oeste finalizando esse ciclo, mas não basta finalizar, é importantíssimo reconhecer o nosso lugar de avançar e atuar efetivamente para que essas políticas aconteçam e atendam com qualidade e efetividade a nossa educação infantil”, concluiu.
Texto: Thalia Zortéa e Alíria Aristides, com informações do Ministério da Educação
Fotos: Alíria Aristides








