A Sinapse Cia de Dança Contemporânea da UFMS realiza o espetáculo Trilha Rupestre: memórias que dançam no tempo. A apresentação será no dia 12 de dezembro, às 19h30, no Teatro Glauce Rocha. A entrada é gratuita, aberta ao público e os ingressos podem ser reservados aqui.
De acordo com a pró-reitora de Extensão, Cultura e Esporte (Proece), Lia Brambilla, a produção artística estabelece um diálogo direto com o programa de extensão Trilha Rupestre, que integra arqueologia, paleontologia, educação patrimonial e sustentabilidade. Ela destaca que a montagem leva para o palco referências das paisagens, rochas, inscrições rupestres e das histórias do Cerrado-Pantanal. “[A apresentação] transforma o conteúdo do programa em experiência sensível. Não é apenas um espetáculo sobre meio ambiente, mas uma forma de o público sentir no corpo a importância do cuidado com o patrimônio natural e cultural. Assim, a UFMS aproxima arte, ciência e extensão. A Trilha Rupestre sai dos sítios arqueológicos, dos laboratórios e das salas de aula e ganha o palco”, afirma.
Para Lia, ver um espetáculo temático ligado à Trilha Rupestre, com turmas cheias e grande engajamento, confirma que arte e extensão caminham juntas. “A Sinapse passa a ser também uma parceira na difusão da Trilha Rupestre, ajudando a popularizar a ciência, o patrimônio e a sustentabilidade de um jeito acessível e emocionante. Isso entra diretamente no nosso planejamento cultural para 2026 e para os próximos anos, já pensamos a programação prevendo esse diálogo entre os programas de extensão e as linguagens artísticas que mobilizam nossa comunidade acadêmica e a sociedade”, completa.
A coreógrafa e coordenadora da companhia, Mariana Cavalcante, explica que o processo criativo foi diretamente influenciado pelo universo arqueológico e paleontológico. “A pesquisa sobre arqueologia, paleontologia e arte rupestre tornou-se movimento a partir da ideia de como esses vestígios do passado revelam gestos como formas de viver, caçar, conviver. Traduzimos isso para o corpo por meio de deslocamentos baixos, movimentos circulares e de repetição, e texturas corporais que sugerem marcas, escavações e descobertas. Assim, os conceitos científicos e históricos se transformaram em paisagens corporais”, esclarece.
Mariana comenta que a memória, central nas inscrições rupestres, também atravessou todo o desenvolvimento do trabalho. “Na dança contemporânea, ela não aparece apenas como lembrança, mas como rastro, um movimento que volta, se rearranja e se reinventa. Trabalhamos com frases corporais que surgem, desaparecem e retornam transformadas, como o próprio ciclo da memória humana e o desgaste natural das inscrições”, complementa.
A apresentação desse universo ao elenco também foi determinante na construção da cena. “A reação imediata foi de curiosidade. Muitos nunca tinham relacionado arqueologia ou arte rupestre à dança. Ao descobrirem que aquelas figuras antigas eram registros de movimento, isso abriu novas possibilidades criativas. Com o tempo, o grupo entendeu que estava dançando não só movimentos, mas histórias que atravessam milênios”, relata.
Para a coreógrafa, essa abordagem dialoga diretamente com educação, extensão, ciência e arte. “A dança envolve técnica, mas também sentimentos, cuidado, desenvolvimento criativo e consciência. É um trabalho profundo. A arte é bela, mas também crítica. Falamos muito de sustentabilidade, meio ambiente e política”, finaliza.
Mais informações sobre o espetáculo podem ser conferidas no perfil no Instagram da companhia de dança.
Texto: Heloísa Garcia e Douglas Rebelato, estagiário da Agência de Comunicação Social e Científica
