No aniversário de Campo Grande, professores do Inbio lançam exposição com fotografias e informações sobre flores encontradas na Capital
Um campo grande e… florido: a beleza das flores do Cerrado da Cidade Morena é o título da exposição virtual que será lançada nesta quinta-feira, 26, às 20h (horário de Brasília) pelo Museu do Cerrado, vinculado à Universidade de Brasília (UnB). A exposição foi montada pelos professores do Instituto de Biociências da UFMS Paulo Robson, Arnildo Pott e Vali Joana Pott.

“Em fevereiro, a professora da UnB e diretora do Museu Rosângela Corrêa me procurou com uma proposta para divulgar material produzido pelo nosso grupo sobre o Cerrado e acabei repassando muitos materiais. A partir de um convite para uma exposição virtual, decidimos fazer a exposição sobre o tema do Cerrado. Foi então que lembrei-me do aniversário de Campo Grande e pensei ‘por que não oferecer flores para a Capital no seu dia?’ Assim fiz a proposta de uma exposição educativa, convidando os professores Arnildo e Vali para fazerem as legendas”, explica o professor Paulo.
A exposição foi montada a partir das fotografias registradas pelo professor Paulo e as legendas com a identificação do material botânico e flora foi foram produzidas pelos professores Arnildo e Vali. “O processo de escolha foi complicado, pois o acervo é muito grande. Assim, optamos em mostrar plantas que são pouco conhecidas pela população a fim de destacar a riqueza botânica da Capital. Os professores Arnildo e Vali me ajudaram na escolha das plantas desde que fossem bonitas, difíceis de serem encontradas, flores de brejo, onde não há quase acesso de pessoas”, explica Paulo. Ele comenta que Campo Grande nasceu de uma vereda e é cercada por outras, ou seja, na confluência entre os córregos Segredo e Prosa, no passado, ali havia uma vereda, um buritizal muito bonito. Inclusive temos fotos do buriti”, fala Robson.
“A beleza das flores do Cerrado revelada pelas fotos do colega Paulo Robson mostram apenas algumas das muitas espécies que a muitos até passam despercebidas. Ele é um naturalista que vê além do superficial e capta detalhes inusitados para mostrar a riqueza praticamente ignorada que nos cerca. É louvável que exista o Museu do Cerrado e somos gratos por este espaço para divulgar uma pequena amostra da natureza pouco conhecida da Cidade Morena. A identificação das plantas, isto é, encontrar o nome científico correto, que é internacional, composto de gênero e espécie, depende de experiência com a flora da região. Há 20 anos estudamos essas plantas no Herbário CGMS da UFMS, a maior coleção do Estado. Vali se encarrega das plantas aquáticas que ocorrem nas veredas (que são as nascentes do Cerrado), já com mais de mil espécies coletadas, e eu pesquiso as outras plantas. As legendas foram pensadas pelo trio, curtas e com informações sobre a importância das plantas para polinizadores e aves”, relata o professor Arnildo.

A live de lançamento contará com a presença dos três professores da UFMS e da diretora do Museu e será transmitida no canal do Museu no Youtube. “É preciso destacar que a professora Vali Pott é uma das maiores especialistas em plantas de veredas do mundo e vai destacar a importância da vereda para manter a água utilizada no município. Tanto que a Apa Guariroba é uma vereda e lá estão os reservatórios de água que abastecem a Capital. Professor Arnildo vai falar sobre as plantas arbóreas e de ambientes secos e eu vou falar sobre o processo de registro das fotografias, sobre como foram tiradas. Algumas delas são do tempo ainda do slide e portanto são históricas, já que algumas plantas nunca mais vi. A maioria das plantas foi fotografada no Cerradinho da Cidade Universitária, um ambiente com flora super rica”, enfatiza Robson.
“Com certeza a exposição contribui para a divulgação científica e as pesquisas desenvolvidas pela UFMS. Temos, enquanto pesquisadores, que lançar mão de todas as plataformas possíveis para divulgar a nossa biodiversidade. Há plantas que foram fotografadas fora da área do Cerradinho, como o jenipapo, cuja planta masculina é a que dá somente flores. Preocupamo-nos com isso inclusive na produção das legendas, dando este destaque entre a diferença entre as plantas masculinas e femininas e procurando alcançar o público geral, não apenas a comunidade científica”, conta Paulo.

Para o professor, a exposição é uma oportunidade para todos conhecerem um pouco mais sobre o Cerrado por meio das flores. “A exposição é um presente para o passado, presente e futuro de nossa cidade que é tão bela e nasceu incrustrada no Cerrado. Temos que dar valor ao nosso Cerrado”, fala o professor Paulo.
O Museu do Cerrado é uma iniciativa da Área Educação Ambiental e Ecologia Humana na Faculdade de Educação da UnB e foi criado no dia 18 de junho de 2017. Em 2018 o Museu do Cerrado se tornou um projeto de extensão multidisciplinar onde podem participar estudantes de todos os cursos da UnB através de pesquisas que colaboram para ampliar o acervo do museu. Saiba mais sobre o Museu no site museucerrado.com.br. A exposição pode ser conferida clicando aqui.
Texto: Vanessa Amin
Fotos: Paulo Robson de Souza
